Muitas Escolas Têm Os Critérios De Avaliação Errados

in avaliacao •  5 years ago 

Se não estão todos, estão quase todos. Passo a explicar.

Todos conhecemos os critérios de avaliação, estes estão definidos por áreas, cada uma delas com um peso específico na avaliação. Desde que me lembro de ser professor que é assim e julgo que continua a ser assim na esmagadora maioria das escolas.

Porém, existe um choque claro entre a ideologia flexível de ensino atual e respetiva avaliação, que não bate certo com a rigidez dos critérios de avaliação. Se a flexibilidade curricular fomenta uma adaptação sistemática, onde o perfil do aluno é o telhado que cobre a cabeça de todos nós, os critérios de avaliação devem evidenciar essa mesma flexibilidade. Evidentemente que não é isso que está a acontecer.

Goste-se ou não, concorde-se ou não com a flexibilidade, continuo a dizer que o maior problema (fora outros) desta vaga onde contam mais os processos que os resultados, é a falta de ligação entre a sala de aula, os critérios de avaliação e respetivos exames nacionais. É um casamento arranjado, uma relação imposta e quando assim é, a ligação dificilmente fará faísca e o fracasso é um dado adquirido, faltando apenas conhecer o dia em que ambos seguem caminhos diferentes.

Mas vi a luz, ou melhor, fiquei encadeado com ela. Numa formação que estou a frequentar sobre a dita flexibilidade, o assunto foi abordado e ainda bem que o foi, pois finalmente percebi o que querem que as escolas façam.

Os atuais critérios de avaliação são bastante pormenorizados, alguns deles chegam ao ponto de dar percentagens à assiduidade, pontualidade, testes e afins. O que agora se fomenta não é nada disso, são patamares de competências onde encaixarão as escalas avaliativas. Por exemplo, 5 níveis de competências, transversais entre disciplinas, onde os professores no seu interior incluem a especificidade da sua disciplina.

Estamos por isso perante critérios muito gerais, onde facilmente se pode atingir o sucesso se a escola assim entender. Algo que não acontece nos atuais, onde a inclusão de classificações para testes, trabalhos, comportamentos e afins, ditam automaticamente uma classificação.

A questão do esforço ou do "processador" do aluno que está nas máximas rotações, onde o seu desempenho equipara-o a um fiat 600 encravado na 1ª mudança, não pode ser "camuflado" nos critérios atuais, pois são estanques nas suas percentagens. Porém, uma avaliação por competências permite um jogo de cintura completamente diferente, salvaguardando inclusive eventuais recursos de encarregados de educação.

Vantagens:

Começa a bater a bota com a perdigota, um ensino individualizado precisa de critérios abrangentes. Não faz sentido o atual regime, onde temos critérios inflexíveis numa avaliação inteiramente flexível.

Desvantagens:

Fica aberta a porta a uma certificação de incompetência, se é que podemos falar em incompetência a nível pedagógico. O tão falado facilitismo, que tantas dores de cabeça traz aos professores pelo conflito ético que origina, pode agora ser implementado se as direções assim o fomentarem.

Incompreensível:

Não se compreende o que se está a passar nas escolas, sabendo que os diretores têm sido "massacrados" com formações e palestras sobre flexibilidade. Por que não mudam os critérios? Será falta de confiança na durabilidade desta reforma? E o Ministério da Educação, está a par da situação? Ou a autonomia atribuída aceita este tipo de incongruências?

Conclusão:

Os critérios de avaliação estão errados, tendo em conta o que se pretende e pratica nas escolas. Atenção que o termo errado baseia-se no caminho que está a ser seguido, não em qualquer tipo de ilegalidade. Se os atuais critérios estão certos, então não faz sentido a avaliação que se pretende aplicada nas escolas.

Estamos por isso naquela zona morta, na terra de ninguém, onde surgem dúvidas e conflitos que deviam ser definitivamente resolvidos se houvesse uma orientação clara. E enquanto funcionário do Ministério da Educação, não há nada pior do que ficar baralhado num momento tão importante como o de atribuição de uma classificação.

Alexandre Henriques

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