Vício Game

in vicio •  5 years ago 

Há uns quinze anos atrás mais ou menos, eu estava com meu primeiro computador que eu utilizava pra jogar. O meu gênero favorito era estratégia, títulos como Age of Empires, Rise Of Nations, Total Annihilaion, Empire Earth, Command and Conquer, Civilization, etc fazíam parte da minha rotina. Vez ou outra eu jogava de outros gêneros como Doom (que farei um post sobre ele depois) e as vezes até jogos mais simples. Como era um dos meus primeiros computadores, eu ficava hipnotizado por esses jogos, chegava do colégio, cursinho ou faculdade e ia jogar.

Naquela época eu dormia num quarto muito pequeno, o computador portanto precisava ficar numa espécie de saleta que era um quarto e virou depois cozinha. Lá minha irmã passava e me caçoava dizendo que eu em vez de ir estar com os amigos ficava o dia inteiro naqueles jogos. Claro, no fundo havia um instinto de disputa por aquela novidade que era o computador, pois quando eu não utilizava ela podia utilizar seja pra chat, seja posteriormente pra orkut. Ela inclusive chegou a me mandar um depoimento caçoando meu vício em jogos falando dentre vários elogios que eu ficava o dia inteiro em vez de sair.

Um certo dia um amigo meu me emprestou um CD com "trocentos jogos para windows", era jogos simples, alguns quando eu copiava para o PC permitia por exemplo salvar recordes. Tinha uns clones de bomberman (Fracas), e um que vc matava alguns soldados (Mortuum). Copiei eles para meu PC e devolvi o CD, além desses havia um que se chamava Rally-k. Desse não me lembro bem, mas era uma especia de pacman que o personagem era um carro de fórmula 1 correndo num labirinto "comendo" uns pontinhos, mas que não podia bater na parede. rallyk.png
Logo depois que comecei a jogar fui fazendo recorde atrás de recorde, o interessante do jogo é que ele tinha um ranking de 100 posições. Rapidamente as 100 posições já estavam ocupadas por mim, havia uns recordes que víam de default e eu passei todos. Só os 20 primeiros com pontuação muito alta que eu usava meu nome mesmo, nas outras eu colocava nomes aleatórios como "Homer Simpsons" ou "King Kong" pra variar um pouquinho.

Assim que minha irmã viu eu jogando esse jogo, não deu outra, me caçoou por eu estar perdendo um lido dia lá fora pra ficar jogando quele joguinho bobo. Eu tentava parar aquele discurso chato falando que o joguinho era legal pois parecia pac man que ela já havia jogado algumas vezes décadas atrás. Acabou que de eu me defender tanto com esse argumento, ela quis jogar pra ver. Jogou tão mal que não conseguiu nem entrar no top 100. Expliquei pra ela que com uma pontuação maior o recorde dela poderia ser um dos 100 melhores. Deixei ela jogando naquele dia e saí, quando eu voltei ela tinha conseguido uma posição perto do centésimo lugar, mas logo eu removi o nome dela fazendo recordes melhores. Eu por dentro pensava machistamente que mulher não consegue ser boa em jogos de computador o suficiente pra conseguir algum destaque.

No dia seguinte eu jogando um jogo de estratégia, ela vem e pede pra depois mexer um pouco. Saio e quando eu volto, pra minha surpresa ela estava tentando novamente o rallyk conseguindo novamente colocar alguns recordes nas últimas posições. O jogo a partir daquele momento estava ficando divertido, pois além do normal eu ainda me divertia fazendo recordes tirando o nome dela do top 100. Além do mais a caçoada cessou, afinal ela jogava tb embora bem menos.

Isso foi nas férias, depois começaram as aulas e eu ficava meio turno fora. Toda vez que eu voltava pro Rallyk havia mais recordes da minha irmã a ponto de eu já não mais estar conseguindo removê-la do top 100. Com o passar do tempo ela foi conseguindo posição entre os 80, 70, 60... até que ela chegou no Top 20 removendo 1 dos meus recordes oficiais, o vigésimo. Já fiquei meio que estarrecido dela ter removido do top 100 alguns dos recordes que fiz com nomes diferentes. Eu já estava meio que enjoando do game, só jogava pra manter o Top 20 intacto. Ela por outro lado cada vez mais queria jogar e qualquer brecha que eu dava no computador ela já acessava. Não demorou tb pra que eu tivesse dificuldade de acessar já que eu chegava da facul e ela estava jogando e eu queria mexer e ela ficava no "Só mais uma partida" trocentas vezes. Quando eu menos esperei meu top 20 já estava comprometido irremediavelmente e logo após o top 10, até ela atingi a primeira posição do rank. E não parou por aí, logo o top 10 era todo dela e se eu colocava um recorde lá ela ultrapassava logo depois.

A coisa começou a ficar de uma forma, que eu comecei a encher o saco do computador e fui dar rolé na rua e ela que antes caçoava de mim ficava o dia inteiro em casa jogando. As poucas vezes que conseguia mexer era pra estudar ou pra jogar outro jogo mais interessante. O ranking do Rally-k já era quase todo dela e eu se jogava não fazia mais nem recorde no Top 100 (havia um ou outro recorde meu no 60 ou 70, mas o resto era todo dela).

Até que um dia tive a bênção do computador ter pego vírus, o Melissa, que precisou ser formatado. Esses joguinhos foram todos pro saco, ela veio depois perguntar se eu o conseguia novamente e eu neguei prontamente já que o CD não era meu. Logo a frequencia de uso voltou normal, mas ela não mais zombou de eu jogar e eu não mais duvidei que as mulheres podem sim ter espaço de destaque nos games. Hoje eu não jogo mais e vejo elas cada vez mais dentro.

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