por Felipe Benghi
Na última semana fez 10 anos que Bitcoin e o Blockchain foram apresentados ao mundo: em 31 de outubro de 2008 foi iniciada uma revolução com um white-paper de nove páginas, oito referências bibliográficas e leitura relativamente simples.
Segundo a Wikipédia, um white-paper é um guia que informa os leitores de forma concisa sobre um problema complexo. O objetivo do documento deve ser ajudar os leitores a entender, solucionar um problema ou tomar uma decisão. No caso, o white-paper “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System” cumpre seu papel de forma brilhante ao apresentar uma arquitetura para uma rede de pagamento que não precisa de uma autoridade centralizada para funcionar.
Mas qual seria o problema com a intermediação de pagamentos por grandes corporações, como Visa e Mastercard por exemplo?
Satoshi Nakamoto, o escritor até hoje nunca identificado do documento, começa seu texto justamente explicando este ponto. Segundo ele, um mediador encarece pagamentos e, por isso, impede que muitas transações possam ocorrer justamente pelo seu custo. Os motivos para esse encarecimento são a remuneração cobrada pelo mediador, que não trabalha de graça, e a reversibilidade das transações. Enquanto o primeiro motivo é auto-explicativo, o segundo carece de mais detalhes.
Pense no caso de uma compra pela internet feita com um cartão clonado. O consumidor vai informar o ocorrido para a operadora de cartão de créditos e esta irá cancelar o pagamento. A loja então, para não ficar com o prejuízo, distribui o custo dos calotes para os demais pagadores honestos. Assim, o fato de existir uma entidade capaz de reverter pagamentos que teoricamente já foram realizados, encarece os pagamentos para todos.
Além das vantagens inicialmente apontadas por Satoshi em relação aos canais de pagamento tradional, hoje outras características do Bitcoin são apontadas como vantajosas em relação ao sistema financeiro como um todo. Na forma como foi idealizado, cada Bitcoin é criado seguindo regras pré-determinadas, diferente do que acontece com todas as moedas nacionais ao redor do planeta. Isso é bom para nós, investidores, pois sabemos que não serão criados 9 trilhões de Bitcoins por decisões políticas.
Nestes dez anos, não só o Bitcoin, como criptomoedas em geral já foram dadas como mortas inúmeras vezes e tiveram (alguns) dias de glória no noticiário. Hoje, após um ano difícil, o valor total de mercado das criptomoedas é de algo em torno de US$ 200 bilhões, dos quais o Bitcoin corresponde por pouco mais de 50%. Além disso, longe mortas, vemos a possibilidade real de reguladores espalhados pelo mundo aprovarem legislações favoráveis à causa das criptos. Vemos também um interesse generalizado da população neste tema (no Brasil temos mais que o dobro de investidores em cripto do que na bolsa de valores). E vivemos a expectativa da entrada do dinheiro institucional neste mercado. Os próximos 10 anos prometem!
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