Carta ao (meu) Amor!

Existem momentos na vida que são decisivos. Momentos que nos dilaceram a alma e momentos que nos leva para lugares que nunca imaginamos viver. Existem momentos na vida que são mais do que decisivos. São momentos essenciais! Essenciais à vida. Essenciais ao tempo e à memória.

Relembro o instante em que nos cruzamos, mesmo sem saber que nos cruzaríamos mais tarde. Andamos tão cegos no dia-a-dia. Andamos tão distantes nos acasos da vida. Confesso que não decorei o teu nome nem gravei o teu rosto na memória que me segue. Cruzei-me apenas contigo. Como uma brisa leve de vento quente que nos toca. Ao de leve. Quase sem tocar.

Viveu-se a vida e a vida viveu-nos a nós. Aos poucos, fomos vivendo caminhos paralelos. Encontramo-nos no acaso e no acaso encontramos o que tínhamos procurado em vão durante tantos anos. Acredito que precisávamos de viver o que vivemos para valorizar o que encontramos. Acredito que só assim aprendemos a viver o dito amor que se escreve nos livros. O dito amor que eu escrevo nos livros.

Falar de amor é, no fundo, falar de ti. Há momentos que não se explicam, que vão mais além, e nós já vivemos tantos momentos assim. Confesso que são eles que sempre me fazem ficar. Esses momentos que me deixam sem palavras. Logo eu que gosto tanto de palavras! Falar de amor é, no fundo, olhar para esses momentos e ainda conseguir recordá-los com o amor com que se viveram. Quando assim é, descobres que o amor tornou-se um sentimento incondicional porque consegues senti-lo em qualquer instante dos teus dias. Quando assim é, descobres que a tua sensibilidade, de certa forma, sentou-se naquele colo e naqueles braços. Como uma brisa leve de vento quente que nos toca.

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