“Deus criou o mundo, mas deveria ter imortalizado os gênios.”
Foi assim que terminou uma conversava com meus pais a respeito de Oscar Niemeyer (1907-2012), que, enquanto esteve hospitalizado (maio de 2012), dizia que queria voltar para casa e retomar seus projetos.
É impossível não se orgulhar de um homem como ele. Niemeyer tinha 104 anos e foi um renomado arquiteto com mais de 80 obras espalhadas pelo mundo. Analisando-o como um exemplo a ser seguido, imaginei como seria o mundo se os gênios fossem imortais.
Gênio: s.m. - pessoa com grande capacidade mental. Ela pode se manifestar por um intelecto de primeira grandeza, ou um talento criativo fora do comum.
Eu reuni alguns gênios de diversas áreas numa sala imaginária e propus um debate. Entre os convidados estavam:
O físico Albert Einstein (1879-1955), o pintor Pablo Picasso (1881-1973), o artista Michelangelo (1475-1564), o músico Mozart (1756-1791), o pai da psicologia analítica Carl Gustav Jung (1875-1961), o ex-jogador de futebol Pelé (1940-até hoje), o cantor Michael Jackson (1958-2009), o gênio da diplomacia Mahatma Gandhi (1869-1948), o químico Albert Hofmann (1906-2008) e o escritor Gabriel García Marquez (1927-2014).
Depois que todos se acomodaram eu comecei o debate.
“Eu quero fazer uma pergunta cuja resposta dependerá do grau de genialidade de cada um."
O silêncio permaneceu e eu continuei: “Eu gostaria de saber qual conselho vocês dariam para nós humanos, mas não gênios (ainda)?”
Ao ouvirem a pergunta eles riram, mas não existe pergunta idiota. Então após as risadas, Albert Einstein foi o primeiro a falar.
“A imaginação é mais importante que o conhecimento”, o físico disse.
Pablo Picasso tinha outra opinião: “Eu estou sempre fazendo aquilo que não sou capaz, numa tentativa de aprender como fazê-lo. Eu não procuro. Descubro. A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade.”
Pelé, o rei do futebol, concordou e frisou: “Foi o que eu disse uma vez para o Ronaldinho: nunca diga que você é o melhor. Deixe os outros falarem.”
Para Mozart, o debate era óbvio e acrescentou: “Nem um elevado grau de inteligência, nem imaginação, nem ambos fazem um gênio. Amor, amor e amor, que é a alma do gênio.”
Michael Jackson concordou e disse: “Meu conselho é, por favor siga os seus sonhos. Seja qual for seu ideal, você pode se tornar o que desejar.”
Mahatma Gandhi ponderou a conversa: “A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita.”
Porém, Michael Jackson refletiu sobre sua opinião: “Tudo bem, mas se você quer fazer do mundo um lugar melhor, olhe para si mesmo e faça uma mudança.”
Agora foi a vez de Carl Jung se expressar. “Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos. Quem olha fora, sonha. Quem olha dentro, desperta” afirmou o psicanalista e Gandhi continuou: “Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.”
Jung fumou seu cachimbo, cruzou as pernas e completou seu pensamento: “A questão não é atingir a perfeição, mas sim a totalidade.”
Michelangelo, era o mais velho da turma e quando os amigos finalmente deixaram-o falar, ele disse: “Ser um gênio é ter uma paciência eterna. Eu vi um anjo no mármore e esculpi até libertá-lo.”
Naquele momento, todos se entreolharam. Albert Hofmann, que até então manteve-se calado, viu que seus amigos gênios surpresos com a frase de Michelangelo e disse: “Ligue, sintonize a caia fora.”
Os gênios continuaram sem entender e o escritor Gabriel Garcia Marquez achou melhor encerrar o debate: “Tudo é questão de despertar sua alma. A vida é uma sucessão contínua de oportunidades.”
Eu me senti satisfeita e agradeci a participação de todos. Eles foram embora e eu permaneci perdida em pensamentos. De repente, senti uma mão encostar no meu ombro, era o dramaturgo William Shakespeare (1564-1616).
Eu tinha esquecido de convidá-lo, mas como a notícia do encontro tinha se espalhado, ele quebrou o protocolo inglês e permaneceu escondido atrás da cortina. Ele sentou-se ao meu lado, olhou para mim como se soubesse no que eu pensava e disse: “Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.”
Então querido leitor, não tenha medo, seja um gênio.
Com amor @marcelli