Trabalho todo sentado nas cadeiras, com alguns hinos em pé e uma parte em silêncio, sem hinos, que é a concentração.
Como tem acontecido, quando a força chega, mesmo com o hinário em mãos não consigo ficar consciente para cantar.
Os hinos citavam a Virgem Maria.
Fui tomado por imensa alegria, amor e uma vontade gostosa de sorrir. Mas ao abrir os olhos via todos sérios e concentrados ao meu lado e segurei esta vontade por algumas vezes.
Novamente veio esta vontade gostosa de sorrir e desta vez ouvi no ar uma suave voz feminina dizendo algo como:
“Não é porque é homem que não pode sorrir. Esquece dos outros, cada um está na sua própria caminhada. Olha aquela moça lá na frente” ( uma moça, puxadora dos hinos, cantava de olhos fechados com um sorriso gostoso no rosto ) eu olhei para ela e junto com ela baixei a cabeça e deixei vir o sorriso mais gostoso que já devo ter dado na vida e mergulhei neste amor e nesta luz, sentindo que a voz que falava sorria também.
Depois os hinos falavam da floresta e em um turbilhão de cores, formas e figuras geométricas que eu nunca tinha visto comecei me perceber em uma floresta e ouvir sons que soavam como índios em um ritual
Mas depois as coisas complicaram um pouco, rs.
Minha consciência oscilava entre o corpo e outra dimensão e eu não conseguia sair totalmente e nem ficar no corpo. Senti como se o corpo astral estivesse preso ao corpo e acima dele, pelo lado direito da cabeça. E minha consciência já estava totalmente em diagonal para cima, a partir da cabeça.
Comecei a enjoar, por conta da diferença das vibrações entre estas dimensões.
Pedi calma, pois se enjoasse teria que sair da corrente, mas uma vez que a força vem não dá para controlar mais. Sua mente não está mais no controle e não tem um botão de desligaistopeloamordeDeus, rs.
Não teve jeito, tive que sair da corrente e sentei lá fora. Fiquei ainda entre estas dimensões, sorrindo e sentindo o amor e a luz desta outra dimensão.
Tentei me levantar para voltar mas ainda estava tonto. Depois de mais um hino eu voltei ao meu lugar.
Aí complicou de novo, rs
Em determinado hino, quando soou a primeira nota do violão eu perdi os sentidos e caí a primeira vez.
Quando dei por mim estava sendo colocado em pé pelos fiscais e irmãos, e quando me senti novamente estava sentado.
Nota: O meu enteado depois disse que os fiscais e os irmãos me acudiram e colocaram em pé. Depois de uns minutos caí novamente. Mas em nenhuma das vezes cheguei a cair no chão. Fui amparado pelos irmãos.
Vi que estava sentado, enquanto todos estavam em pé. Me levantei e não caí mais. Logo voltei a sentir a gostosa presença da luz e do amor.
Depois que o trabalho terminou, já fora da igreja, mas ainda no local, veio a explicação:
Senti a vibração daquela consciência que falou comigo dentro da igreja. Ela disse : “Você sabe porque caiu não sabe?”
E na mesma hora eu soube. Eu ri e ele também.
Explicação:
Antes de cada trabalho recomenda-se cumprir o preceito de 3 dias sem comer carne, sem relações sexuais e sem bebida alcóolica.
Acontece que no último dia do preceito eu dei uma namorada, rs.
Eu que fui pra cima, consciente do preceito mas com a desculpa de que fazemos amor e amor é divino, rs
Claro que não dá para achar que todos que não cumpriram os preceitos tinham que cair também. Não é uma regra.
Como cada processo é único, este foi o jeito de a espiritualidade me mostrar que me falta firmeza, qualidade primordial neste trabalho.
Acho também que os preceitos são fundamentais para quem está em um estágio de trabalhar totalmente em outra dimensão, pois a não observância aos preceitos baixa a nossa vibração e já é difícil acomodar uma vibração mais alta da outra dimensão estando dentro dos preceitos, fora deles então….
Mesmo assim foi um trabalho maravilhoso. Em estado de vigília lembro a todo momento do amor e a luz que eu sou. Poderia ter aproveitado mais, mas como diz o hino:
“Peia pra quem é rebelde
O fiscal que veio foi para apurar”
Nota: Peia no jargão daimista é uma lição/atenção a algo que está fora do equilíbrio.
Autor: Valdemir Nunes da Silva
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