Crônicas de ninguém: Capítulo 2 – Ninguém na comunicação

in livro •  7 years ago 

Capítulo 2 – Ninguém na comunicação
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Nunca houve tanta dificuldade na comunicação como nos dias atuais. A comunicação nos últimos dias tem sido movida a internet, até mesmo em indivíduos que estão dividindo o mesmo espaço. Vemos casais dentro da mesma casa, falando por apps de celular. Mas a questão agravante, talvez nem seja esta, haja vista que há na sociedade atual um gigantesco abismo na comunicação, onde dizer o que sente já não é possível nem entre pessoas íntimas, a verdade irrita e afasta, as experiências do pai, o velho marujo, já não são ouvidas ao calor da lareira, hoje as mentiras são mais convenientes que a verdade.

Não estamos falando de dizer a esposa grávida que ela esta linda, quando em estágio avançado a coitada parece explodir, isso é meigo e para os profundos de coração, agraciados com o dom de ver beleza nisso, é verdadeiro. No entanto estamos falando da incapacidade de se comunicar como se deve para manter, conservar as relações, não parece paradoxo? Absolutamente paradoxo!
Somos "ninguéns" incapazes de nos comunicar com sinceridade, na sociedade atual, incapazes de mantermos relacionamentos profundos apenas falando aquilo que deve ser dito, por mais que seja para o bem, pior ainda para o mal.

Ora, se entre pessoas de bem, dizer aquilo que se deve dizer pode quebrar laços, imagine entre pessoas perigosas, onde questionar qualquer coisa, pode ser motivo de morte.
A verdade é que toda natureza se comunica, mas o ser humano tem perdido essa habilidade.
Pior que isto, é que as pessoas não querem ouvir as verdades que a salvariam ou que as tornariam pessoas melhores, em alguns casos ao dar um conselho ou alertar alguém com alguma palavra, a pessoa diz que entendeu com gestos físicos mas ignoram internamente. O grande desejo de encerrar a questão sem magoar a outra pessoa, sair fora o mais rápido possível, sim isto tem matado o diálogo.
A pessoa que fala a todos o que sente, geralmente é mal interpretada ou mal ouvida, no entanto falar é necessário, como é bom se comunicar, como é bom perguntar e ser respondido ou responder uma questão que trouxe alguma dúvida..

Mais uma vez, pra onde foram os pensadores? Estamos todos incomunicáveis aqui, as pessoas expõe suas dificuldades ao público nas redes sociais, por dentro se vitimizam e esperam ser consoladas e aplaudidas, quem espera uma repreensão? E quando a veem, pelo menos se animam em ser repreendidos? Se não queremos ser repreendidos, não queremos aprender, se não queremos aprender, logo não queremos evoluir se não evoluímos não nos comunicamos e seguimos cada vez pior, um achando que sabe mais que o outro.

A comunicação trás o conhecimento, a repreensão, a evolução.
Estamos sufocados sem conseguir comunicar. O tempo, que passa cada vez mais rápido, nos faz pensar que longas conversas sejam perca de tempo, não falamos com nossos pais nem irmãos, se falamos somos sucintos no básico e subjetivo, fazemos perguntas das quais não queremos saber as respostas, resumimos tudo, tomamos um café, damos sorrisos, almoçamos e vamos embora, afinal ninguém quer gerar um desconforto com uma conversa que possa gerar atrito, assim matamos o diálogo, fugimos afoitos, tudo em prol da boa e velha política da amizade!

Isso é um pouco diferente quando se trata de melhores amigos, aí sim! Aí é possível falar quase toda a verdade, e ser quase sempre entendido, aí há crescimento e compartilhamento, é tão bom e impressionante que poderíamos aplicar a todos aqueles com os quais nos relacionamos e nos importamos.

Dizer que a comunicação poderia mudar o mundo talvez seja muita utopia, mas se as pessoas pensassem pelo menos no equilíbrio do que dizer, pais poderiam salvar filhos, as brigas entre casais poderiam diminuir, os erros, os enganos, os acidentes.. a vida poderia e pode evoluir!
Me mantenho comunicativo, tentando ajudar a todos, falando das coisas que observo e aprendo, compartilho conhecimento e distribuo conselhos. Quase ninguém ouve, mas os que ouvem quase sempre “são salvos”, e isso, pra mim já é mais que suficiente!

Obrigado por ler até aqui! Esse artigo é parte do livro “Crônicas de ninguém”.

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