O que você conhece de meta? Aquilo que se atingido lhe garante um bônus no final do ano? Elas podem fazer sentido para você este ano, e para as demais áreas da empresa? E para os próximos anos?
Quando se fala de metas, a grande maioria das empresas atua da mesma forma, vendedores possuem metas de vendas, logística de OTIF e assim por diante. Todas contabilizadas ao final do ano. O que as empresas não compreendem é que por traz de uma meta está para onde vão os funcionários e, consequentemente, as áreas e não analisam como as metas destas áreas impactam uma nas outras.
É comum a todas as empresas a richa entre vendas e produção ou logística e atendimento, isto porque cada área desenha suas metas olhando somente seu próprio umbigo e não pensam holisticamente. Não pensam em como isto afeta seus pares de outras áreas nem no futuro da empresa. Se vendedores precisam vender cada vez mais e operações e logística precisam cortar custos, como elas vão operacionalizar a produção e entregas de mais produtos? Onde isto vai parar? Em reclamações em atendimento, o que fez com que hoje as startups sejam as queridinhas da vez simplesmente porque menos pessoas conseguem se falar mais e alinhar seus objetivos enquanto que em grandes empresas os feudos possuem seus próprios objetivos e dependem de poucos mensageiros para tentar qualquer tipo de alinhamento com o feudo vizinho.
Se a consequência da meta é o incentivo a uma direção, como podemos direcionar as áreas adequadamente? Como podemos melhorar a comunicação dentro de uma empresa com milhares de funcionários espalhados por todo o país? Vamos pensar em vendas. Se um vendedor preocupa-se apenas com vender o máximo possível, ele pode gerar um problema de gargalo na produção e logística. Então, ele deveria vender até o quanto estas duas áreas estão preparadas para atender. Mas se elas atenderem e o cliente não pagar, em teoria, isto não é problema do vendedor, mas como o maior conhecedor do cliente, deveria ser. Além disto, se ele vende o máximo, dando desconto a grandes compras, os clientes podem estar simplesmente antecipando suas compras, gerando um gargalo em operações e ainda dificultando futuras vendas. Inserir todos estes fatores em uma única meta para os vendedores seria algo muito complexo. E nem falamos da qualidade do produto, do atendimento e nem de outras áreas.
Para solucionar isto e, ainda de quebra, buscar melhorar a taxa de turnover e todos os custos de seleção e treinamento envolvidos, existem algumas opções simples: Opções de compra de ações ou divisão de lucros. Independentemente do resultado da empresa.
Apesar de radical, o fato é que toda empresa possui uma meta em comum: o lucro e, como fazem parte da empresa, os funcionários dela deveriam perseguir o mesmo objetivo. Ao se tentar quebrar este objetivo em partes menores, dividindo-os para cada área, você gera uma soma de partes que é menor do que o todo, simplesmente porque isto não incentiva a comunicação entre estas partes e gera muitas agendas ocultas, fofocas e mesquinharia, ou seja, incentiva, também, um ambiente de trabalho não muito profissional.
Ao se alinhar todos para a mesma direção, você faz com que todos queiram se ajudar pois sabem que receberam parte do trabalho de todos. Claro que isto pode gerar caronistas, mas, em teoria, ninguém está disposto a carrega-los, de forma que o consenso de todos acaba por expulsá-lo ou seja, ele é demitido. Além disto, o bônus é somente parte da remuneração, todos ainda tem o incentivo a trabalharem mais arduamente em busca de promoções e o consequênte aumento de salários e benefícios provenientes disto.
A divsão de lucros ou as opções de compra de ações também incentiva a uma visão de longo prazo e a permanencia por mais tempo na empresa uma vez que o funcionário obtem o resultado de seu trabalho de "forma mais justa", alem de ao se ter contato com mais pessoas, tende-se a criar um ambiente mais amigável.
Para que isto funcione, exige-se uma maturidade dos profissionais que não é tão comum de se ver nas empresas e é aí que mais uma vez as startups se sobressaem. Elas contratam, no geral, pessoas maduras e lhes dá autonomia, ao contrário do que a maioria das grandes empresas faz, que é contratar qualquer pessoa e impor uma extensa burocracia para tentar garantir que ninguém faça algo errado. A mesma psicologia que escolas costumam colocar, uma vez que crianças não possuem ainda maturidade para discernir o certo do errado.
Se isto realmente funciona, creio que temos poucos exemplos para avaliar. Além disto, implementar um modelo destes em uma grande empresa não deve ser nada fácil, muitos jogando contra e pouca confiança das pessoas umas nas outras. Talvez a fórmula, seja a implementação em pequenos passos, pequenas unidades com acompanhamento adequando para se analisar os resultados.