De tempos em tempos surge no mercado uma nova tendência, uma nova moda que faz com que os profissionais de diversas áreas de atuação remexam-se em suas cadeiras. Já vimos o inbound marketing, a transmídia, o buzz marketing, a guerrilha, o storytelling e dezenas de outras "buzzwords" em apresentações e discursos sobre o futuro dos negócios em marketing, publicidade e áreas correlatas.
Todo mundo quer surfar nas ondas das tendências e farfalhar orgulhosos as bandeiras do pioneirismo. Não que isto seja um problema, tampouco um erro. Contudo, assim como na ciência, muito deve ser estudado e experimentado antes que se divulgue uma nova droga milagrosa, capaz de salvar o mundo de seus males.
O uso de anticoncepcionais, por exemplo, tem pouco mais de 50 anos. Centenas de experimentos foram feitos desde então, mas ainda alguns cientistas ficam com a pulga atrás da orelha quando o assunto são os seus efeitos colaterais e o uso longo dos anos. Estudos e pesquisas devem ser constantes, a fim de que possamos concluir e, porque não, refutar quaisquer achismos anteriores. Em outras áreas do conhecimento esta prática é sumariamente esquecida, como se ninguém corresse o risco de "engravidar" de más ideias.
Olhando por este prisma, por que temos tanta pressa em aplicar estas novas tendências sem ao menos estudarmos afundo suas aplicações, métricas e efeitos colaterais?
A palavra da vez é o "gamification". Além de um prato cheio para quem gosta de estrangeirismos, qualquer um pode supor que esta nova buzzword trata-se apenas de colocar jogos em todos os lugares e engajar uma nova geração ávida por consumir tais mídias. Mas será que é isso mesmo? Será que os gurus do marketing e da comunicação empresarial sabem mesmo do que estão falando? Dar pontos, brindes e medalhas é realmente o caminho para o sucesso?
Ivan Pavlov foi um fisiólogo russo que, ao longo de sua carreira, fez dezenas de estudos a respeito do comportamento animal, tendo recebido um prêmio Nobel por suas descobertas. Um dos seus estudos mais conhecidos foi realizado com cães, os quais recebiam guloseimas sempre que um sino soava. Aos poucos, Pavlov foi retirando a comida da equação, mas os cães permaneceram salivando sempre que escutavam a sineta.
Dizem as más línguas que talvez tenham sido os cães que ensinaram Pavlov a alimentá-los enquanto ele tocava seu sino. Uma teoria no mínimo interessante, mas que deixa a dúvida no ar e a certeza de que não podemos aceitar qualquer tendência como se fosse um petisco, pois pode ser que estejamos salivando pelas respostas erradas.
Até a próxima!
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