Como será o dinheiro a partir de agora?
Acabou… Pelo jeito não tem mais volta. Estamos entrando numa nova fase em todo o mundo aonde a Internet do Dinheiro está mudando como será a nossa vida e a vida de nossos filhos.
História do Dinheiro
A nossa sociedade aprendeu a desenvolver a especialização das atividades e as trocas voluntárias em grande parte pela invenção do conceito do dinheiro, que é o meio mais simples de tornar “líquido” qualquer produto ou serviço desenvolvido pelas pessoas. Esta liquidez é apenas um conceito econômico que indica que as trocas voluntárias podem ocorrer com pouco “atrito” provocado pela necessidade de avaliação do bem ou serviço comercializado devido a um sistema de preços competitivos consolidados pelo mercado.
Esta invenção do dinheiro deu tão certo que hoje em dia é raro fazermos realmente troca de produtos na forma de escambo, e até quanto o fazemos acabamos usando o preço de mercado para implementar a justiça nas proporções do escambo.
O sistema de preços competitivos nada mais é do que a formação espontânea do equilíbrio de procura e demanda que naturalmente conduz a progressiva maximização da riqueza produzida pela sociedade.
Mises e Hayek já provaram por A+B que sem o sistema de preços é humanamente impossível maximizar o desempenho da economia, e portanto prova a impossibilidade de existir realmente uma economia socialista.
Mas o que é então este “dinheiro”? O dinheiro é simplesmente um meio de troca absurdamente “líquido”, ou seja aceito pela grande maioria das pessoas como algo de valor relativamente estável e reconhecido por todos.
E como algo poderia ter valor estável e reconhecido por todos? Precisa ser algo escasso, algo que todo mundo acredite que não possa ser facilmente fabricado, que não deteriore tão rapidamente ao longo do tempo e que seja relativamente divisível em pedaços menores.
Tivemos historicamente o uso de sal, de conchas, de pontas de flechas, etc, mas o que acabou consolidando como melhor mecanismo para pagamentos acabou sendo as moedas feitas com metais preciosos como ouro e prata.
Logo então surgiu o conceito de poupança, ou seja, uma maneira de proteger uma parte da riqueza adiando o consumo para um eventual período de vacas magras, ou para permitir a tranquilidade de seus descendentes. Só que isso também implicou em um problema sério: aonde guardar com segurança esta riqueza para quem ninguém possa roubá-la?
As pessoas começaram a construir cofres, depósitos, túneis, esconderijos… Qualquer lugar que protegesse o dinheiro do tempo e dos ladrões. Aqueles que tinham muito dinheiro começaram a receber pedidos para guardar dinheiro de outras pessoas, serviço esse que rapidamente começou a ser cobrado.
Em seguida as pessoas já não mais sacavam o dinheiro para fazer o consumo da poupança, começavam a emitir cheques autorizando a transferência da titularidade do dinheiro para uma outra pessoa. Isso é o que hoje chamamos de serviço bancário.
Até então todo este arranjo era de natureza privada, com os governos sempre desesperados de obter parte da riqueza gerada pela sociedade através de impostos e apropriações ou através de cunhagem de moedas de ligas de metais mais baratas com o intuito de ludibriar o mercado. Ninguém emprestava dinheiro para governo por saber que ele é incapaz de gerar riqueza, só a obtendo através do uso da coação contra a sociedade.
A grande mudança aconteceu na criação do papel-moeda regulada e controlada pelos estados-nação significativamente a partir do início do século 20, primeiramente usando o ouro como “lastro” (conversibilidade plena para ouro ou prata), e depois na década de 70 convertendo completamente em moeda “fiat” (só na confiança).
Com a regulação do papel-moeda pelo estado as pessoas passaram a acreditar na capacidade de pagamento dos empréstimos, pois a partir de agora existia uma fonte de “riqueza” representada pelo dinheiro emitido e de circulação forçada. Enquanto o dinheiro tinha um “lastro” em ouro e prata, a sociedade ainda acreditava que de alguma maneira o dinheiro representa alguma coisa, mas hoje em dia ele apenas representa o “poder de controle” que o estado impõe sobre todas as relações comerciais praticada pela sociedade.
Com esta liberdade obtida, os estados passaram a se endividar de forma descontrolada, já provocando 29 grandes hiperinflações nos últimos 100 anos…
Hoje em dia a hiperinflação é tecnicamente impossível de ocorrer em grande parte dos países pelo regramento de não mais emitir diretamente dinheiro pelos bancos centrais. Isto protege em parte o valor da moeda por só autorizar a emissão de moeda através das instituições bancárias em operações de crédito que implicam em garantias reais (imóveis) para o suporte da operação. Ou seja, quem emite dinheiro é o “crédito” da sociedade.
O problema deste arranjo é que o crédito fica mais barato e mais disponível exatamente para quem tem mais riqueza, fazendo basicamente a expansão do dinheiro ocorrer exatamente para quem menos precisa na economia, levando a uma inflação de preços para esta faixa da sociedade enquanto mantém uma inflação de preços relativamente controlada na grande massa da faixa baixa.
