No balcão havia um copo de uísque. A mesma mão que segurava o copo tinha entre os dedos um cigarro pela metade. A fumaça que saia do cigarro bailava ao redor da cabeça do homem que apoiava o braço e inclinava-se sobre a madeira escurecida do balcão.
O garçom mantinha distância, mas constantemente olhava na direção do homem que parecia cansado e embriagado. Com o pano que pendia do seu ombro, ele secava os copos e os colocava sobre a pia, um após o outro. Apesar do aparente tédio, ele mantinha os olhos nos
frequentadores do bar, principalmente nos que se aproximavam do balcão. Como o movimento do salão ainda era pequeno, ele podia observar as pessoas uma a uma, e assim conhecer um pouco das histórias que motivariam a bebedeira que se iniciava.
O homem colocou o cigarro entre os lábios, levantou a cabeça, olhou a prateleira e as garrafas à sua frente e girou a cadeira, observando cada detalhe do ambiente até se fixar no saxofonista. O salão, a fumaça, um homem e sua cerveja barata, duas mulheres, luzes e um piano vazio que ocupava parte do palco. Muito próximo ao piano estava o saxofonista de pé, acompanhando a música que saía das duas caixas postas nas laterais do palco. O corpo esguio balançava para frente e depois, lentamente, se inclinava para trás, sempre acompanhando o ritmo da música – um jazz, lento e comprido.
Carlos concentrou-se no balanço do saxofonista por um tempo, e teve a impressão de que o músico fez um sinal com a cabeça para um homem de chapéu que entrou no salão. Ele não tem certeza, os movimentos ao seu redor estão mais rápidos que sua capacidade de observação.
A iluminação da rua penetrou no ambiente pela porta que se abriu. Dois casais entraram, mas permaneceram parados, olhando o movimento e o palco. O rapaz mais baixo estendeu o braço e apontou para uma mesa de madeira com quatro cadeiras ao lado do palco. Todos concordaram e foram se sentar.
A porta se abriu novamente. Uma mulher de casaco marrom entrou e percorreu os olhos por todo o salão, mas encontrou quem ela queria quando olhou para o balcão. Jaqueline segurou as bordas do casaco, cruzando-as sobre o peito, aparentando estar com frio. Aproveitando o mesmo movimento, permaneceu de braços cruzados. Com a certeza de já ter encontrado quem procurava, ela caminhou até o balcão. Sentou-se ao lado de Carlos, mas não olhou em seu rosto. Primeiro observou a prateleira com as garrafas coloridas, depois o copo vazio na mão do homem embriagado.
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