Uma coisa que sempre me perguntei foi: por que o ser humano, após tantos anos de história, chegou a um tipo de organização em que uns escravizam os outros de forma aberta e sistemática, e que ainda os escravizados colaboram com sua própria escravidão?
Escravidão descarada
Se você fala em “escravidão”, praticamente ninguém concordaria que isso é algo moralmente aceitável. Isso acontece porque quando pensamos em “escravidão” pensamos que alguém necessariamente precisa ter uma corrente de ferro, física, visível, nos pés ou nas mãos, ou que alguém precisa viver em cativeiro sob vigilância constante. Isso seria um tipo de escravidão que eu diria que o escravizado perdeu, devido ao controle físico incontestável, quase que a totalidade do controle sobre o seu próprio corpo. Nesse caso, aquele que escraviza é que escolhe os bens materiais que o escravizado pode ter, é o escravizador quem decide as rotinas do escravizado, é ele quem decide se a vítima pode continuar viva ou não. Enfim, o escravizador tem um poder quase absoluto de controle sobre o indivíduo dominado. Esse é o pior dos casos numa relação de escravidão, onde o controle sobre o outro é tanto que o crime fica explícito e impossível de se esconder.
E, por incrível que pareça, até poucas centenas de anos atrás, esse tipo de escravidão descarada era moralmente aceita e tida como normal [1] [2] [3] [4]. Pra ser mais exata, ainda hoje esse tipo de escravidão existe, de forma secreta e esporádica, mas ainda é uma triste realidade [5].
“Escravidão” capitalista
SPOILER: se você não tem tendências comunistas este capítulo é opcional.
Antes que algum comunista desavisado se empolgue nesta altura do texto, gostaria também de deixar bem claro uma coisa: quando falo em “escravidão”, estou falando exclusivamente de “controle”. Controle sobre o seu próprio corpo e sobre os bens escassos que a pessoa domina ou possui [6]. Em outras palavras: suas propriedades. Um comunista ou socialista poderia argumentar que um “capitalista explorador”, ou o “dono dos meios de produção” está “escravizando” o empregado, já que se o empregado ficasse sem emprego ele estaria condenado à fome e portanto à morte. Ter que escolher entre a morte e um emprego, o emprego parece menos ruim, então, por não ser uma escolha legítima, um emprego se assemelharia a um trabalho forçado [7].
Tal definição não poderia estar mais longe da realidade. Primeiro que, condenar um desempregado à morte me parece um exagero sem tamanho. Como se todos não tivessem família, amigos, ou como se a caridade privada não existisse [11]. Depois que, mesmo numa situação extrema de falta de ajuda externa, um emprego não é a única forma de sobreviver.
Encontrar uma solução para um problema real de outro indivíduo ou grupo de indivíduos, ou, dedicar seu esforço na sua habilidade específica para dar mais conforto a um outro indivíduo que não teria a mesma habilidade específica que você, é uma forma legítima e voluntária de trocar recursos, em que as duas partes geralmente saem ganhando. Exemplos bem simples, que imagino existam desde sempre, seria cuidar do jardim ou das crianças de alguém. Ser empregado de uma fábrica então passa a ser uma opção, dentre tantas, de sobreviver. E se alguém escolhe assim é porque ela vê vantagem nisso, é o que ela julga que traz mais conforto imediato ou que trará um conforto em longo prazo [8] [9] [10].
Escravidão velada
Se não temos correntes amarradas no pescoço ou pés, por que raios somos escravos ou escravizadores então?
O primeiro passo para a consciência é entender que vivemos, em praticamente todas as cidades, aldeias e regiões do mundo, numa relação de escravidão. Se não estou falando daquela escravidão explícita, com correntes nos pés, nem da suposta “escravidão capitalista” idealizada pelos socialistas, quem são os escravizadores e os escravos de fato? Os escravizadores são os saqueadores e criminosos; aqueles que controlam uma parte da vida de outros. Aqueles que matam, prendem, ameaçam, torturam, assaltam e estupram pessoas inocentes de forma sistemática e generalizada. E os escravizados são as vítimas que tem suas vidas controladas, suas decisões pessoais limitadas, suas propriedades saqueadas e destruídas de forma constante e sem esperanças de justiça.
