O desinteresse brasileiro por discussões

in dialetica •  7 years ago  (edited)

Creio que todos conheçamos o velho ditado: "Política, religião e futebol não se discutem". Desconheço as raízes históricas que o originaram, mas entendo que ele evidencie uma característica brasileira, que é a tendência de não discutir.

Entende-se, dentro do imaginário popular, que a dialética é desnecessária, não há benefício em buscarmos o debate. Curiosamente, dentre os temas supracitados, o que se vê uma menor passividade é o futebol. Ignora-se completamente a utilidade real das discussões, como se estas fossem simples entretenimento, do tipo que só pessoas idiossincráticas e excêntricas (os chamados nerds) veem graça. Será mesmo que não há motivos para que discutamos política e religião? Analisemos;

O que é a Política? Genericamente, poder-se-ia classificá-la como a administração da pólis (cidade). Pois bem: Ela é o caminho para o progresso (não emprego o sentido revolucionário do termo). Como podemos trocar opiniões, refiná-las e pô-las em prática sem a discussão? O debate é necessário ao progresso. E o debate não deve estar restrito a um grupo pequeno de intelectuais. Se queremos algo como uma democracia, é necessário não só que a maioria possa emitir sua opinião por meio do voto, como que ela saiba as posições de cada um a quem ela tem a opção de votar. Ou seja, a maioria tem que ouvir e ser ouvida.

Quanto à religião, é-me engraçado que alguns conseguem dar pouca importância. Não falamos de pouco, a religião está ligada à eternidade. Sendo assim, é importante que cada indivíduo busque uma resolução a este respeito, para benefício próprio, e espalhe o resultado da procura, como um dever cívico. Não faz sentido pedir para que as pessoas guardem a religiosidade para si, porque se elas creem que têm que fazer o bem para a salvação e creem ser a religião o caminho da vida eterna, qual a melhor forma de se fazer o bem do que espalhando a religião? Quer dizer que pedir a um religioso que ele mantenha a religiosidade para si é o mesmo que pedir para que ele se mantenha longe da religiosidade.

Aos desinteressados em política e religião, peço que escolham: manter-se-ão longe dos debates, permitindo que os outros os escravizem, ou resolverão discutir? Ser servo do outro ou senhor de si mesmo? Acredito que todo homem são optará por participar dos debates, para que as resoluções dos outros não o governem. Se quem cala consente, não permaneça mudo, seja dono de si.

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Gostei do texto.

Valeu! Eu ouvi esse ditado na Inglaterra, talvez seja uma crença universal, pelo menos na hora de evitar brigas e conversas longas (qdo os dois lados já tem opiniões formadas e são irredutíveis) funciona :-) Sucesso e boa sorte mais uma vez!!

Sou um dos que mais tretou na vida por causa desses três assuntos descritos pelo ditado. Hoje em dia eu to de boa de discussão pq realmente discussão só já preju.