Fui neste trabalho mais para acompanhar a esposa, pois ela gosta de trabalhos bailados.
O daime servido era aquele o intermediário, igual ao do Caminho Sagrado.
Pedi para o irmão do despacho servir uma dose menor. Falei para ele:
“Vc pode servir a dose mínima? O trabalho é bailado e é difícil para eu manter a consciência”
Ele serviu uma dose pequena e disse “Senão não dá para aproveitar o trabalho, né”
Lindo o trabalho, com os hinários do Vô Corrente e do Lúcio Mortimer
Cantei com vontade, inebriado, pois adoro os hinos deste hinário.
Em determinado momento, mesmo com a dose mínima quando a força chegou tive que sair do bailado.
Aí foi aquele drama de sempre. Não conseguia manter a consciência. Dia de São Miguel, ele querendo vir trazer a sua luz e os fiscais pedindo para eu voltar para o trabalho.
Defumação no salão, muita chamada do povo da umbanda e eu lá fora me segurando para não me entregar.
Metade do trabalho eu fiz lá fora, mas novamente eu digo, isto é o que acontece comigo. Não é regra. A maioria dos irmãos conseguem bailar “normalmente”
Autor: Valdemir Nunes da Silva
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