Você ainda acha que não é um escravo? Tudo bem. Você foi bem convencido disso, durante anos de doutrinação, desde sua infância. É por isso mesmo que o Estado é o crime perfeito: se você foi convencido de que é livre, significa que o esquema funcionou perfeitamente como idealizado. E, se você sabe que não é livre, porém acha que esse é o nosso destino inevitável, você também foi bem convencido disso e precisa apenas resgatar ou fortalecer seus princípios morais.
Primeiro, elimine a possibilidade de você ser um escravizador. Você comete assaltos a mão armada? Você costuma ameaçar a vida de uma pessoa pacífica para controlar um pouco ou por um momento as decisões pessoais dela? Seu trabalho consiste em inventar leis sem fundamento moral? Ou seu trabalho consiste em ordenar outros a executar essas leis? Você obedeceu leis imorais e agrediu inocentes? Se você não agredir inocentes você é demitido?
Se você é assaltante, político legislador, político executivo, juiz, fiscal ou policial estatal, provavelmente você deve ter respondido “sim” em alguma das questões acima. Se você tem uma dessas profissões mas não se considera um escravizador, então você não sabe o que é ser inocente, você não tem noção de justiça e do que significa “agredir” ou “ameaçar”.
Então vamos definir o inocente. Você procura respeitar as propriedades dos outros? Você procura respeitar as decisões dos outros sobre as propriedades dela? Você procura obter novas propriedades de forma pacífica, através de trocas voluntárias ou doações? Quando você viola regras privadas, você procura pagar o devido proporcionalmente? Se a resposta foi sim, repare que você é o oposto do que foi dito nos parágrafos anteriores. Se respondeu sim, você é uma pessoa pacífica, pelo menos na maioria das vezes. Ser inocente não significa de forma alguma obedecer leis injustas, criadas por falsas autoridades, mas apenas não iniciar agressão contra pessoas pacíficas. E um inocente pode eventualmente obedecer leis injustas se sentir ameaçado e sua liberdade e vida estiverem em risco. Seria como não reagir a um assalto. Ninguém é obrigado a reagir a um assalto e ninguém é obrigado a ser herói.
E o escravizado? Você é um inocente livre ou escravizado? Você tem controle total sobre o seu próprio corpo? Você tem controle total sobre suas propriedades? Você pode usar sua voz para ofender sem restrição? Você pode comparar juízes e políticos a criminosos sem medo nenhum de ser perseguido? Você pode copiar informações livremente e usar sua própria impressora e tinta pra imprimir absolutamente tudo que quiser? [12] Você pode deixar de participar da política não votando, por exemplo? Você pode não ter documentos como RG ou CPF que forçaram você ter? Você pode ir de um país a outro, na propriedade de alguém que te autorizou a visita, sem burocracia ou vigilância? Você pode escolher sua agência de segurança? Você pode, se desejar, usar qualquer tipo de droga ou medicamento sem restrições? Você pode abrir um negócio sem dar satisfação pra ninguém? Você pode vender, desde que sua propriedade, o que quiser sem restrição? Você pode falar em privado o que quiser com alguém sem ser vigiado? Você pode se defender, revidando por contra própria qualquer tipo de agressão? Incluindo a cobrança de impostos ou aplicação de uma lei imoral? Você pode deixar de aceitar reais no seu comércio e aceitar apenas ouro ou bitcoin [13], por exemplo? E o mais importante: você pode deixar de pagar impostos ou tributos? Você pode parar de financiar a máfia estatal?
