Realmente arrepiante.

Chaplin é uma das maiores figuras de todos os tempos da sétima arte (quiçá, a maior). A maneira com que ele reproduz o discurso, munido até os dentes de um sentimentalismo mais que sincero, é absolutamente incrível. Além disso, o paradoxo criado entre o personagem principal, interpretado por Charlie, e Adolf Hitler é de uma genialidade absurda, tendo em vista o teor contrastante do discurso de ambos. Cada mínimo detalhe desse pequeno pedaço do longa já demonstra o profundo carinho que as mentes por detrás da obra tinham com a produção da mesma. Incrível.

Contudo, sinto-me na obrigação de fazer um pequeno adendo a seus comentários sobre o conteúdo do vídeo.

Há insights brilhantes na fala de Chaplin, não há como negar. Só para citar rapidamente, tudo que Charlie afirma sobre propósito humano e caminho da vida na Terra está correto. A motivação das ações dos indivíduos é naturalmente guiada pela melhoria da qualidade de vida de si mesmo, e consequentemente das pessoas em sua volta. Esse é o "norte" natural das ações humanas.

Mas crer que se trata de uma mensagem atemporal em todos os conceitos que ela se dispõe a abordar é um tanto quanto equivocado. Há algumas falas que invalidam a imortalidade intelectual do discurso de Chaplin.

Vou tentar ser bem claro e sucinto e comentar sobre algumas delas, até porque, não quero tomar muito seu tempo amigo hahah

Vamos lá...

Em exatamente 1:00, o personagem expressa: "Mais do que máquinas, precisamos de humanidade".
Bom, devido a construção proposital da frase, fica claramente subentendido que são coisas opostas, excludentes. Ou seja, que para se ter mais de um, é necessário ter menos do outro. Há um bom tempo já sabemos que isso não só não é verdade, como pelo contrário, máquinas são um dos maiores expoentes da natureza humana. Sintetizando, máquinas e "humanidade" não são excludentes em si. Máquinas são resultados da humanidade, elas representam tentativas de certas pessoas em solucionar problemas de outras, que muitas vezes (muitas mesmo) nem se conhecem, mas reconhecem as dificuldades que vivem.
Poucas coisas demonstram mais humanidade que essa real preocupação de certos indivíduos em melhorar a vida de outros sem nem mesmo se conhecerem pessoalmente. Ou seja, diminuir o número ou limitar a evolução das máquinas apenas diminuirá ainda mais a humanidade das pessoas. E é justamente por isso, que qualquer lei positiva inibe a natureza do homem (sua humanidade) de almejar uma melhor qualidade de vida para si e seus semelhantes. Somente o livre mercado e a livre iniciativa são capazes de solucionar o maior número de problemas ou incômodos de qualquer sociedade, e consequentemente as pessoas que vivem nela.
Creio que o próprio Chaplin, ou seja lá quem for o autor do discurso, tinha conhecimento (mesmo que raso) sobre isso, tendo em vista o belo comentário feito em 1:15 sobre algumas invenções da época: "A própria natureza dessas coisas apela à bondade" e em 2:39 quando assimila máquinas com felicidade e liberdade dos homens: "... de criar máquinas, de criar felicidade!"

A maneira com que o "ditador" repetidamente fala o termo povo também me deixa com uma pulga atrás da orelha. Mas confesso que nesse caso não consegui distinguir se foi uma figura de linguagem proposital do roteiro, que seria absurdamente genial, para se aproximar dos discursos inflamados da época, ou se realmente empregaram o termo no sentido denotativo/literal que ele assume, como sendo a coletivização dos indivíduos. Por isso, não vou me ater a esse detalhe de nomenclatura, até porque prefiro acreditar na genialidade da obra :)

Porém, não há como defender o tom final do discurso. O personagem de Chaplin apela, repetidas vezes, à democracia, e dá a entender claramente como sendo ela um solução válida as inúmeras atrocidades que ele cita durante o discurso. Inclusive, em 3:29 há talvez o maior apelo a uma falsa autoridade derivada da democracia: "Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!!"
Muito provavelmente, Chaplin e toda a equipe de produção do filme acreditavam na democracia como a melhor alternativa de modelo de convivência em sociedade na época. Eles não eram pessoas más, nem tinham más intenções com isso, apenas não queriam mais ver seus semelhantes sendo aniquilados de maneira fria e cruel todos os dias. Não os culpo pela ingenuidade e ignorância a respeito da democracia, praticamente todas as pessoas que conheço também acreditam nela. Mas isso não muda o fato de que ela continua sendo um sistema ineficiente e incapaz de propor plena liberdade aos indivíduos de uma sociedade. E a explicação para isso é muito mais simples do que parece...
A democracia é um sistema de cunho forçado, assim como todo sistema estatal. Ou seja, não é movida a base de trocas voluntárias entre indivíduos, mas sobre coerção e redistribuição de renda que foi forçadamente usurpada de pessoas pacíficas e inocentes.
Não fosse suficiente, o arranjo estatal não tem a menor capacidade de calcular o valor que está gerando, o estado se mantém no poder não por agradar clientes ou oferecer um serviço de qualidade a um menor preço (otimização de custos), mas simplesmente pelo fato de ROUBAR pessoas produtivas em nome do todo (democracia). Se você não concorda ou não gosta do que o estado faz, você não pode deixar de "contribuir" (ser assaltado) ou escolher outra empresa que compete para execução de determinado serviço. Não há competição com o estado, não há estímulo a criatividade e a iniciativa empreendedora e não há plena liberdade de alocar seus próprios recursos onde você mais queira em uma democracia.
Democracia é ditadura, democracia é violência contra pessoas pacíficas e democracia é um tiro contra a liberdade dos indivíduos em expôr sua humanidade para sanar problemas de terceiros da maneira mais eficaz e eficiente por isso. Democracia é só mais uma maneira de controle centralizado sobre as pessoas, de fazerem aquilo que o estado acha certo, e caso você não esteja disposto a obedecer (e mugir como gado), você será violentado e seu capital será severamente usurpado.

Desculpe essa "explosão" agora no final do texto, mas precisava ser o mais claro possível.

Se você ficar interessado, vou deixar link para dois vídeos que tratam mais sobre esse tema. Qualquer comentário ou observação que queira fazer, por favor faça!

Democracia é INSANIDADE
Jorge deve ajudar
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