Crônicas de ninguém: Capítulo 5 – Ninguém no ouvir

in livro •  7 years ago 

Crônicas de ninguém
Capítulo 5 – Ninguém no ouvir

Diante de tanta correria, quem se propõe a ouvir? Ouvir os anciãos, ouvir os sábios, ouvir as esposas, ouvir os filhos.. Ora! Mas é claro que os ouvimos! Pelo menos o suficiente para respondermos o “hamram!”.

Os apaixonados ouvem seu par como se cada palavra fosse canção, e dormem repetindo a cena em mente ao som de violinos, mas sabemos, o tempo passa, e o ouvir, da lugar para pequenas trocas de frase, no limite do indispensável para a sobrevivência. Casais ao se encontrarem em casa, trocam frases de rotina, beijinho na testa e sentam, frente ao televisor, para relaxar daquele dia tão estressante que foi.

Na verdade, hoje em dia, ouvir sobre o dia, não trás alívio, ouvir sobre sentimentos pode ser entrar em uma conversa complexa, em um momento em que todos estão concentrados em relaxar. Hoje acostumamos a dizer, “vamos falar de outra coisa”, não vamos falar de trabalho, quando na verdade, não queremos falar, nem, muito menos, ouvir.

As mulheres por sua vez, ainda guardam algum desejo de diálogo, rico em detalhes, coisas para se desenvolver nas boas conversas, aquelas que raramente acontecem antes de alguém ir dormir. Segundo estudos divulgados em um famoso livro de um neuropsiquiatra americano lançado em 2006, as mulheres tem a necessidade falar 20 mil palavras por dia, em comparação com meras 7 mil pronunciadas pelos homens, mesmo sendo mito ou não, óbvio que não precisamos levar isso ao pé da letra.. mas sobre a necessidade de ouvir, não temos tantos estudos famosos, é questão complexa, relativa demais.

Ouvir exige paciência, compreensão, atenção.. E oque é isso, quando estamos mais preocupados com produção, laser, alívio no estres, cansaço físico, mental, enfim...
As vezes você pode estar lendo esse artigo pensando.. não tenho problema nenhum em ouvir, nunca tive! Talvez você esteja certo(a) mas primeiro vamos aos fatos.

Conseguimos conversar e ouvir os amigos, conseguimos conversar e ouvir a galera do trabalho!

Então onde esta o problema?
Talvez o maior problema ou dificuldade seja conversar de forma satisfatória com os de casa. Quando se trata de família, pai, mãe, avós, esposa, marido, filhos, a coisa parece ser um pouquinho mais difícil/complexa. Não só para a galera da adolescência e nós todos sabemos disso!

Precisamos dar uma pausa no texto exatamente aqui, para parabenizar todos os raros amigos(as) filhos(as) e maridos/esposas que usufruem desse maravilhoso dom de ouvir, com atenção, dedicação, e amor. Se você é um desses, PARABÉNS! Você provavelmente deve ter uma vida mais bem resolvida, e possivelmente é bem querido pelos que estão a sua volta.

Ouvir as pessoas hoje em dia, quase chega a ser um dom, porque estamos em tempos de correria. Parar, para ouvir oque o outro tem a dizer, chega a ser um investimento. Sim, não entenda mal, mas tempo tem se tornado a moeda mais valiosa de todos os tempos! Se me permitem a redundância filosófica.

Refletindo sobre isso, sempre penso em melhorar nesse aspecto, quando me autoanaliso, pensando se tenho dedicado tempo suficiente para bons diálogos, na parte do ouvir. Sempre gostei de falar, compartilhar opiniões, mas ouvir é algo relativamente difícil. Não que eu fuja de ouvir, não é isso! Mas às vezes você, por não estar ligado ao assunto que a outra pessoa esta falando, parece desconectado do diálogo. Às vezes o diálogo é pouco produtivo, não sei se é só comigo. Ouvir e dar uma opinião de qualidade, dando a devida atenção, mesmo com o assunto não te interessa, quando é um assunto irrelevante, aquele assunto que, pra você, não significa absolutamente nada.. Não é fácil pra ninguém. É preciso amar muito pra tal feito!

Ouvir os de casa, não nos finais de semana, não só quando saímos descontraídos, mas na rotina diária, também não é tão fácil, pode parecer legal, por algum tempo, mas tem seu limite, limite esse que as vezes precisamos deixar passar por amor, e isso é tão bonito..

Ouvir de forma geral não é tão fácil, já reparou?

Como é difícil para um especialista ouvir um leigo, respeitar sua opinião e responder com respeito.
Já vi filhos, xingando pais de BURRO, por falarem algo, e o filho com toda sua onipotência intelectual, ficar irritado com toda raiva do mundo, ante tal ingenuidade no assunto ou questão abordada.

Meu filho de quatro anos às vezes me pergunta coisas, e às vezes começa a falar coisas que nem mesmo ele sabe, de onde esta tirando. Começa a inventar conversa para ter assunto, ele quer dialogar.. e eu quase sempre e eu disse “quase sempre” o ouço com atenção e brinco com ele. (quando vejo que, já esta inventando demais.. porque ele é assim, se deixar.., inventa conversa o dia inteiro, aí a brincadeira acaba, afinal, voltamos ao trabalho!) O fato é que, saber ouvir, e respeitar é como um dom, que todos deveriam ter.

O dialogo fica muito bom quando ouvimos oque o outro tem a dizer. Nas terapias, as pessoas se sentem melhores e aliviadas ao colocar pra fora, tudo que tem a falar, e o psicólogo é pago quase sempre, apenas para ouvir. Em outro capítulo, mencionei a complicação que temos na comunicação, mas se não sabemos ouvir, a comunicação pode ser extremamente comprometida. Afinal para se comunicar de forma satisfatória, devemos conhecer o indivíduo, e para ter noção de, até onde essa comunicação pode ir, devemos ouvir.

Somos ninguém no ouvir!
Somos cheios de si, não gostamos muito de conselhos, já dizem os arrogantes.. “Cada um que cuide de sua vida!” Porque ouvir opinião contrária é sempre difícil. Ouvir coisas positivas é bom, quanto a isto não há objeção, mas não estamos falamos apenas sobre gostar ou não, de algo contra ou a favor de mim ou de você, quero trazer a reflexão aqui ao ouvir, de forma geral.

Pense, o artigo resumido ficou grande, mas o problema também é.
Seguimos em frente, aprendendo a ouvir, respeitando e amando as pessoas, independente do assunto. Ouvir, pode curar vidas, aliviar mentes, acalentar os ansiosos, ajudar ao resolver problemas, ajudar em um aconselhamento, é preciso ouvir, entender. Ouvir pode trazer coisas boas para o ambiente.
Assim podemos finalmente evoluir!

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Se você ainda não leu os capítulos anteriores, segue:
Crônicas de ninguém: Capítulo 1 – Ninguém na sociedade
Crônicas de ninguém: Capítulo 2 – Ninguém na comunicação
Crônicas de ninguém: Capítulo 3 – Ninguém no amor
Crônicas de ninguém: Capítulo 4 – Ninguém na gratidão
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