Se você respondeu “não” em alguma das questões anteriores, isso implica que você não tem controle total sobre suas propriedades, incluindo seu próprio corpo. E essa é a definição exata de escravidão. A corrente nos pés não é exatamente necessária quando o escravizado colabora com sua própria escravidão, quando há vigilância suficiente e quando a doutrinação estatal é eficiente. Você está sendo vigiado o tempo todo: indivíduos não autorizados, em nome de um suposto “Estado”, sabem exatamente o que você diz na Internet, sabe onde você costuma ir, o que costuma comprar, sabe as transferências bancárias que faz, sabe os impostos que deve, sabe quando tenta desobedecer leis injustas, sabe seu nome, seu endereço, seu telefone, de todos os seus familiares, enfim, sabe praticamente tudo. Não quero te deixar paranoico, mas isso não é teoria da conspiração. Você está sendo vigiado de fato [14]. A própria "lei", ou seja, instruções sem base moral criada por criminosos, prevê essa vigilância [15]. Tente abrir um negócio, não pagar um centavo de imposto, não atender a nenhum pedido de exigência estatal, e vender produtos de sua propriedade livremente. Seu negócio não vai sobreviver muito tempo. Você está sendo vigiado e será esmagado pelo poder estatal, cedo ou tarde. Mesmo não agredindo nenhum inocente você será obrigado a seguir “regras universais” que implicam em controle de outros sobre seu próprio corpo e suas propriedades.
Consciência da escravidão velada
Se ninguém concorda que escravidão é algo aceitável, principalmente quando pensam naquele tipo de “escravidão explícita”, por que então as pessoas em geral colaboram com a sua própria escravidão nos dias atuais? Ou pior: escravizam outras?
Das três, uma:
- as pessoas colaboram com sua escravidão de forma inconsciente, ou seja, elas de fato acreditam que não são escravizadas. Se perguntadas porquê elas aceitam ser escravizadas, elas diriam categoricamente: “eu sou uma pessoa livre”. – E isso vale também para o escravizador: ele pode estar no papel do carrasco sem se dar conta disso. Em “estado dormente” ou “inconsciente” mesmo, e eu explico neste artigo mais adiante como isso é possível. – eu sinceramente, no meu estilo pessoal de sempre presumir a boa-fé, acredito que esse seja o caso mais comum.
- a pessoa tem consciência de que existe uma relação de escravidão, porém, como vítima, ela se sente impotente para reagir. Algumas até tentam reagir, mas percebem que no fundo são cercadas por todos os lados. E os que tentam reagir de forma mais dura, são tão poucos que logo são tachados de “fanáticos” ou “radicais” pelos inconscientes e intelectuais (item 3 abaixo). – E, como escravizador, ela pode ver grande vantagem individual (financeira ou de poder) pra agir assim. O “escravizador consciente”, embora eu acredite ser mais difícil do que o “escravizador inconsciente” (item 1), é o tipo de pessoa anti-humana, que não tem amor e orgulho próprio, que odeia o ser humano e odeia seu próprio ser, sem autoestima ou empatia alguma; aquele que odeia a si mesmo. O “escravizador consciente” tem grande talento e potencial pra ser também um bandido comum, um assaltante de rua, um estuprador ou um escravizador daquela forma “explícita” que falei no começo do artigo. É o tipo de ser humano desprezível, uma espécie de alienígena do mal, ou uma barata de esgoto. Alguém assim é desprovido de qualquer princípio ético ou moral.
- a pessoa tem consciência de que é escravizada ou que escraviza, porém acredita que esse é o destino do ser humano. Que o ser humano, como também algumas espécies de formigas [16], “foi destinado a viver assim” ou que “o ser humano não sabe viver de outro jeito”. Ou ainda: que sem essa relação de escravidão haveria o caos. Esses são os “utilitaristas”, ou “profetas do apocalipse”. Os utilitaristas em geral são pessoas de “bom coração”, inteligentes, porém desprovidas de princípios éticos e morais sólidos, ou no mínimo com algum tipo de desvio moral. Como todo utilitarista, eles dependem de um poder mediúnico e de adivinhação que só eles tem (costumam prever bem o futuro, segundo eles próprios). Esse item 3 é formado por intelectuais prepotentes que julgam que suas decisões pessoais devem prevalecer sobre a dos outros porque os outros não são capazes de decidir por si mesmos. São os engenheiros sociais, centralizadores, com grande potencial pra serem um “ditador benevolente”.
Neste bolo entram os idealistas socialistas, democratas, que falei mais acima (os chamados “de esquerda” – no Brasil representado por quase todos os partidos políticos e pela classe artística, exceto a Cecília Finger Dassi).Entram também os conservadores estatistas, republicanos (os chamados “de direita” – no Brasil representado pelo partido NOVO [17], pelo Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Rodrigo Constantino e outros).
