Em um recente artigo, a Bloomberg indica que criminosos estariam abandonando o uso do bitcoin como meio para movimentar recursos provenientes de atividades ilícitas. Infelizmente, o direcionamento do artigo continua no sentido de que criptomoedas estão sendo utilizadas para financiar ou facilitar as transações relativas a atividades ilícitas.
No entanto, ao longo do artigo são ressaltadas duas questões importantes: a primeira se refere ao fato de que grande parte dos usuários das criptomoedas não as utilizam para finalidades ilícitas; a segunda é que existe uma preocupação plausível dos usuários de criptomoedas com privacidade e segurança.
Como evidenciado no último ano, houve uma corrida da sociedade para adquirir criptomoedas diante do medo de perder uma oportunidade (comportamento denominado de FOMO – Fear Of Missing Out).
Essa corrida foi motivada pelos ganhos possíveis com a especulação financeira baseada em criptomoedas. Esse movimento confirmou a possibilidade desses ativos possuírem a característica de reserva de valor, um dos três principais requisitos para caracterização de uma moeda (os outros dois requisitos seriam a unidade de conta e meio de troca).
Embora muitas das discussões falam sobre o fato de criptomoedas realmente servirem como substitutos às moedas nacionais, esse esforço apenas permite trazer conceitos tradicionais para um ambiente extremamente novo, o que parece não fazer muito sentido. Não é possível analisar novas tecnologias com um viés tradicionalista, pois isso leva a conclusões erradas – como, por exemplo, a de que as criptomoedas são um meio de criminosos ocultarem transações financeiras.
Assim, chegamos ao segundo ponto interessante da matéria mencionada acima. Em um ambiente em que um cassino pode ser hackeado pelo fato de seu aquário ter acesso à internet, uma Smartv em sua sala de estar pode coletar informações sobre suas conversas e bancos sofrem ataques cibernéticos que podem afetar as contas bancárias de clientes, a privacidade torna-se um tema bastante sensível.
Não é à toa que foi criada a General Data Protection Regulation (GDPR) na Europa em 2016, uma política sobre proteção e privacidade de dados a ser adotada pelas empresas localizadas ou que fazem negócios na região.
Assim, o fato das criptomoedas permitirem algum nível de anonimato ou privacidade, parece ser um anseio legítimo e não apenas um artifício para que criminosos possam financiar atividades ilícitas.
O recente crescimento do uso de criptomoedas fez com que noticiários, governadores, legisladores, órgãos tributários, polícia e outras autoridades focassem sua atenção nesse mercado.
Assim, parece improvável que criminosos tradicionais realmente desejem utilizar um meio de efetuar transações ilícitas para o qual o holofote está apontado todos os dias. No entanto, ainda persiste essa mácula em virtude de um caso antigo relacionado ao site Silk Road e por conta dos recentes ransomwares que solicitam resgate em bitcoins.
Diversos pagamentos de resgates por sequestro feitos “à moda antiga” são solicitados em moeda corrente nacional (Reais, Dólares ou qualquer outra moeda nacional), mas não é por isso que essas moedas alcançam a fama de serem “financiadores de atividades ilícitas”.
Assim, essa mácula parece advir muito mais do fato de que as pessoas desconhecem as razões pelas quais os usuários utilizam as criptomoedas ou porque elas conferem determinado grau de privacidade quando comparadas com transações bancárias comuns.
O fato das criptomoedas funcionarem de uma forma distribuída, ou seja, em uma dinâmica de peer-to-peer, em que cada um dos usuários funciona como um nódulo de uma rede extensa de pessoas que transacionam e validam informações, faz com que seja necessária a privacidade.
Apesar disso, se formos considerar a lógica de funcionamento da blockchain (tecnologia por trás do bitcoin), existe uma chave pública e outra privada para que as transações sejam realizadas, o que confere também a segurança deste sistema.
Dessa maneira, é possível identificar de onde vieram as transações, quem as realizou e efetivar a transferência de fundos de um usuário a outro. Portanto, o fato de as criptomoedas conferirem determinado grau de anonimato e privacidade não significa que isso foi intencionalmente criado para facilitar transações obscuras, mas sim, para garantir segurança.
Fonte: https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/a-privacidade-criptomoedas-e-algo-ruim/
por Erik Nybo - Quarta-feira, 10 de Janeiro de 2018
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