Esta semana estava eu numa das secções do hospital, na fila, para marcar uma consulta. Essa secção estava um pouco desorganizada porque a máquina que fornece as senhas não funcionava e estava muito demorado para uma pessoa ser atendida. Ou seja, o normal. A certa altura, há uma senhora indignada que diz:
-"Isto é incrível. Filas e filas... Não há nada que funcione. Mandam-me vir de um balcão para outro e agora dizem que não é aqui... Não há pessoal suficiente... Olha, eu devia era colocar uma bomba e rebentar com isto tudo."
Ora, vamos lá ver uma coisa. O que é que colocar uma bomba vai resolver a situação? Quando muito vai piorar uma imensa série de situações. Para já, vai haver mortos e feridos e nenhum hospital para tratar as pessoas. Depois, já há falta de médicos e assim haveria muito mais. E, o mais importante para essa senhora, não vai haver máquina que fornece as senhas a funcionar e um balcão para onde ela se possa dirigir.
É muito disso que se vê nos hospitais: indignações, stresses, discussões... Uma pessoa entra triste no hospital e sai de lá com vontade de se matar tal a depressão que apanha. E doenças? A quantidade de vezes que pessoas apanham doenças no próprio hospital. Há quem entre lá saudável e saia doente, quando deveria ser o contrário. Até já se acha normal quando se fala de vírus hospitalar. É que há nome para isso e tudo. Não deveria haver vacina para isso em primeiro lugar?
E as coisas que se ouve na sala de espera? Que se ouve ou que não se ouve. Alguém consegue perceber na perfeição quando os médicos chamam pelo nome nas colunas de som do hospital? Eles ainda devem estar a usar colunas de som compradas na Feira da Ladra dos anos 80. O som é muito mau. Coitados dos doentes que estão à espera ali à tanto tempo:
Doente 1 - "Ai aiiii... Nunca mais chamam para ir ter com o sr. doutor."
Nisto, ouve-se através das colunas de som o médico chamar alguém, mas não se percebe nada.
Doente 1 - "Quem? O que é que ele disse? António?"
Doente 2 - "Não. Acho que ele disse Esmeralda."
Doente 1 - "Ele? Não foi uma médica que falou?"
Doente 3 - "Foi sim. E chamou por Flávio Cebolo. Acho eu."
Mas há sempre um velhote que percebe o nome.
Doente 4 - "Ele disse o seu nome. Gustavo. Pode ir."
Doente 5 - "Disse? Como é que sabe?"
Doente 4 - "Ah, eu já estou cá há tanto tempo, eu percebo o que eles dizem."
Estar na Sala de Espera é uma seca. Devia chamar-se a Sala da Seca. Quando estamos lá sem nada para fazer, muitas vezes olhamos em nosso redor tentando adivinhar que doença tem as pessoas que estão na sala.
E quando alguém acaba de ser atendido pelo médico e passa pela sala de espera para se ir embora, todos viram os olhos para essa pessoa e imaginam:
"O que será que este rapaz tinha? O que é que o médico receitou? Ele está a coxear... será que levou uma vacina tão forte nas nádegas que nem consegue andar?"
Um dia eu gostaria de passar pela sala de espera depois de ser consultado, com pó branco no nariz e a fungar, de olhos esbugalhados. A ver o que as pessoas iriam pensar o que me aconteceu.
No centro de saúde da minha zona agora tem uma máquina automática para marcação de consultas. Chega-se lá, insere-se o cartão de utente e a máquina marca a consulta. Para já, o programa corre no Windows, o que é um desafio para os velhotes. É que aquilo de vez em quando "crasha".
A máquina tem voz, que vai dizendo quais os passos a tomar para registar a consulta. Só que a voz é alta e todos ouvem o que estamos a fazer, mesmo quando fazemos asneira. "RETIRE O SEU CARTÃO." Toda a gente ouve. Ficamos envergonhados. Já imaginaram se a máquina fosse mais sincera e dissesse mais do que devia?
"Já disse para retirar o cartão. Você é surdo ou quê? Se calhar é mesmo, por isso é que está aqui. Carregue na tecla 2... Eu disse na tecla 2, não na 4!!! Porra, que você é mesmo burro!!!"
Quando se vai marcar análises na receção da clínica, a rececionista costuma informar o que fazer antes das análises. Por vezes, pode ser um pouco embaraçoso. Um dia estava na sala de espera com mais pacientes, tudo silencioso, entra um senhor bem apresentado, limpinho, nariz empinado, chega-se à receção, marca a análise e a rececionista diz bem alto:
-"Para o exame ao ânus, não se esqueça de pôr o clister. No dia anterior faça todo o cocó que tem a fazer. Não se esqueça de limpar bem o rabo e, já agora, os tomates também, para não vir a cheirar mal!"
Ele quando olhou para trás, envergonhado, estava tudo a vomitar.
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Não gosto muito de ir a hospitais, centros de saúde... é sempre um stress, sai-se de lá mais doente do que se estava, enfim... evito mesmo ao máximo, só quando não há outra solução.
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Exactamente.
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Uma aventura no hospital! O Bruce Willis ainda fazia um bom filme nessa atmosfera “Assalto ao hospital 1” 🤣
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Se fosse no Garcia de Orta, acho que ele não sairia vivo.
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Assalto ao hospital 2 (prometemos muito sangue!) (Quiçá umas próteses ou umas dentaduras novas...) 😛
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