O reflexo disso é que estamos a muitas dezenas de anos a nível mundial caminhando para uma sobrevalorização de todos os ativos financeiros, de imóveis e de empresas, tornando cada vez mais difícil os assalariados e pequenos empresários adquirirem ativos e crescerem.
Ou seja, estamos numa hiperinflação dos ativos provocadas pelos empréstimos impagáveis contraídos pelos governos mundiais e grandes corporações. E tudo isso por reflexo do grau de liberdade que os estados obtiveram na década de setenta através do fim do lastro em ouro que o dólar possuía.
Esta situação não é sustentável como já observamos na crise de 2.008 que quase contaminou a economia global como um todo. Esta crise foi provocada pelo estouro da bolha de emissão de crédito (mortage) com lastro podre chamado sub-prime. A tese era que os ativos imóveis continuariam a subir de valor de forma contínua e que suportaria qualquer esbórnia de emissão de crédito, mas quando os devedores pararam de pagar por estarem sem dinheiro, os imóveis eram leiloados a preços muito inferiores ao valor de garantia, destruindo a qualidade da operação de crédito que estava sendo oferecida ao mercado aberto. Ou seja, os aposentados tiveram seus fundos arrebentados porque alguém emprestou dinheiro para quem não tinha como pagar e usou como garantia um imóvel imprestável.
A maior parte dos ativos estão sobrevalorizados hoje em dia, tendo os seus preços de mercado sobrevalorizados por atividades pouco ortodoxas dos bancos centrais ao redor do mundo. Estão em uma operação de guerra para não deixar esta bolha estourar e levar praticamente todo o mundo para uma recessão mundial gigantesca provocada pela re-precificação de todos os ativos, sejam imóveis, títulos de governo, ações de empresas, empréstimos e toda a nuvem de derivativos especulativos que fazem o problema ficar 10 vezes maior.
O porto seguro então seria podermos voltar para as moedas privadas como o ouro e a prata. O problema é que a conveniência da circulação destas moedas é muito pior do que o papel-moeda e o dinheiro eletrônico, o que levou já a muito tempo a ser negociado através de contratos de futuro, um derivativo de papel que representa ouro ou prata que raramente é liquidado com a entrega real do ativo envolvido.
Este derivativo de ouro sempre operou com pouco lastro, mas em 2011 a corrida para o ouro estava ganhando velocidade, o que obrigou os bancos centrais a atacarem este último refúgio levando a alavancagem de 22 vezes para 222 vezes (um quilo de ouro como garantia para 222 quilos de ouro de papel).
O novo Ouro
As criptomoedas são uma invenção recente, e podemos utilizar o paper do Satoshi Nakamoto de novembro de 2.008 como um marco desta invenção.
Até então ninguém acreditava que alguma coisa digital pudesse ser único e não copiável. A teoria diz que qualquer informação que possa ser representada de forma digital é passível de ser copiada com custos irrisórios e sem deterioração de nenhuma forma. Ou seja, imaginava-se que qualquer coisa digital perderia valor por se tornar naturalmente abundante.
A ideia do Nakamoto é impressionante: fabricar um sistema contábil de anotações de movimentações de saldo de forma distribuída aonde apenas por força computacional bruta e aleatoriedade seja possível registrar eventos de movimentação destes saldos. Isso fabrica o conceito de mineradores que usam computadores absurdamente especializados para computar o próximo estado do sistema contábil ao mesmo tempo que checa o estado anterior para ver se o estado computado anterior é válido.
Este processo é tão complexo e caro que é tecnicamente antieconômico tentar atacá-lo através de força computacional, o que já torna o bitcoin o experimento de segurança eletrônica global mais robusto já implementado pelo homem e que está hoje defendendo a segurança de 40 bilhões de dólares em valor de mercado.
E como hoje não está em regulação de nenhum país, é hoje a moeda privada de maior circulação no mundo, apesar de ser ainda muito pouco aceita.
Só que a mudança está vindo… Primeiro de forma devagar, depois acelerando de forma absurda.
Esta é a curva da capitalização do Bitcoin somada as outras criptomoedas em circulação. É possível observar claramente um ponto de inflexão no final de fevereiro de menor impacto e um segundo ponto de inflexão do fim de abril deste ano. Isto para todos efeitos representa um salto absurdo de 28 bilhões de dólares para 90 bilhões de dólares em cerca de um mês.
É evidente que caminharemos para uma correção em curto prazo de tempo por alguma inversão de expectativas, mas não é possível ignorar os sinais de mudança de como o mercado está se consolidando.
A Internet foi um grande exemplo de adoção de tecnologia a nível mundial que levou muito tempo para se consolidar, considerando que a tecnologia envolvida teve como bases inovações na década de 60 e 70.
O que provavelmente estamos começando a ver é a consolidação de um ciclo e o começo de um próximo ciclo do uso das criptomoedas: a “early-majority” (a maioria inovadora) em alguns mercados no mundo.