Assim como os “escravos / escravizadores inconscientes” do item 1, eles agem com boa intenção, mas no fundo esses intelectuais são peças-chave no “crime perfeito” que dá o título a este artigo. – Com um pouco de perseverança em busca da verdade e evolução moral, alguns intelectuais podem se tornar “escravos conscientes” do item 2, (aquele “fanático” que reage – no Brasil representado pelos brutalistas, pelo Paulo Kogos, Dâniel Fraga e outros “radicais”).
E se o pouco de moral que resta desaparecer, eles se transformam num “escravizador consciente” (o tipo de pessoa desprezível que tira vantagem intencionalmente – em forma de político, juiz, fiscal, policial ou ainda como líder ou executor de algum outro tipo de organização criminosa qualquer).
Para alguém sair do “estado inconsciente” (item 1) para o estado consciente (itens 2 e 3), ela precisa simplesmente ter contato com a verdade e reconhecer a situação. Esse é o objetivo de artigos como este: apenas expor a verdade, pois o ser humano é muito mais que um gado ou zombies. Tendo conhecimento da verdade, resta escolher entre: alguém que tenta reagir; alguém desprezível que escraviza outros; ou um intelectual que acredita que suas decisões pessoais irão salvar o mundo da destruição.
Estado: o crime perfeito
Repare que até este ponto do artigo eu evito falar em “Estado”, mas me concentro em ações individuais. Evitar falar em “Estado” é uma forma de não reconhecer absolutamente nenhuma legitimidade ou poder especial dessa organização criminosa que, seria como uma organização criminosa qualquer se não fosse seu poderio, e até seu reconhecimento pelos escravos lobotomizados. Muitos e muitos crimes são cometidos diariamente em nome do “Estado”, de forma sistemática, colocando inocentes em jaulas de estupradores e criando um ambiente de ameaça e vigilância constante, podando a liberdade e moldando vidas de inocentes. O “Estado” então é só uma “desculpa” para criminosos ameaçarem e cometerem crimes diariamente.
Como dito no título deste artigo, o Estado é o crime perfeito.
Se ele nasceu de forma orgânica, com a ajuda de um desavisado ali, a boa intenção de outro aqui, ele se tornou o paraíso dos criminosos. Se nasceu de forma artificial, foi projetado pela mente criminosa mais inteligente e demoníaca que se possa imaginar. Se alguém tivesse que projetar a máquina do mal perfeita, que se auto propaga, se auto justifica, se auto mantém, ela se chamaria Estado. Do ponto de vista do mal, como o Estado é foda! Ei de reconhecer. Não há como negar a genialidade. O Estado é o feio que de tanta autoconfiança exagerada convence os outros de que é bonito. Ou ainda é o chato que dopa os outros para que eles o vejam de forma legal. É o charlatão com uma lábia incrível; é o golpista que faz até o mais cuidadoso cair. É o pastor que consegue cobrar 70% de dízimo de alguém que mal tem dinheiro pra comer e ainda fazer ela agradecer por tudo. O Estado é a desculpa perfeita, a mais bela máquina criminosa que se tem conhecimento.
Por ser um crime perfeito, imagino eu, criminosos convictos ou mesmo os bem intencionados conseguiram se aproveitar desse esquema em escala global. Não há uma aldeia, cidade ou país sobre a Terra que não esteja sob domínio de um suposto “Estado”. Isso inclusive é utilizado como argumento da auto perpetuação: se o mundo inteiro está dominado, esse é o destino, não há outra solução, o mundo funciona assim, as pessoas são assim, elas gostam de escravizar e serem escravizadas. Não há saída, conforme-se!
Propagando que o ser humano é destinado a obedecer um comando central, e que não há outra opção senão o caos, qualquer atrocidade é justificada em nome do Estado. Tudo gira em torno de um suposto “bem estar geral” ou, em regimes ditatoriais, em “nome de uma segurança nacional” ou ainda ditaduras religiosas “em nome de um deus X ou Y”.
