Certas coisas não se contam, certos sentimentos não se explanam, certos medos não se externam. São fraquezas da alma e qualquer um pode usar como arma contra você, lembre-se disso.
A não ser que você esteja preparado para isso, ou que tenha de alguma forma criado um antidoto pra que essas “coisas” não te façam mal.
Passei muito tempo escrevendo de forma torta o que eu queria que só ela soubesse, para que só ela entendesse. Acho que chegou a hora de trazer à tona todo esse sentimento que a tempos me corrói por dentro como um ácido...
Não sei se vou conseguir ser claro e objetivo, mas enfim...
Março, noite quente, ele estava lá sentado em uma cadeira de bar dentro do saguão do universo. E ela apareceu... linda, diferente. Tanto seu cabelo quanto sua aura eram a coisa mais bonita que ele já tinha visto em alguém. Quem é ela?
Juro que quando foram apresentados ele entendeu que o seu nome era Paraíso. E não era?
O Inferno Vai ter que Esperar... conhece? Pois eu vou fazer um clipe e quero que você seja a menina que o abandona.
Bora lá! Ela respondeu com a naturalidade de quem já sabia que isso realmente ia acontecer.
Vou só fumar um cigarro e já te trago o contrato pra assinar.
Me dá um? Também quero fumar.
Vamos lá então. Ah, o contrato tá aqui.
Eu assino onde?
Pode ser aqui, no fim da folha e no meu coração por favor. No papel com a caneta e no meu coração com a ponta de uma faca.
Tem um banco vago ali, vamos sentar? O convite foi dela.
Tem um lugar vago aqui na minha alma, quer entrar? Esse foi o convite dele...
Vamos sentar e falar da vida então.
Eu via tudo como se eu estivesse lá. É estranho, mas eu vivia os sentimentos dele. (isso se chama empatia, me contaram depois).
E o tempo foi passando, e veio a chuva, o vento, o frio. E veio café, mais cigarro, chicle de canela, assuntos sobre qualquer coisa. Mas o que vale mesmo dizer é que tudo passou, e o banco continuava ocupado, ora ele levantava pra ir embora e não conseguia, ora ela tentava sair mas o assunto prendia ela ali.
É justo dizer que eles ficaram sabendo muita coisa um do outro, todas as banalidades até os assuntos mais íntimos. Todas as manias foram postas pra fora com toda a naturalidade de duas almas que se conhecem à muito tempo. Mas isso foi apenas por alguns meses.
Ele a convidou pra jantar no lugar mais badalado da cidade. O restaurante da universidade que custava míseros R$ 2,50. A melhor comida do mundo com a melhor companhia. Nesse dia ele disse que escrevia sobre ela, e que ela era um anjo que dançaria nas nuvens. É que ela balançava a cabeça tão lindamente enquanto cantarolava músicas que nenhum dos dois era acostumado a ouvir.
Ela precisava entrar, e ele ir embora.
“Olha pra mim, só um pouquinho.” Ele falou.
“Não, não faz isso.” Foi a resposta dela. Só que ela disse isso já de olhos fechados.
Preciso ir e você precisa entrar.
Depois disso foram à praia, ao céu, até uma ilha que tem no meio do nada e fica perto pra caramba.
Coisas foram acontecendo e quando dei por mim estavam se despedindo. Não porque chegara a hora de entrar em casa, mas porque chegara a hora do fim.
Maaaaaaaaaaaaaaaaassssss, quem disse que ele esqueceu? E quem garante que ela esqueceu também? Eu não posso afirmar nada sobre ela, mas garanto que ele ainda sonha com essa menina.
Duas notas cabem aqui.
A primeira é que ela cumpriu o contrato direitinho. Abandonou o carinha.
A segunda é que o banco continua lá, só que agora tá vazio.