Alguns mercados terão algum suporte do estado, outros serão sabotados pelo estado, outros possuem mais tradição em meios eletrônicos, outros ainda estão com dificuldades com a rede elétrica…
Acredito que existam dois grandes facilitadores para a entrada desta maioria: a competição entre as criptomoedas e a disseminação de carteiras de criptomoedas nos celulares.
Até então o Bitcoin era o único jogador do mercado. O LTC era o único que aparecia dar alguma visão de competição, mas era tão indiferenciável que não justificava possuir um mercado para ele. Hoje em dia temos o Ethereum e Ripple atacando próximo, sem falar de outras moedas menores e até o LTC com uma estratégia nova.
Em retrospecto é realmente difícil de acreditar que as pessoas entrariam em uma tecnologia sem encontrar competidores significativos no mesmo mercado. Até o ouro tem a prata como competidor. Com isso, basicamente com a mesma tecnologia e com um mercado muito líquido entre estas criptomoedas é possível deslocar de riscos particulares de alguma criptomoeda ou de liquidez local.
Além disso as carteiras nos celulares evoluíam significativamente, em especial carteiras como Jaxx e Coinomi que são carteiras multimoedas e que adotam tecnologias mais amigáveis de gerenciamento de carteira baseados em senhas de 12 palavras que fabricam todas os códigos hexadecimais internamente para a movimentação de moedas.
Fabricados os ambientes mais competitivos e agora com as ferramentas mais amigáveis, agora só estava faltando aparecer grandes movimentos de adoção de players como fundos de investidores inovadores e adoções por mercados inovadores:
- Hedge Funds Chineses comprando 2 mil BTCs por dia
- Tem sido um ótimo início de 2017 para o bitcoin no Japão. A criptomoeda nunca teve tanta aceitação pelo público japonês…
A China passou por um processo rápido de conversão de pagamentos de forma eletrônica baseado no WeChat, mas isso acabou acontecendo em um ambiente privado do WeChat com uma carteira digital própria. Será que o Japão, com a nova regulamentação será o primeiro grande mercado de pagamentos eletrônicos baseado em criptomoedas?
O Japão parece ser o candidato perfeito para se tornar a Early-Majority, principalmente por ser um país de cultura forte de poupança e que a moeda do Japão é a principal candidata a sofrer o desastre do excesso de endividamento pois o governo do Japão hoje deve cerca de 250% do PIB. Nada como se refugiar em uma moeda de emissão controlada…
A inevitabilidade…
Estamos caminhando rapidamente para o ponto da inevitabilidade. O tamanho do mercado de criptomoedas só tem aumentado, sem falar que o preço do Bitcoin ter subido 100% no último mês e atingido inéditos R$10.000,00 aqui no Brasil.
A tecnologia está caminhando rapidamente para ser amigável ao grande público e a disseminação das ferramentas só tem ajudado.
O conhecimento está já atingindo empresários, médicos e investidores em geral, saindo do nicho puramente tecnológico.
Por fim a instabilidade provocada pelos governos também está atingindo um nível crítico, provocando inseguranças enormes como o caso da remoção de circulação de quase 80% do papel-moeda na Índia recentemente.
Os estados não vão gostar deste processo. O poder de expropriação e impostação será significativamente limitado, em grande parte pela natureza incorpórea da criptomoeda, o que é ótimo para o cidadão comum especialmente neste período em que os estados caminham para uma crise profunda.
O valor das criptomoedas como um todo vão continuar crescendo enquanto o uso principal da moeda continuar se disseminando, que é ser usado como meio de pagamento. Enquanto continuar havendo aumento na quantidade de pessoas interessadas em possuir a moeda para reserva de valor e para usar como “encaixe” de pagamentos de consumo o valor tenderá a crescer.
No caso particular do Bitcoin, como só haverão 21 milhões emitidos em toda a sua história, existe realmente a possibilidade de que um Bitcoin atinja valores de 1 milhão de dólares…
Parabéns pelo post, vou tentar ler com calma. Valeu! Sucesso e boa sorte mais uma vez!
Downvoting a post can decrease pending rewards and make it less visible. Common reasons:
Submit
Charlie Shrem tweeted @ 23 May 2017 - 17:07 UTC
Disclaimer: I am just a bot trying to be helpful.
Downvoting a post can decrease pending rewards and make it less visible. Common reasons:
Submit
Downvoting a post can decrease pending rewards and make it less visible. Common reasons:
Submit
Congratulations @fabioferrari! You have received a personal award!
Happy Birthday - 1 Year on Steemit Happy Birthday - 1 Year on Steemit
Click on the badge to view your own Board of Honor on SteemitBoard.
For more information about this award, click here
Downvoting a post can decrease pending rewards and make it less visible. Common reasons:
Submit
Congratulations @fabioferrari! You have received a personal award!
2 Years on Steemit
Click on the badge to view your Board of Honor.
Downvoting a post can decrease pending rewards and make it less visible. Common reasons:
Submit
Congratulations @fabioferrari! You received a personal award!
You can view your badges on your Steem Board and compare to others on the Steem Ranking
Vote for @Steemitboard as a witness to get one more award and increased upvotes!
Downvoting a post can decrease pending rewards and make it less visible. Common reasons:
Submit