A “democracia” então é um aperfeiçoamento desse modelo de escravidão. É mais eficiente ainda que a ditadura. A ditadura cria um ambiente instável e hostil, colocando muitas vezes o governo como inimigo declarado do indivíduo. Numa democracia, com boas desculpas é possível fazer com que o escravizado colabore com a sua desgraça, sendo convencido que pagar impostos e obedecer leis imorais é algo realmente necessário para a manutenção da ordem. O escravizado paga o imposto feliz, achando que isso é justo, que ele vai receber em dobro. Ou mesmo achando que seguir leis imorais é uma obrigação moral. Algo totalmente contraditório, mas muita gente realmente acredita que pagar imposto é um ato nobre.
É perfeito! Se eu fosse Lúcifer queria ter projetado o Estado, de cabo a rabo.
Como o Estado funciona
Segue a lista das 5 religiões mais populares do mundo:
- Estatismo
- Cristianismo
- Islamismo
- Hinduísmo
Estatismo? Sim. A religião “estatismo” é a mais popular do mundo, de longe. Praticamente todos os ateus, sem religião, cristãos, islâmicos, hindus etc. seguem e praticam a religião estatal. Mesmo aquele que se declara cético, acaba muitas vezes sendo um religioso fanático sem perceber.
O Estado, apesar de incontestavelmente ser uma organização criminosa [18] [19] [20] [21], é tido como nobre por grande parte das pessoas. Até mesmo quando os políticos são ridicularizados e não confiáveis, como acontece no Brasil por exemplo, as pessoas poupam o Estado em si e culpam unicamente a má gestão dos políticos. Em geral o executivo é alvo de chacotas, mas o legislativo também é poupado, pois teoricamente eles estão criando leis pra nos ajudar, para nos proteger de nós mesmos. Os pouco atentos comemoram as leis goela abaixo! Oba! Eles estão me ajudando! O judiciário também é poupado. Apesar da fama de lentos, sempre há a máxima “a justiça tarda mas não falha”. Mesmo se no final não houve justiça legítima, se as leis forem cumpridas é o que importa. Todos ficam felizes.
O segredo todo está em funcionar como uma religião. Ele tem quase todas as características de uma religião: tem líderes e autoridades com poderes especiais, tem pastores e evangelizadores, hierarquia, tem leis e regras, rituais, cartilhas de doutrinação, boas intenções, idolatrias, negação de outras religiões, presença física em diversos locais, fieis fanáticos etc. A única exceção é que é compulsório e não voluntário.Uma religião legítima pode até ser considerada algo de extremo mal gosto por aqueles que são anti-religião, mas eles não podem alegar que ela é imoral ou antiética. Já o Estado, utiliza-se das técnicas de uma religião para convencer a grande massa mas tem essa “pequena” diferença que o torna um crime: ele é obrigatório. Ai daquele que não contribuir, ai daquele que não seguir as regras. Ao invés de “queimar num inferno hipotético”, ele vai para o inferno da vida real: cadeias lotadas de estupradores.
O Estado é poderoso. Mas não é O Todo Poderoso como ele quer que as pessoas acreditem. Principalmente no mundo tecnológico de hoje. Ele é apenas bem bolado, bem esquematizado e convence muito bem. Apesar de poderoso, o Estado depende de uma colaboração mínima das vítimas. E as vítimas colaboram por vários motivos: por desconhecimento, por acreditarem nas mentiras dos “pastores”, por acharem que estão tirando vantagem pessoal, por acharem estar fazendo o bem, e, na maioria das vezes, apenas para não “arrumarem confusão” ou não afrontarem o “Todo Poderoso”. Quando somos ameaçados, mesmo de forma velada, é mais cômodo entregar logo tudo que pedirem em troca de uma “paz” temporária.
A estratégia principal dos criminosos convictos é propagar a mentira, e pra isso é necessário controlar uma parte do sistema educacional, ou seja, doutrinar mesmo os distraídos, e controlar também toda ou uma parte da mídia. Não é a toa que a educação é considerada um “direito” e que as escolas, desde a infância, são obrigadas a seguir regras de um órgão estatal. Isso cria, fortalece e autoalimenta de forma indefinida os chamados “intelectuais” (o que seriam os “pastores” ou “evangelizadores” da religião). Aqueles prepotentes que julgam saberem o que é melhor para os outros. Nutridos de boa intenção, eles ajudam a propagar a violência, justificando as maiores violações dos direitos legítimos em nome de um suposto bem estar social e de “falsos direitos” [22]. A "democracia", que nada mais é que o direito de uma maioria impor regras imorais sobre uma minoria, é idolatrada como se fosse a solução para todo o mal. A negação da "democracia" é, segundo a doutrina estatal, implicar numa "ditadura". Nada mais cômodo e inteligente do que essa falsa dicotomia [23] [24].
