Na quarta-feira tivemos um “flash crash” monstruoso, que levou o Bitcoin do patamar dos $ 11k para $ 9.5k em pouco tempo. E como sabemos, o Bitcoin acaba refletindo diretamente em todo o mercado, que vinha se recuperando bem nas últimas semanas, mas que perdeu $ 80 Bilhões nesse episódio, caindo de $ 470 Bi para $ 390 Bi.
Os 3 principais motivos que levaram a isso foram:
- Boatos sobre a Binance, maior corretora do mundo, ter sido hackeada. Informação que já foi refutada pelo time da Binance;
- Aplicação de multas ou proibição de operação à pequenas corretoras japonesas por parte do governo Japonês, que se diz muito preocupado com a segurança nessas exchanges;
- A entrevista de um regulador da SEC (Securities and Exchange Commission – agência americana que regula títulos e ativos financeiros), defendendo que operadoras de ICOs, ou seja de novas criptomoedas e tokens que vão entrar no mercado, sejam registradas como empresas de transferência de dinheiro, obedecendo às regulamentações e CLARO, aos impostos aplicáveis, à empresas tradicionais do setor financeiro.
E é exatamente este último ponto que me fez gravar esse vídeo. Eu quero explicar porque precisamos ser contra regulamentações em geral, mas em especial no mercado de criptomoedas.
Primeiro vamos analisar o efeito de regulamentações no nosso dia-a-dia. Elas, assim como tudo que é feito pelo Estado, nos é vendido como algo existente para nos proteger de empresas cruéis e desumanas, sendo necessário a ajuda do Estado para que as atividades tenham um mínimo de qualidade.
O mais irônico disso é que o Estado é incompetente para oferecer esses mesmos serviços no nível de qualidade que ele cobra de empresas privadas. Então temos um Estado que não consegue oferecer uma saúde minimamente aceitável, criando a ANS para regular o serviço de hospitais privados. Temos um Estado incapaz de oferecer educação pública de qualidade, criando o MEC para regular a qualidade do ensino privado e assim acontece em todos os setores.
E o problema se agrava quando esta entidade incompetente é quem cria as regras. Qual nível de qualidade você espera de regras criadas por incompetentes? Sim, regras idiotas ou mal intencionadas.
Vamos usar novamente a ANS (Agência Nacional de Saúde) como exemplo. Entre as regras que ela criou para nos “proteger”, temos aquela que obriga operadoras de plano de saúde a aceitarem clientes de todas as idades e limitarem o valor máximo cobrado de pessoas idosas, além de limitar o reajuste de preço anual de todos os planos a um % determinado pela ANS.
Note como o Estado não entende nem mesmo economia básica: clientes idosos geram um custo muito maior para as operadoras de Plano de Saúde do que clientes jovens, portanto é normal que essa faixa de idade tenha um plano muito mais caro do que as outras. O normal, no livre-mercado desregulamentado, seria surgirem Planos de Saúde focados em públicos diferentes, alguns atendendo jovens, outros idosos... conforme oferta e demanda pelo serviço, mas o Estado OBRIGA que todas as operadoras atendam à todas as faixas etárias. Ok, então seria de se esperar que os idosos pagassem um valor muitas vezes superior aos jovens, correto? Mas novamente o Estado OBRIGA a todas as operadoras que não cobrem mais de x vezes o valor da faixa mais jovem. Bom, essa regulamentação não acaba com os custos das operadoras e elas acabam obrigadas a cobrar isso em outro lugar... passando o custo dos mais idosos pras faixas mais jovens, gerando um reajuste de preços absurdo para jovens numa fase da vida onde o dinheiro é contado. Mais uma vez o Estado, nosso super-herói, intervém no mercado, proibindo reajustes acima de x% ao ano, independente da inflação não ser controlada e dos custos dos idosos precisarem ser realocados.
Pronto, temos agora o cenário ideal para assegurar péssima qualidade de serviço. Empresas que oferecem boa qualidade de serviço e não querem piorar a qualidade, fecham as portas, porque são proibidas de alocar corretamente seus custos e proibidas de reajustar seus contratos livremente.
O mercado perde atratividade porque empresários não se interessam por mercados de baixa lucratividade e extrema regulação. Só se mantém operando, empresas que aceitam cortar custos onde não deveriam, piorando a qualidade do serviço, mas mantendo margem de lucro suficiente para operar.
Como sabemos, a falta de concorrência leva a preços mais altos e qualidade baixa. E é isso que conseguimos com a regulamentação da ANS, assim como qualquer outra regulamentação sobre o livre-mercado.
Ok, mas o que isso tem a ver com criptomoedas? Bom, todo esse movimento mundial que estamos vendo na tentativa de regulamentar corretoras e operadoras de ICO, visa justamente o mesmo que é feito no caso da ANS: estabelecer regras e proibições pro único mercado que atua de forma próxima ao livre-mercado, que é o de criptomoedas.
Com as regulamentações vocês podem esperar duas coisas: redução de concorrência entre corretoras, já que muitas não atenderão as exigências da Agência Reguladora, e aumento das taxas de transação devido a 2 fatores: O primeiro é que essas corretoras serão obrigadas a pagar impostos para manter uma agência que lhes prejudica... e quem você acha que pagará por esses impostos? Sim, você. O segundo é que tendo menos corretoras, existe menor concorrência e isso possibilita que as poucas no mercado possam cobrar taxas maiores.
Mas o efeito sobre as corretoras, por incrível que pareça, é o menor dos problemas, já que em breve teremos corretoras descentralizadas, sem nenhuma empresa por trás e que portanto não poderão ser regulamentadas ou fechadas por governos.
O maior problema acontece sobre os projetos dos tokens ou criptomoedas, que são oferecidos ao mercado via ICOs (Initial Coin Offering). Estes projetos hoje tem total liberdade de propor o que lhes der na telha. Temos "moedas" para financiar desde civilização em marte até venda de excedente do seu plano de SMS ou de internet. Acredita e compra aquele projeto, quem quiser. Não existe qualquer obrigação quanto a isso e quem define quais projetos terão sucesso ou fracasso é o mercado. Se muitas pessoas enxergam aquele projeto como solucionador de problemas existentes hoje, elas investem nele e ele segue em frente, inclusive sofrendo concorrência de projetos similares que surgirão. No final, a concorrência assegura que somente os melhores dos melhores irão prosperar. Os projetos ruins e todos aqueles que investiram nele, perderão dinheiro. Faz parte. É esse sistema livre que nos leva pra frente, já que quem define o que é necessário pra resolver os problemas atuais somos nós e não meia-dúzia de políticos mal intencionados trancados num gabinete em Brasília.
Regulamentar esse mercado, portanto, significa centralizar na mão dos políticos quais projetos podem ou não existir, quais moedas podem ou não operar, quem pode ou não investir e quanto pode investir e obviamente aumentar os custos de todo e qualquer projeto, com a cobrança de impostos.
Você reduz o número de investidores, reduz o número de projetos e aumenta o custo pra que eles saiam do papel. Qual resultado você espera de um mercado assim? Olhe pros serviços públicos ou extremamente regulamentados e você terá a resposta.
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