Entrei na noite de olhos fechados (reBloged)

Entre a realidade e a ficção sopra uma brisa, pêndulo de relógio galileico oscilando entre o gemido da onda que se faz à praia e o murmúrio multicor de lantejoulas e colares de pérolas luminosas que descobrem a nudez invisível da noite.
É nesta suspensão indissolúvel, restos diurnos de consciência flutuando no espaço circundante que navego e avanço nesta brisa desértica impregnada de vida por néons que reflectem na calçada passos incertos na cadência descompassada entre o equilíbrio vago do corpo abandonado de vergonha e as roupas lançadas ao chão como moedas à fonte dos desejos.
Entre o início e o fim outras luzes se acenderão, adornando um corpo frio e sedento de tacto, embrulhado numa pauta de silêncios saídos de uma aguarela em tons de sol maior, inventando sombras com alma que não existem na escuridão da realidade imaginada.
Entrei na noite de olhos fechados.