CRÍTICA | Godzilla 2: Rei dos MonstrossteemCreated with Sketch.

in cinema •  5 years ago  (edited)


Sendo bem direto: essa crítica foi
mais difícil de elaborar do que eu imaginava. Não pela complexidade do filme ou
boa qualidade da execução, nada disso, mas por que esse novo Godzilla não fez nada comigo. Eu saí do
cinema imaginando que ela seria bem fácil de escrever, já que a obra abusa da
superficialidade em todos os aspectos que você pode imaginar, desde a narrativa
até a estética da ação. Mas é difícil encontrar justificativas para comentar
sobre algo que não me fez sentir nada além de tédio.

A minha expectativa era alta já que eu adoro o Godzilla de 2014, e acho razoavelmente divertido o Kong: Ilha da Caveira, que faz parte desse universo compartilhado de monstros

Apesar de alguns problemas, o filme de 2014 funcionou muito bem para mim. Embora a narrativa abuse de alguns personagens chatos, como o do Aaron-Taylor Johnson, ele tem uma função além da condução da história, que é a de oferecer perspectivas relacionáveis que conseguiram me colocar dentro daquela catástrofe monstruosa. Ou seja, não era apenas a elegância e imponência dos planos, mas uma forma de imersão naquela realidade. Então mesmo com vários momentos maçantes, o espetáculo tinha grandiosidade envolvente.

Godzilla 2
Mais espetáculo, menos substância

Em Godzilla 2, isso não acontece. Desde o primeiro momento ele demonstra que não há preocupação com a imersão, mas apenas com a estética. Que também nem é lá essas coisas.

Minha expectativa começou a baixar poucos minutos depois do início, particularmente na introdução da Mothra, que basicamente resume toda superficialidade do roteiro numa só sequência. E quando digo superficialidade, eu não to me referindo à complexidade da narrativa ou das metáforas sociais, ecológicas ou militares, mas como ele já avisa logo de cara que as principais ferramentas para condução narrativa serão saídas preguiçosas ou fáceis.

Sobre a sequência, vemos as personagens de Emma (Vera Farmiga) e a sua filha Madison (Millie Bobbie Brown) diante o nascimento da mariposa gigante. O que é um grande risco, não a toa a toda um gigantesco complexo de segurança e contenção do monstro. Aí o meu primeiro estranhamento: se é tão perigoso, mesmo depois de perder o filho nos eventos do filme de 2014, pq a filha dela está lá? Sem sentido e sem justificativa. Depois que a Mothra saí do casulo ela começa a agredir os soldados com tiro de teia à média e curta distância extremamente certeiros, até a hora de atirar em Emma. Aí ela erra duas vezes e, no último segundo, acontece algo que a impede de atirar.

Essa sequência diz muito. De certa forma eu posso dizer que pelo menos o filme é sincero já deixando bem claro como será o desenvolvimento. Aleatório, sem explicações e com saídas banalmente fáceis. Mas apesar da sinceridade, que é sempre bem vinda, esse tipo de coisa não funciona pra mim. Não me conquista, não me envolve já que eu sei que não há conflito real, não haverá surpresa ou nada que estimule minha atenção.

E assim segue a história. Mas para piorar, o roteiro de Michael Dougherty e Zach Shields abusa de diálogos muito, muito bobos e absolutamente expositivos. Não interessa se o filme acabou de mostrar algo, ele vai para por alguns segundos para repetir o que ainda estava fresco na minha cabeça. Tipo um diálogo entre um soldado e Sam Coleman (Thomas Middleditch), que reafirma, pela terceira vez, o quanto Mark Russell (Kyle Chandler) não gosta de titãs. Ou então a Dr. Ilene Chen (Ziyi Zhang) cuja única função é nomear os outros monstros que surgem. E além de tudo isso, tentativas extremamente fracas de humor, com piadas manjadas ou mal alocadas. Mas pelo menos isso acontece poucas vezes.

Mas uma das coisas que mais me incomodou foi que diante um roteiro tão raso e com personagens tão monotônicos, o ótimo grupo de atores e atrizes escalados ficaram completamente sub-aproveitados. Além desses que eu mencionei, há também Ken Watanabe, Charles Dance, Bradley Whitford e Sally Hawkins, todos apagados por personagens sem brilho.

Ok, mas isso tudo que eu to dizendo significa que o filme é péssimo? Não. Apenas que a condução não me conquistou em nenhum momento. Mas houve vez ou outra que o filme foi hábil em homenagear o original de 1954, como quando a trilha sonora clássica surge em momentos das lutas, ou a solução do destruidor de oxigênio, que também veio do primeiro filme. São fan services gostoso de ver, principalmente para quem curte essa mitologia. A estética das criaturas também é muito legal e eles conseguem representar a benevolência da Mortha ou do Godzilla ou a maleficência de Rodan ou Ghidorah.

Mas apesar disso, tenho outra ressalva que é a forma como Michael Dougherty filma os combates. Apesar de algumas boas cenas onde os planos abertos conseguem dimensionar a imponência colossal daqueles titãs, Grande parte das lutas é embaçada por fumaça, chuva, poeira, o que for. Dá pra entender e ver, mas nem tanto pra admirar e isso eu não entendi. Havia qualidade no CGI para minimizar esse uso. Aliás, a própria tempestade que o Ghidorah criar e carrega consigo não parece ter outra função senão a de atrapalhar a visão.

Então por trás de tudo isso para mim Godzilla 2: Rei dos Monstros não passou se um espetáculo oco e desinteressante. Nem mesmo o contexto ecológico e anti-atômico, uma que são pautas que sempre me engajam, tiveram valor pra mim diante um roteiro tão bobo.

Mas há monstros gigantes legais... e só isso...




Data de estreia: 30 de maio

Título Original: Ma
Gênero: Suspense,Terror
Duração: 1h39
Classificação: 12 anos
País: Estados Unidos, Japão
Direção: Michael Dougherty
Roteiro: Michael Dougherty & Zach Shields
Edição: Roger Barton, Bob Ducsay, Richard Pearson
Cinematografia: Lawrence Sher
Música: Bear McCreary
Elenco: Kyle Chandler, Vera Farmiga, Millie Bobby Brown, Ken Watanabe, Ziyi Zhang, Bradley Whitford, Sally Hawkins, Charles Dance, Thomas Middleditch, David Strathairn



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Famosa sequência que decepciona, então.

Infelizmente pra mim foi. Mas têm muito crítico elogiando bastante.

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