Intelectuais democratas ou estatistas
Agora que você sabe que é um escravo, ou escravizador, você ainda pode ser aquele intelectual utilitarista e sem muitos princípios que acha que um “sistema” / governo é necessário e que a “democracia” é um mal menos pior do que uma “ditadura” ou até mesmo de um possível “livre mercado predatório”. Se você pensa assim, você é um engenheiro social, você julga que sabe controlar melhor a propriedade alheia, incluindo o próprio corpo das pessoas, do que elas mesmas! Pode até ser que seja verdade: pode ser que você seja dotado de um poder mediúnico incrível ou um dom sobrenatural e que você realmente saiba o que é melhor para os outros. Mas mesmo nessa hipótese bizarra, as pessoas deveriam ainda assim ter o direito de errar, de fazer escolhas erradas e aprenderem por conta própria. Elas tem o direito de controlarem suas próprias propriedades, incluindo o próprio corpo. E elas tem direito também de se “auto destruírem”, de se arriscarem, de serem pobres, de viverem da sua maneira. Além disso, não é possível de nenhuma forma que alguém consiga ter todas as informações que a outra pessoa tem para analisar e saber exatamente que tipo de serviço ela quer, como ela quer, e se ela quer. Leis estatais geralmente igualam as pessoas, como se fôssemos uma colônia de formigas [16], forçando serviços iguais para pessoas com objetivos e visões de mundo diferentes. Esse tipo de intelectual, mesmo bem intencionado, se assemelha ao criminoso convicto. Ambos tem em comum um defeito de princípios, uma falha moral. Se o problema não é a ignorância, o problema é não ver problema em agredir.
Esse tipo de intelectual é uma peça chave para que a religião estatal funcione. Ele é o evangelizador, o pastor, que vai propagar e influenciar a grande massa. É ele que tem o papel de “ridicularizar” os que tentam reagir, chamando a pura rejeição do crime de “utopia”. É ele que legitima o Estado, enaltecendo a democracia, ensinando a importância de se obedecer as leis cegamente, e argumentando que “se você não concorda com uma lei, você deve lutar para mudá-la, mas deve obedecê-la”. Esse intelectual pode agir por conta própria, movido por uma boa intenção desprovida de moral, ou pode simplesmente ser uma marionete de um criminoso convicto. De uma forma ou de outra, o defensor do Estado, seja ele mínimo, máximo, de esquerda, de direita, do partido NOVO ou PCO, são um dos maiores responsáveis pelos crimes sistemáticos cometidos o tempo todo.
Se é o crime perfeito, como ele será derrotado?
A resposta é: tecnologia.
A Internet é incontrolável. Por mais que se tente controlar a informação, a informação corre solta. Não só a informação em si, mas a Internet possibilita outras coisas incríveis como a aproximação de compradores e vendedores, de fornecedores e usuários de serviços e muitas outras coisas, muitas vezes ignorando o Estado.
O Estado tenta reagir. Ele limita e muito a tecnologia. Ele trava com todas as forças uma guerra à evolução tecnológica. Sempre foi assim. Qualquer lei que puder dificultar a evolução tecnológica será criada. Leis que controlam a Internet, limitam a criptografia, proíbem criptomoedas, proíbem serviços P2P, dificultam empresas de trabalhar livremente e experimentar etc. serão sempre criadas com uma desculpa de proteger a todos, mas que no fundo quer proteger o próprio Estado da reação de quem acordou. A tecnologia é o maior inimigo do Estado e ele sabe disso.
Felizmente a esperança é a tecnologia, e a tecnologia avança rapidamente, mesmo o Estado tentando frear de todas as formas.
Referências
[1] MALHEIRO, Agostinho Marques Perdigão. A escravidão no Brasil, ensaio histórico-jurídico-social. Parte 1a. Rio de Janeiro: Typographia nacional, rua da velha guarda, 1866.
