Sinopse: O que você faria ao descobrir que tornou-se vítima de uma conspiração que atenta contra a sua própria vida dentro de um jogo on-line onde você é um dos melhores jogadores? Esse é o grande desafio / dilema que Ryõta Sakamoto - um jovem de 22 anos precisa enfrentar para sobreviver.
O que sempre acho mais interessante dentro dessa temática que aborda um mundo paralelo (ainda que seja algo mais puxado para uma abordagem mais adolescente e meio pitoresca do que realmente deveria ser uma situação de perdido) como sendo a ameaça principal que afeta diretamente o destino dos personagens no mundo real é o fato das narrativas serem sempre ousadas e com Btooom o resultado não foi diferente.
O anime foi inspirado na criação do mangá escrito por Jun'ya Inoue e produzido pela Madhouse apresenta ao público aspectos muito interessantes que mesclam com eficiência o poder da abrangência inesgotável presente na realidade virtual (onde pode-se dizer que a o céu é o limite para os roteiristas mais criativos) com a dramaticidade quase que inerente no que tange a realidade do mundo físico (que pode ser tão complexo quanto o mundo "invisível" que compõe os jogos de vídeo game).
Na trama do anime, o telespectador acompanha a história de Ryõta Sakamoto, que com 22 anos encontra-se desempregado, morando com a mãe e sem uma perspectiva de vida definida a não ser uma fixação por um jogo on-line chamado Btooom. Dentro dessa realidade virtual, ele é um dos melhores jogadores do mundo e uso isso como combustível para enxergar uma luz na própria vida... Mas tudo isso fica ameaçado quando, de forma inesperada (sem ter a menor explicação para o ocorrido), ele acorda em uma ilha tropical e acaba sendo atacado com uma bomba por um estranho que ele tentou ajudar.
A partir desse ataque, Sakamoto se dá conta que o que acontece com ele dentro do jogo irá refletir diretamente no que acontece na sua vida fora do game. Então, além de lutar pela sua sobrevivência ele ainda precisa desvendar o mistério acerca de quem está conspirando contra ele ao ponto de tentar matá-lo e a razão por trás dessa motivação (que até então não faz nenhum sentido na visão dele... afinal, ele não tem inimigos diretos).
O roteiro é bem inteligente porque consegue, além de apresentar personagens bem dinâmicos e relativamente cômicos (algo que por si só já estabelece um ritmo muito bom para o desenvolvimento dos episódios... que somam 12 partes no total), fazer com que ambos os mundos estejam sempre conectados de uma forma pertinente onde o perigo é real e imediato em ambas as situações. Há um sendo de urgência na resolução dos fatos que - em certos momentos - consegue causar uma inquietação no público (que fica cada vez mais ansioso para descobrir o segredo que a trama esconde por trás da cortina).
Esteticamente, o anime tem um padrão de arte bem bonito e com traçados bem delineados. As cores também colaboram com um mix de tonalidades que é utilizado de uma forma a deixar o desenho com um aspecto muito vivo e chamativo (mas sem exagerar na dose ao ponto de causar algum tipo de poluição visual).
Gostei também da trilha sonora que alterna entre harmonias mais irreverentes (com muito toque ritmado) e uma vibe mais séria (respeitando o momento em que as notas musicais são utilizadas, com isso, tornando momentos que já são bons... em momentos ainda melhores). E por fim - mas não menos importante - a edição das cenas agiliza o anime de forma geral (e isso ajuda a melhorar o único ponto fraco do todo, que é o estado morno apresentado em alguns poucos episódios).
Btooom é um anime muito bem produzido e que apresenta uma perspectiva sobre o crescimento humano (de uma maneira individualizada considerando a história e desafios particulares de cada personagem) que está nas entrelinhas de um roteiro cheio de referências ao mundo moderno através do uso cada vez sem mais precedentes que envolve uma terra "sem lei" chamada tecnologia.