Uma busca pela verdade verdadeira

in pt •  7 years ago 

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A inquietação faz parte de meu ser, algumas pessoas dizem que talvez seja apenas meu transtorno de atenção, e de certa forma é, mas não quero generalizar e dizer que um transtorno pode fazer tanto na vida de uma pessoa.

A inquietação que me refiro nesse momento não é física, mas mental, filosófica e por um tempo chamei também de espiritual. Ela começou na adolescência, quando passei pela clássica desconstrução de crenças e expectativas numa atitude rebelde contra um suposto deus clássico dito e respeitado por todos, ao me ver completamente perdido em meus anseios e mimimis de adolescente briguei com a teoria de deus e falei que se ele quisesse meu respeito, que comprovasse sua existência! Haha! Nada como a imaturidade de um rebelde de 15 anos.
Na época lembro que foi um frescor aceitar-se ateu, e de certa forma eu sentia-me superior, gostava de dizer que era ateu. Minha mãe simplesmente ignorava e fazia de conta que eu era católico ainda, na verdade nunca fui de fato católico, apenas aceitei tal etiqueta.

Esse processo de primeira decisão não-religiosa durou um bom tempo, até que certa vez eu tive a oportunidade de experimentar LSD com alguns amigos, isso lá pelos dezoito anos. Essa experiência quebrou meus paradigmas supostamente rígidos (firmados em nada, já que novamente, ser ateísta estava sendo apenas um rótulo, nunca pesquisei ou aprofundei tal conceito), a experiência não me fez ver deus, não me deu uma resposta mágica do cosmos, mas abriu uma percepção até então inexistente em mim, a percepção de que nem tudo que vemos e sentimos é definitivo, é único. Uma mesma coisa pode ser compreendida de inúmera formas, a matemática por traz da natureza e de nosso "cenário" é muito mais denso e complexo do que podemos conceber. Nada que eu descrever aqui fará jus a experiencia de ter a consciência expandida.
Dali pra frente acabei lentamente entrando num vórtice de novos conhecimentos. Abracei o conceito da Nova Era, estudei tudo que pude independentemente a respeito de chácras, yoga, meditação, experiências fora do corpo, plantas enteógenas e assim por diante, li até não poder mais. E essa fase que parecia definitiva para mim durou muitos anos, praticamente dez anos.

Nesse meio tempo me aprofundei mais e mais no conhecimento que julgava real e profundamente correto, me especializei como pude em energias e em conscienciologia (uma longa história), mas ficar parado no mesmo lugar não é parte de meu ser, não consigo, e não é por que sinto que preciso mexer, mas sim por que eu investigo, e investigo mais e mais fundo e então em certo momento, depois de ler muito, muito, comecei a perceber inúmeras falhas sutis nas doutrinas espirituais, alguns dogmas fortes em grupos que se diziam sem dogma e alguns ranços religiosos fortes em grupos que se diziam sem religião mas não passavam de pseudo-ciência.

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Quando me dei por mim, percebi que passei inúmeros dias de minha vida fantasiando ideias muito pouco prováveis, idealizando conceitos espirituais muito pouco aplicáveis e deixando de lado (e desmerecendo) coisas tão básicas e mais importantes (exatamente por serem definitivamente reais) como a filosofia, a biologia, etc. O mal maior da nova era é a ideia de que o lado de lá é que é o verdadeiro lado, tudo aqui é ilusão, é maia, é abstração. O que, indiferente de ser verdade ou não, é um grande problema, dado que VOCÊ ESTÁ VIVENDO DESSE LADO! É aqui que precisa trabalhar sua consciência! Todo o resto é secundário! Vivi ao lado de pessoas que obcecadas pensavam e falavam apenas sobre o mundo espiritual e tudo, tudo era influência negativa ou positiva de espíritos. De forma que se tornava tortuoso existir!

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Eu havia retornado para o ceticismo, mas não era ateu mais, quem sou eu para me considerar ateu, afirmar que deus não existe? Nada sei a respeito de deus! O que sei é sobre a fé e a força da fé, e, quando equilibrada, certamente não tem mal nenhum! Estudando de forma mais profunda a religião com alguns autores como Joseph Campbell percebemos a importância profunda da mitologia e da religião na construção da sociedade humana, de forma algumas devemos limitar ou banir tais atitudes. O que posso dizer é que, com a visão cética que tenho do mundo hoje, sinto-me protegido a não cair em tantas bobagens que vejo por aí, estamos cercados de pseudo-conhecimentos e muitos se entregam de corpo e alma para falsas curas espirituais, falsas esperanças em produtos alternativos naturais que curam e assim por diante. É necessário muita cautela quando estamos falando sobre a realidade humana.

Nossa, mas que chato ser cético.

Não necessariamente:
Eu não fico tentando refutar teoria de ninguém, nem tenho tempo para isso. Inclusive eu viajo muito, muito em inúmeras teorias, por exemplo a da Simulação da realidade. Pra mim, a teoria da simulação é tão real quanto a teoria de deus e espero escrever sobre isso logo mais!

Aonde estará meu conhecimento e minha ideologia filosófica daqui mais dez anos? Não faço ideia, sei que foi um longo caminho até aqui. Mas como eu disse, não penso que seja aleatório, que seja apenas uma inquietação sem rumo, mas sim uma busca desenfreada pelo mais próximo que se pode chegar da verdade verdadeira.


Obrigado por ler! Aguardo seus comentários!

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Já te falei que acho a sua jornada muito interessante. Espero que a inquietação leve ela ainda mais além. O mais interessante é que nunca poderemos saber bem onde que ela irá nos conduzir. Podemos voltar lá para o começo com novos olhos ou encontrar rumos totalmente diferentes. É sempre uma surpresa.

Obrigado, amigo. Esse texto acabou ficando muito resumido, mas como o steemit tem essa limitação da "atenção do leitor" achei que seria cansativo demais me prolongar nisso, então quem sabe, futuramente tirar um pouco de cada coisa que aprendi com essas fases e escrever aqui seja uma boa.

Sim. Quem sabe não ajude outros viajantes que passam pelos mesmos caminhos!