IMPORTANTE: Este local é um espaço de vivência com ayahuasca e não tem nada a ver com a doutrina do Santo Daime.
Por isto neste relato vou respeitar este contexto, mas vou continuar a usar o termo igreja, para definir o espaço interno onde o trabalho ocorre.
Este local fica em Parelheiros, zona sul. É um pequeno sítio.
Fomos eu e a esposa Saímos da casa às 20:00 ( eu queria ter saído às 19:00), mas chegamos lá por volta de 22:30
Nos registramos e fui mostrar o lugar para a esposa
Estávamos distraídos tirando algumas fotos em frente ao Temazcal e quando eu ia mostrar a igreja para a esposa vi que todos já estavam entrando.
Mulheres de um lado, homens de outro, o padrinho Mário já estava falando.
Antes de entrarmos, fui pegar as nossas blusas. Vi então que as blusas da esposa tinham ficado em casa ! E já estava esfriando lá! Deixei a minha blusa com a esposa e coloquei a minha de manga comprida por cima da camiseta. Ainda bem que lá tem cobertores, edredons, e colchonetes para quem quiser usar…
Não havia lugar para eu sentar, pois o padrinho estava falando justamente que este trabalho iria ser de bailado, e que as cadeiras seriam ocupadas em sistema de rodízio.
Já havia umas cinco pessoas sentadas no chão.
A esposa conseguiu sentar lá no lado das mulheres.
Sentei no chão, encostado na parede, em um canto, perto de onde estava reservado para duas crianças dormirem.
O padrinho falou muito bem sobre a mente, que ela iria ficar com medo e iria resistir a todo o custo para se manter no controle e falou muito bem sobre vários outros conceitos. Depois pediu que todas as pessoas bailassem ao menos as 3 primeiras músicas.
Depois que o padrinho falou, fui lá fora, peguei uma cadeira, e coloquei no espaço que eu havia conseguido, após ter perguntado para o pai das crianças se eu não iria atrapalhar ali. Ele disse que tudo bem, não atrapalharia.
Peguei um cobertor e sentei.Depois peguei mais um edredon, pois lembrei que estava sem blusa.
Arrumei os cobertores e me sentei.
Primeiro foram formadas as filas para tomar o rapé. A maioria das pessoas tomou. Eu não fui e nem a esposa
Depois do rapé formamos a fila para tomar a ayahuasca.
ayahuasca de grau 5, servido nos copinhos de metal, mas desta vez o copinho era devolvido.Como de costume, um pedaço de maçã depois.
O padrinho soltou as músicas ( a maioria do induísmo ) e pediu para todos irem bailar. A grande maioria foi. Eu e a esposa também fomos.
O bailado era meio complicado, pois as canções demoravam a ter ritmo para bailar. Alguns maracás ajudavam no ritmo para o bailado.
Após algum tempo bailando comecei a sentir a força chegando, aí arrumei os meus cobertores e me sentei.
Eu já estava entrando na força quando o padrinho chamou para tomar a segunda dose. Estranhei isto, pois estava ainda no começo da força.
Como a ayahuasca era de grau 5, fui tomar mais meia dose.
Me arrumei nos cobertores ( o pequeno eu coloquei nas pernas e o edredon em volta do corpo )
A maioria das pessoas estava sentada. Apenas alguns bailando.
Aí foi o de sempre. A mente com medo, querendo ficar e o divino me chamando para trabalhar.
Tremendo de frio ( aquele frio que vem junto com a força ) (gelado e tremendo agora ao escrever ), o corpo perdendo a sensibilidade, o rosto e a cabeça adormecendo..
Só enjoei mesmo quando a força chegou com tudo, expandindo a consciência. Pela cabeça, fui sentindo se esvair o resto da minha consciência.
Veio aquele sorriso gostoso no rosto, eu já tomado pela força, não estava mais sentindo o corpo.
Os pés começaram a bailar no ritmo perfeito da música e neste momento senti que estava tomado por este poder.
Senti em todo o meu ser o amor do Universo. Sensação imensa de plenitude e gratidão.
Abri os ollhos e vi que um irmão estava tomado pela força de Shiva, bailando com as mãos ao ritmo da música.
Meus lábios se abriram então em um gostoso sorriso.
Tremendo muito de frio, todo o meu ser foi completamente tomado pela força destas divindades que eram chamadas nas canções.
Depois senti muito calor, por isto tirei o edredon de lado.
Minhas mãos então ganharam vida, também bailando ao ritmo das canções, a maioria indús. Senti que era uma divindade muito amorosa, pois meu ser encheu-se de amor. Compreendi ali a beleza que é o Universo e todos os seres que trabalham com amor para o Criador.
Minhas mãos levantavam, espalmadas, em gesto de benção para todos os irmãos.
Isto aconteceu muitas vezes: minhas mãos rodavam no ar, depois rodava o dedo indicador em círculos, como um “radar” querendo captar alguma coisa. E às vezes, esta mão que estava circulando com o dedo no ar, apanhava algo no ar ( alguma energia/forma pensamento a ser iluminada/curada? ), batia com a mão fechada uma na outra, depois às vezes fazia o gesto de união ( dedos das duas mãos unidas ), às vezes abria a mão que pegou esta energia/forma pensamento e com o dedo indicador ou a outra mão inteira enviava alguma energia de cura para a palma da mão onde estava a energia a ser curada.
Quando este “radar” não captava nada, sorria satisfeita e juntava as mãos em posição de benção.
Sempre faço o trabalho de olhos fechados pois se os abro enjoô ao passar de uma dimensão à outra, e como estou com a consciência expandida, nem sempre sei se as minhas mãos estão fisicamente se mexendo, tal é o controle que estas divindades tem sobre meu corpo físico.
Mas desta vez ouvi uma voz falando para eu abrir os olhos. Abri então os olhos e vi minhas mãos fazendo tudo aquilo. Aí, com os dedos indicadores de cada mão a vi desenhar um coração na minha testa. Foi lindo. Nesta hora o meu coração acelerou tanto que achei que ia ter um troço, rs.
Depois formou-se a fila para tomar a última dose de ayahuasca. Tomei um copinho cheio.
Então começaram as intruções para mim. Ela usou minhas mãos para passar a instrução:
Estava falando em minha mente sobre a ex-exposa. Disse para eu deixá-la seguir, que não me preocupasse, pois estava tudo certo, que ela iria ter que passar por estas provas pelas quais está passando. Fez círculos na área do meu coração.
Depois colocou a mão na minha boca e na minha testa. Entendi que devo tomar mais cuidado com o que falo e penso ( às vezes acho que falo uma coisa, mas na prática faço outra).
Bom, o que me lembro até aqui é isto.
Autor: Valdemir Nunes da Silva
Originally published at: https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/6620084
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