A tarde vai despindo os trajes largos e em tons de despedidas suaves enquanto se prepara lentamente para mais um mergulho no mar. Amanhã voltará novamente depois de mais um passeio de mão dada com a noite. O calor e a humidade misturam-se num tempero irresistível aos sentidos.
Os cheiros, são os cheiros deste canto do mundo, exóticos e intensos, duma provocação impossível de ignorar. Passeiam-se pelo emaranhado de ruas que nos levam a lado nenhum e nos trazem, no mesmo instante, de volta a este mundo mágico, misterioso e rico de profundas sensações. Os cheiros e o desassossego ritmado das ruas onde encantadores de serpentes e malabaristas convivem com vendedores de quase tudo, aladinos, lamparinas e um arco-íris de alimentos e especiarias à espera de serem regateados, seguem a tarde que calorosamente já se despe atrás dos telhados mais afoitos.
É essa mesma tarde, já meia despida e acompanhada do circo que lá fora insiste em não desmontar, que entra em tons quentes pelas portadas de uma janela.
Há janelas generosas, esta brinda-nos dividindo a luz desta tarde indiscreta, já quase nua, que nos veio espreitar em múltiplos olhares em forma de raios de sol dum laranja escuro e quente.
(continua)
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