A tecnologia substituindo pessoas
Passei por uma situação muito interessante nos últimos 9 meses. Quando entrei no meu atual emprego, analista de sistemas em uma companhia de seguros de saúde, fui contratado para atuar no seguinte projeto: desenvolver um software que fizesse a comunicação entre a central de atendimento telefônico e o sistema que realiza as autorizações dos serviços.
Explicando bem por cima, você, que tem um plano de saúde, quando vai a um hospital, clinica ou etc, normalmente mostra sua "carteirinha" do plano. Nesse momento, o atendente acessa o sistema da companhia, entra com seus dados e, após uma sequencia gigantesca de regras e validações, o sistema aponta se você está autorizado ou não a ser atendido. Esse sistema de autorizações possui regidas pela ANS (Agencia Nacional de Saúde Complementar) e segue padrões rigorosos de desenvolvimento, sempre muito atualizado, tanto em tecnologias quanto nas regras.
Em paralelo a isso, os hospitais/clinicas/etc podem também utilizar a central telefônica para solicitar autorizações. E nessa parte que o software que escrevi entrou. A central utilizava um canal muito antigo que já não satisfazia mais as regras, fazia com que muitas ligações fossem direcionadas a atendentes humanos (empregos e mais empregos) e fizesse com que o custo de manutenção subisse.
Após muito aprendizado, tanto com relação as tecnologias quanto a como funciona um plano de saúde, hoje o software começou a ser executado e forma efetiva. Espera-se uma redução de direcionamento para atendentes humanos gigantesca, uma vez que sozinho o processo todo pode gerar as autorizações e realizar todos os procedimentos necessários.
Fora do âmbito da empresa, me peguei pensando: um software que eu escrevi, provavelmente irá derrubar alguns empregos. Com o aumento da produtividade automática do processo, em alguns meses muito provavelmente não serão necessários muitos daqueles atendentes.
Com o Brasil em uma crise de desemprego gigantesca, até que ponto é aceitável a tecnologia tomar empregos e rendas de algumas famílias?
Em contrapartida, essa movimentação tira as pessoas de sua zona de conforto e faz com que elas se movimentem em busca de não só algo melhor, mas algo que seja aplicável em um mercado tão agressivo e faça com que ela tenha um diferencial por cima de tantos outros que se encontram na mesma situação.
Não me sinto culpado pelo meu trabalho, mas sinto que ele faz parte de uma revolução tecnológica que veio em péssima hora para alguns. E você, acha que a tecnologia desbancando empregos dessa forma é uma melhora nos processos ou uma triste realidade em muito não se salvarão?
Obrigado por ler
A...
Ótima discussão, Soave.
Preciso pensar melhor a respeito, mas o que posso dizer nesse momento é que a culpa não é sua. Você só fez seu trabalho! Se tivesse que culpar alguém, talvez culpasse a pessoa que manda nisso tudo e que irá desligar essas pessoas de seus cargos.
Entendo que exista todo um interesse capitalista por trás, que, obviamente, visa o lucro e os cortes de gastos que a tecnologia pode trazer, mas minha cabeça de humanas fica pensando se não existe uma solução, um meio de melhorar de um lado, sem ferrar o outro, sabe?
Enfim, vou mesmo pensar sobre isso... obrigada por compartilhar! :)
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