Em 10 de setembro de 2008, há exatos dez anos, dois pontinhos em uma tela do centro de controle do CERN - Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear sinalizaram a primeira vez em que prótons¹ circularam no LHC - Large Hadron Collider, encerrando a era de projeto e construção da grande máquina e marcando definitivamente a sua real funcionalidade.
No vídeo acima, divulgado hoje pelo canal do CERN no Youtube, Lyn Evans, líder do projeto LHC, e Lucio Rossi, líder do projeto High-Luminosity² LHC, recordam este dia histórico e como a máquina, depois de algumas paradas técnicas para upgrades, progrediu nos últimos 10 anos e agora caminha uma atualização que vai torná-la ainda mais poderosa.
Detalhe da fachada do CERN Control Centre (arquivo pessoal)
O vídeo foi feito no CERN Control Centre, um local que, como sugere o nome, centraliza o controle técnico de tudo o que acontece no CERN e que mostro na imagem abaixo que eu mesmo fiz em 2010 quando participei da Escola de Física do CERN 2010 como bolsitas das CAPES num programa da SBF - Sociedade Brasileira de Física. (Falo sobre esta incrível experiência pessoal em alguns posts aqui no Steemit. Confira: post 1, post 2 e post 3)
Vista geral do interior do CERN Control Centre (arquivo pessoal)
Note no vídeo, aos 2:26, que um cientista abre uma garrafa de champagne, ato bastante comum entre os pesquisadorse em eventos de sucesso.
Na minha visita ao centro de controle do CMS - Compact Muon Solenoid, dentre toda a parafernália tecnológica, não pude deixar de notar sobre um armário um grande quantidade de garrafas de champagne vazias. Veja você mesmo na imagem abaixo feita através do vidro que isola a sala de controle.
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Interior do centro de controle do CMS e as garrafas vazias sobre o armário (arquivo pessoal)
Conseguiu ver as garrafas? Vou dar um zoom na imagem para facilitar.
Interior do centro de controle do CMS e as garrafas vazias sobre o armário (arquivo pessoal)
As garrafas ficam ali como se fossem troféus pois foram abertas em momentos especiais onde algo importante para a Ciência aconteceu. Cada garrafa tem, portanto, uma história própria.
Vale lembrar que em 2012 dois experimentos do LHC confirmaram a existência do Bóson de Higgs que rendeu Nobel de Física logo em 2013. Conto melhor esta história neste post.
Abraço do prof. Dulcidio. E Física na veia!
¹ No LHC, átomos de hidrogênio são a fonte de prótons a serem acelerados. Cada átomo de hidrogênio tem seu único elétron arrancado por uma descarga elétrica, restando apenas o núcleo, um caroço central que nada mais é do que um próton. Estes prótons od hidrogênio ionizado são então acelerados por um complexo de aceleradores até o quinto e último estágio que é o LHC propriamente dito. Na prática, dois feixes de prótons viajam no anel do LHC em sentidos opostos. Em quatro grandes experimentos, bobinas poderosas forças os feixes a se cruzarem, resultando em colisões que são registradas por detectores.
² O LHC passará por um severo upgrade e então passará a chamar-se High-Luminosity LHC. A máquina terá a sua luminosidade (a razão entre o número N de eventos detectados em um determinado intervalo de tempo t e a seção transversal de interação σ) aumentada por um fator 5 o que fará com que a quantidade de dados coletada seja cerca de 10 vezes maior que a atual. Estas melhorias permitirão estudos ainda mais profundos que pretendem testar diversas teorias que vão além do Modelo Padrão de Partículas Elementares. O High-Luminosity LHC está previsto para estar funcional em 2026.
Este post também foi publicado no Física na veia! (UOL Ciência) neste link.
These are beastly and alluring :)
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Boa, professor! Já fazem dez anos? Parece que foi ontem :D Eu que não tenho muito conhecimento sobre o assunto até achei que poderia ser perigoso um empreendimento deste tamanho em uma região povoada, garantes que não preciso me preocupar? :P Obrigado por compartilhar ;)
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No começo das operações do LHC @casagrande, havia um burburinho de que micro buracos negros pudessem surgir nas colisões e acabar engolindo tudo ao seu redor. Eles até podem surgir. Mas evaporam rapidamente. Os experimentos são feitos sob total segurança, num túnel subterrâneo, encravado na rocha a 100 m de profundidade. E envolve uma quantidade de energia total equivalente a de uma cidade de médio porte. Nada de mais.
Existe sim uma energia concentrada em cada colisão, enorme proporcionalmente ao tamanho/massa das partículas que colidem. Mas nada absurdo.
Os experimentos são seguros. Cientista maluco é coisa de cinema. No mundo real, ao contrário da ficção, cientistas (no plural), de todos os cantos do planeta, em regime de cooperação, pensam e agem juntos.
Pode dormir tranquilo! Se o mundo acabar, pode ser por qualquer outra coisa, qualquer outro evento, humano ou natural. Neste sentido, eu tenho mais medo dos biólogos do que dos físicos! Já imaginou um descontrole sobre bactérias hiper resistentes, por exemplo? :)
Abraço. E Física na veia!
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