O Túnel - Ernesto Sabato - Capítulo I

in br •  7 years ago  (edited)

Boa noite nesta oportunidade eu vim com a intenção de compartir um projeto pessoal. A tradução do livro O Tunel do autor Argentino Ernesto Sábato eu espero que seja de sua agrado. Eu vou fazer as publicações, ao ritmo eu vá fazendo a tradução.

Sobre esta versão

Este é meu primeiro trabalho de tradução, se você consegue um erro, por favor. Me comenta-lo

I

Basta dizer eu sou Juan Pablo Castel, o pintor que matou Maria Iribarne; suponho que o processo está na lembrança de todos e que não são necessárias maiores explicações sobre minha pessoa.

Embora nem o diabo saiba o que as pessoas precisam lembrar, nem o motivo. Em realidade, sempre pensei que não há memória coletiva, o que talvez seja uma forma de defesa da espécie humana. A frase "todo tempo passado foi melhor" não indica que antes aconteceriam menos, senão que - felizmente - a gente as lança no esquecimento. Desde logo, semelhante frase não tem validade universal; eu, por exemplo, me caracterizo por lembrar preferentemente os feitos ruins y, assim, quase poderia dizer que “todo tempo passado foi pior", se não fosse porque o presente me parece tão horrível como o passado; lembro tantas calamidades, tantos rostos cínicos e cruéis, tantas ações ruins, que a memória é para mim como a temerosa luz que ilumina um sórdido museu da vergonha. Quantas vezes estive esmagado durante horas, em um canto escuro da oficina, depois de ler uma notícia na seção policial! Mas a verdade é que não sempre o mais vergonhoso da raça humana aparece lá; até certo ponto, os criminosos são gente mais limpa, mais inofensiva; está afirmação não a faço porque eu mesmo faia matado um ser humano: é uma honesta e profunda convicção. Um indivíduo e pernicioso? Bem, se o "mata" e se acabou. Isso é o que eu chamo uma boa ação. Pense quanto pior é para a sociedade que esse indivíduo segue destilando seu veneno e que em vez de remova-o se quera contrariar sua ação recorrendo a anônimos, calúnia e outras baixinhas semelhantes. No que me diz respeito, devo confessar que agora me arrependo de não ter usado o tempo da minha liberdade melhor, liquidando seis ou sete "tipos" que conheço.

Que o mundo é horrível, e uma verdade que não precisa prova. Basta um feito para provar isso, em qualquer caso: em um campo de concentração, um ex-pianista queixou-se de fome e então o forçaram a comer um rato, mas vivo

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