Mulheres Policiais

Com o passar do tempo, as mulheres cada vez mais vem se superando na busca de seu espaço e isto não é diferente na Polícia. Mesmo atuando em um universo predominantemente masculino, elas foram capazes de quebrar paradigmas e superar antigas barreiras culturais em relação à natureza de seu ofício e assim fazer jus à sua escolha profissional.

Foi em 1955, que no Brasil se deu o primeiro registro de mulheres nas atividades policiais, através da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o que foi um marco na modernização das corporações policiais do país.

O quadro feminino da Polícia Militar existe há 60 anos mas ainda assim podemos dizer que é algo novo na realidade da instituição que é predominantemente masculina.

Não é nada fácil ser mulher dentro da PM, pois durante muito tempo as policiais entravam na corporação apenas para fazer um serviço assistencial, jamais saindo na viatura para participar de rondas ostensivas.

Hoje considera-se que o ingresso das mulheres teve um efeito positivo fundamental, absolutamente necessário, fortalecendo imensamente a instituição.

Seu principal diferencial foi humanizar mais a atividade policial, com sua boa capacidade de comunicação, técnicas de convencimento e imagem maternal, e com o passar dos anos, demonstrado seriedade, disciplina, profissionalismo, elas estão aptas a desempenhar todas as funções e cargos, com excelência.

Se destacam tanto como policial, como delegada e tantas outras funções que realizam sem deixar de lado a feminilidade, mesmo quando precisam usar uniforme, costumam estar sempre arrumadas, maquiadas e bem vestidas, sem que com isto demonstrem fraqueza ou tenha reduzida sua autoridade.

Normalmente possuem uma forte personalidade, sabem o que querem, e se dizem felizes com o caminho que decidiram seguir mesmo expondo suas vidas aos riscos da profissão.

As pioneiras tiveram que enfrentar muitas dificuldades, já que na época um dos requisitos para ingressar na carreira era ser solteira, não ter filhos e só poderiam se casar depois de dois anos exercendo a atividade. Eram obrigadas a cortar os cabelos curtos.

A coronel Valdenize Ferreira conta que foi uma das primeiras a resistir procurando o Conselho das Mulheres, e com muita luta e persistência, conseguiu vencer esta e muitas outras batalhas que viriam.

Atualmente, todos esses pré-requisitos não são mais considerados necessários. Outra de suas grandes conquistas, foi a possibilidade de promoção do posto até coronel, que de inicio era previsto somente até capitã.

Valdenize foi homenageada na corporação, e se diz muito feliz em ter investido tanto tempo em sua carreira e na missão de ajudar aos jovens a não se envolverem com drogas e a violência, contribuindo com a cultura de paz e assim ajudando na segurança pública.

Em uma sociedade onde ainda predomina o machismo, e a responsabilidade pelos cuidados do lar e da criação dos filhos recai sobre os ombros da mulher, o desafio de conciliar o trabalho diário da profissão, com estas tarefas é constante. Segundo a coronel:

Harmonizar tantas atribuições juntas é uma verdadeira operação de guerra. Muitas responsabilidades nos dois universos. Nós mulheres temos que matar um leão por dia, sendo firmes e seguras para manter a ordem dentro de casa e em nossas atribuições, sem deixar a peteca cair.