A nossa mente é uma tagarela. Ela fala o tempo todo. Ela cria situações que não existem. Ela cria longos diálogos de forma incenssante. Ela provoca as mais diversas reações emocionais com base em pensamentos que nada se relacionam com o AGORA, o MOMENTO PRESENTE, A VIDA REAL. Nós passamos toda a nossa vida presos às diversas interpretações mentais que vamos construindo a respeito das nossas relações e das nossas experiências. E essas interpretações às vezes nos conduzem a sofrimentos IRREAIS e completamente desnecessários.
Na vida cotidiana, nós simplesemente não fazemos distinções entre o nosso ser e o diálogo em nossas cabeças. Simplesmente, permanecemos inteiramente conectados com esse diálogo mental, a ponto de acharmos que somos esse diálogo incenssante... esse conjunto de ideias e concepções do mundo. Uma das primeiras descobertas que fazemos com a meditação é essa: A percepção de que, quase durante todo o tempo de nossas vidas, permanecemos completamente identificados com os pensamentos e com dos processos emocionais que são gerados automaticamente dentro de nós.
A meditação funciona assim: Ela nos faz entrar em contato com uma percepção mais aguçada do corpo físico. Essa percepção funciona como uma âncora. No momento em que colocamos a nossa atenção no corpo físico, naturalemnte tiramos um pouco do "combustível" da mente e do fluxo automático de emoções. É que o diálogo incessante em nossas mentes se alimenta da atenção que deixamos disponível para ela (a mente) funcionar. No momento em que você canaliza uma parte dessa atenção pra outro ponto (o corpo físico), a mente não tem outra alternativa a não ser reduzir um pouco o seu ritmo. Os pensamentos continuam lá, passando como se fossem um filme, mas agora já somos capazes de perceber a nós mesmos, diante desse fluxo de pensamentos.
Entendemos, assim, que existe uma parte nossa capaz de perceber simultaneamente o corpo, a mente e as emoções que passam dentro de nós. Então percebemos que não somos esses processos internos. Somos a consciência que presencia isso tudo.
Tanto o que se passa "dentro de nós" quanto o que se passa "fora" (os barulhos, a visão externa) são percebidos por essa consciência que presencia tudo como "externos a ela", pois ela é isenta de todos esses processos. É por isso que, quando acessamos essa consciência, não parece não existir "dentro" e "fora". As coisas do nosso ego e as coisas que se passam no mundo parecem fazer parte da mesma natureza e ambos são EXTERNOS a nós.
Sabendo que somos mais do que um conjunto de pensamentos automáticos que passam em nossas cabeças como se fossem um filme, percebemos que as nossas experiências em estado não-meditativo estão baseadas em uma simples interpretação que fazemos dos acontecimentos.
Percebemos que,rotineiramente, não enxergamos o mundo como ele é. Enxergamos o mundo através das neblinas da interpretação que fazemos dele, a cada momento. Nós nunca nos abrimos a receber impressões do mundo lá fora , pois estamos sempre presos dentro das concepções que fazemos sobre tudo. Quando entramos em estado meditativo, os nossos sentidos ficam bastante aguçados, pois toda a energia do nosso ser está focada em presenciar a vida no momento presente, ao inves de simplesmente interpretá-la atravpes da mente.
Na vida cotidiana, as nossas interpretações mentais nada mais são do que intermediários entre nós e o mundo. No fundo, em estado não-meditativo, somos condicionados pela mente a assimilarmos todas as coisas a partir de uma perspectiva que tem o nosso ego como centro de tudo.. Mas só percebemos isso, verdadeiramente, quando entramos em estado medidativo, quando conseguimos ver as coisas através de uma consciência, que, por sua natureza, é isenta.
Mas nem sempre estamos dispostos e estar diante de nós mesmos. Nem sempre queremos aproximarmo-nos do nosso ser. É muito mais conveniente se voltar para o exterior e se esconder atrás dos vários rótulos que atribuímos a nós mesmos: da profissão que escolhemos, da arte que criamos, da religião que seguimos, dos lugares que já conhecemos, dos hábitos de vida que seguimos e, enfim, de todas as REPRESENTAÇÕES de nós mesmos. Conviver com essas representações de nós mesmos é bastante conveniente, pois elas são personagens que criamos (inclusive diante de nós mesmos) para sobreviver nesse mundo... e a ele estão muito bem adaptadas.
Não somos espontâneos com a gente mesmo. Estamos o tempo todo desempenhando um papel e acreditando nele. O tempo que passamos desempenhando um papel diante do mundo nos faz perder a capacidade de distinguir com clareza o ator do personagem.
Com o acúmulo de experiências e representações de nós mesmos encenamos, assim, um personagem sempre novo. Um personagem que está sempre oscilando entre o presente e o passado, entre a lembrança de aquilo que fomos, as experiências que tivemos e as expectativas futuras. Nunca nos propomos estarmos aqui, agora, com a gente mesmo, simplesmente desfrutando a vida que acontece a cada momento. E, quando nos propomos, a nossa mente nos interpela, nos transportando para lembranças ou planos futuros. Ela não sabe estar aqui e agora. A mente sempre foge do aqui e agora, mas o momento presente é o único lugar em que é possível vivenciar a realidade. Ele é a úncia coisa que existe.
Entrando em estado meditativo, libertamo-nos dos nossos condicionamentos automáticos e começamos a nos conectar com a nossa essência pura. É por isso que o autoconhecimento verdadeiro só pode vir através da meditação. Todas as demais concepções de nós mesmos que criamos em estado não-meditativo, são meras invenções da mente.
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Muito bom seu texto. Você já leu O Poder do Agora de Eckhart Tolle? Ele fala de tudo isso que você dissertou. É um livro muito importante que ajuda no processo de auto conhecimento.
ptgram
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Nunca li mas já me indicaram. Vou procurar pra ler.
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