Já há algum tempo nos deparamos com esta nova teoria: a da Terra Plana (Flat Earth). Há muita informação na internet e, claro, muitos fiéis seguidores.

Vi algumas coisas net afora e, para mim, não foi nada difícil relacionar todo este universo terraplanista com o da religião. Tem todos os "sintomas" de uma seita e, como não podia deixar de ser notado, vê-se manipulação de informação, argumentação "convincente" baseada em especulações e medos, e, claro, rola GRANA, MUITA GRANA no meio disto tudo.

Para esclarecer, tomei a liberdade de traduzir um artigo publicado ontem, 05 de abril, no RT. Nesta matéria, o canal mostra só um pouquinho do frenético fluxo do dinheiro que esta teoria negócio tem agora e, como está em franca expansão, o que gerará futuramente.

(traduzido a partir do artigo original, em espanhol, publicado em 05/04/2018, no portal RT)

Os partidários das teorias conspiratórias, geralmente,estão convencidos de que a informação que lhes é oferecida, proveniente de fontes oficiais do Governo ou dos cientistas, é falsa e estes tratam de ocultar a verdade.

Cresce, cada vez mais, o número de pessoas que acredita que a Terra é plana e assegura que a ideia de que nosso planeta é redondo forma parte de uma conspiração orquestrada pelos governos e pela NASA (entre outras estruturas oficiais), que tratam de ocultar a suposta verdade. A razão pela qual, apesar de nos encontramos em plena era da livre informação na Internet, o número de seguidores desta teoria conspiratória segue crescendo, dia após dia, pode ser devida ao fato de que isto tenha se convertido em um negócio muito rentável para quem o promove.

Internet, uma rede para novos simpatizantes

Internet e as redes sociais têm um papel muito importante na hora de reunir simpatizantes que defendem que a Terra é plana e de difundir a mensagem desta ideia.

Uma das ferramentas mais utilizadas para difundir dita teoria é o Youtube, onde abundam os vídeos dedicados a "demonstrar" que a Terra é plana. Surpreende ver como algumas destas publicações chega a superar o meio milhão de visualizações e cria um intenso debate nos comentários, como acontece no caso do documentário 'Impossiball', inserido no verão de 2017.

Grupos como 'Tierra Plana' (em espanhol), um dos que defendem esta teoria, são numerosos no Facebook e contam com milhares de membros que compartilham diversas informações que "demonstram" que a Terra não é redonda como indica a ciência.

1,4 milhões de dólares em expedições

Em novembro do ano passado, um conjunto de organizações relacionadas com a defesa do "terraplanismo" se reuniu na I Conferencia Internacional Tierra Plana (site em inglês), na Carolina do Norte (EUA) e organizada por Robin Davidson, autor do filme documentário sobre a questão. Durante o discurso inaugural, Davidson disse que o evento seria "o começo de uma revolução que afetará milhões de pessoas". O objetivo comum desta organização é "a verdadeira investigação científica da Terra", complementou o autor.

Entre os participantes do evento, estava um representante da FECORE (site em inglês), organização científica, sem fins lucrativos, que está disposta a gastar 1,4 milhões de dolares na organização de várias expedições científicas para comprovar se a Terra é plana ou não. A peculiaridade do projeto reside no fato de que não depende de nenhum governo ou instituição, financia-se integralmente por meio das contribuições econômicas feitas pelas pessoas.

FECORE se financia por meio da sua página web. O preço da assinatura oscila entre os 25 dólares/ano e 125 dólares/seis meses. A estes assinantes, a organização oferece a possibilidade de participar nas missões que serão realizadas que, entre as quais, está incluída uma viagem à Antártida. O preço da "passagem" que permite fazer parte desta expedição ronda os 6.000 dólares, montante que cobre todos os gastos, desde a viagem a bordo do The Spirit of Enderby, a roupa especial ou o voo que partirá dos EUA e seguirá para a Nova Zelândia. A organização tem previsto realizar duas missões durante o ano.

Valores das assinaturas (não consta no artigo original) . Fonte: FENCORE

Nos últimos anos, várias figuras públicas expressaram sua convicção de que a Terra é, na realidade, plana. Bom exemplo disto são as declarações de alguns atletas de elite como o jogador de basquete da NBA, Kyrie Irving que, no ano passado, disse (artigo em espanhol) à NBC que acreditava que o nosso planeta não era redondo. E não é o único. O rapper B.o.B. começou a arrecadar (site em inglês) a estratosférica cifra de um milhão de dólares por meio do GoFundMe para "lançar seus satélites no espaço" e, desta forma, descobrir a verdade sobre como realmente se vê a Terra desde o espaço. Até agora, arrecadou quase 7.000 dólares.

A era da 'pós-verdade'

Diana Popescu (site em inglês), doutoranda na Escola de Ciências Políticas e Econômicas de Londres, vincula o estabelecimento destas teorias conspiratórias entre a população ao fato de que nos encontramos na era da pós-verdade, que se caracteriza pelo amplo desenvolvimento dos meios de comunicação digital e a perda da importância da verdade.

Precisamente, quem apoia estas teorias está convencido de que a informação que lhe é oferecida, a que provem de fontes oficiais do Governo ou da comunicação científica, é falsa e há uma tentativa de ocultar a verdade.