[2] Finkelman, Paul. Slavery & the Law. Maryland: Rowman & Littlefield, 2002.
[3] Eltis, David; Bradley, Keith; Cartledge, Paul. The Cambridge World History of Slavery: Volume 3, AD 1420-AD 1804. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.
[4] Higgs, Robert. Dez argumentos para não abolir a escravidão. 2010. Disponível em: https://archive.is/lZQdU
[5] N. do A.: Não incluirei referências sobre isso porque a grande maioria dos materiais modernos disponíveis sobre o assunto, os autores costumam encarar “escravidão” como aquilo que ela não é, i.e., uma definição propositalmente distorcida da realidade. Veja o cap. ii para entender e também este texto: O protecionismo e o “trabalho escravo” dos chineses, por Gary North, 2012. Apesar disso, parece razoável assumir que em alguns lugares do globo terrestre esse tipo de escravidão explícita (sequestro com trabalho forçado) realmente exista, apesar de acontecer de forma secreta / oculta.
[6] HOPPE, Hans-Hermann. Por que é impossível argumentar contra a propriedade privada sem cair em autocontradição. 2010. Disponível em: https://archive.is/56nnu
[7] MAX Karl; ELSTER Jon. Karl Marx: A Reader. Cambridge: Cambridge University Press, 1986. p. 130-136.
[8] Rosenberg, Paul. Ou temos capitalismo ou temos escravidão - não há terceira via. 2015. Disponível em: https://archive.is/ntmyJ
[9] HOPPE, Hans-Hermann. A Theory of Socialism and Capitalism. 2010. Disponível em: http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=83
[10] GARCIA, Alceu. A Escola Austríaca e a refutação cabal do socialismo. 2012. Disponível em: https://archive.is/oj0PB
[11] Rockwell, Lew. **Por que as pessoas não entendem? **2008. Disponível em: https://archive.is/Lo2Su
[12] KINSELLA, N. Stephan. Contra a Propriedade Intelectual. 2001. Disponível em: http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=29
[13] NORRIS, Dolan. A fabulosa ilha Bitcoin. 2015. Disponível em: https://yeppudaproductions.wordpress.com/2015/05/22/a-fabulosa-ilha-bitcoin/ (arquivado: https://archive.is/OdgcE)
[14] http://www.theguardian.com/world/interactive/2013/nov/01/snowden-nsa-files-surveillance-revelations-decoded (arquivado: https://archive.is/Q8vFn)
[15] http://dsic.planalto.gov.br/documentos/quadro_legislacao.htm (arquivado: https://archive.is/80eEN)
[16] Slave-making ant. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Slave-making_ant (arquivado: https://archive.is/k9UMz)
[17] CHIOCCA, Fernando. O velho partido NOVO. 2011. Disponível em: https://archive.is/7e3C0
[18] ROTHBARD, Murray N. A natureza do Estado. 2008. Disponível em: https://archive.is/EZTUZ
[19] ROTHBARD, Murray N. **O Estado, o agressor. **2009. Disponível em: https://archive.is/SRd8m
[20] KOGOS, Paulo. Imposto é roubo, Estado é quadrilha, e outras considerações. 2013. Disponível em: https://archive.is/1kZ1x
[21] ROCKWELL JR, Llewellyn H. O que é o estado? http://foda-seoestado.com/o-que-e-o-estado/ (arquivado em: https://archive.is/qFBmx)
[22] ROTHBARD, Murray N. A ética da liberdade: Lei natural versus lei positiva. http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=7 (arquivado: https://archive.is/kNjea)
[23] HOPPE, Hans-Hermann. A democracia não é a solução; é o problema. 2000. Disponível em: https://www.lewrockwell.com/2000/11/hans-hermann-hoppe/democracy-is-not-the-solution/ (arquivado: https://archive.is/xrI97) e em português em: http://foda-seoestado.com/a-democracia-nao-e-a-solucao-e-o-problema/ (arquivado: https://archive.is/pQm0U).
[24] TAKAKI, Luciano. Democracia é ditadura da maioria sim! Disponível em: http://foda-seoestado.com/democracia-e-a-ditadura-da-maioria-sim/ (arquivado: https://archive.is/mpEUt).