A Teoria do Conhecimento na Filosofia #2

in philosophy •  6 years ago  (edited)

O conhecimento como problema na História da Filosofia.


Dando continuidade aos textos sobre Teoria do Conhecimento na Filosofia, hoje trarei “O conhecimento como problema”, pois saber se realmente conhece algo, se a relação entre o sujeito e o objeto foi de fato ou apenas interpretativa, é um problema.

Durante quase toda a história da humanidade o conhecimento sempre foi algo almejado por muitos, cada sociedade buscava por algum tipo de conhecimento ou por vários (ver primeira publicação), mas foram os gregos que conseguiram delinear um objetivo concreto no início dessa busca que perdura por milênios.



Teoria do Conhecimento na Antiguidade:



Tales de Mileto (c. 624 a.C./623 a.C - 546 a.C)
Fonte: Wikipedia - Ernst Wallis et al - Illustration from "Illustrerad verldshistoria utgifven av E. Wallis. volume I

Os pré-socráticos iniciaram a busca desse conhecimento na natureza (physis), tentando encontrar o elemento que deu origem a tudo ou estaria presente em tudo desde os primórdios do Universo, Tales, Anaximandro e Anaxímenes, todos de Mileto, buscaram por um princípio material que denominaram arché. Era o início da Cosmologia.

Com os sofistas veio uma mudança de foco, pensavam eles: não seria correto antes de saber o princípio de tudo, investigarmos as condições e possibilidades de conhecimento humano?

Esse novo foco foi importante, pois propiciou novos métodos e novas visões acerca do que é o conhecimento.

O irônico Sócrates utilizou a maiêutica como método, ou seja, induzia as pessoas a alcançarem suas próprias verdades através de uma série de questionamentos.

Platão utilizou a doxa, baseou sua ciência em opiniões, ou seja, através de opiniões do senso comum, criou juízos universais e imutáveis que seriam, para ele, a verdade.

Já Aristóteles, cunhou o termo episteme, baseou sua ciência na observação dos objetos de seus estudos, que foram muitos por sinal, diga-se de passagem, política, ética, biologia e alguns outros.

Com este contexto citado, cabe agora elencar as contribuições que os gregos nos propiciaram na busca pela construção de noções de conhecimento, eles estabeleceram:


  1. A diferença entre o conhecimento sensível e o intelectual, ou seja, entre as sensações e a razão. O princípio do Empirismo e do Racionalismo.

  2. Diferença entre aparência e essência, ou seja, o que parece ser e o que realmente é.

  3. Diferença entre opinião e saber, o que eu penso ser tal coisa e o que eu realmente sei ser tal coisa.

  4. Por fim, as regras da lógica para se chegar à verdade, regras criadas por Aristóteles e que até os dias atuais pouca coisa foi mudada.



Teoria do Conhecimento na Idade Média:





Imagem Ilustrativa - Fonte: Pixabay - Cocoparisienne

A Idade Média, nos proporcionou pouquíssimos avanços em todas as áreas, e, a Teoria do Conhecimento foi uma delas, tanto que, o que mais temos nesta época, é uma releitura ou reestruturação das teorias de Platão e Aristóteles, e, em grande maioria, uma releitura feita com a intencionalidade de postular um ser divino como o criador de tudo neste Universo.

Inicialmente temos a Patrística com Agostinho sendo seu maior nome, que buscava conciliar a teoria platônica com o pensamento cristão. Vale lembrar que o nome Patrística define uma filosofia cristã iniciada pelos “pais da igreja”, ou seja, seus primeiros comandantes.

Já a Escolástica que teve como maior nome Tomás de Aquino, anexou a filosofia aristotélica ao pensamento cristão, a tentativa era fazer um delineamento entre fé e razão. Acho Tomás de Aquino um sujeito bem interessante, em pleno século XIII, ele decidiu antes de estudar Teologia, estudar Filosofia, e dirigiu duras críticas aos filósofos, os chamava de pagãos, pois não estavam atrás da verdade de fato, que para ele era a verdade da revelação cristã.

Já no final da Idade Média temos o Nominalismo, que já inicia a separação entre Filosofia e teologia, pois muitos entendiam que a teologia trabalhava com conceitos vazios. Seus maiores expoentes foram, Duns Scotto e Guilherme de Ockham, sim, o mesmo da “Navalha de Ochkam”, que é um conceito baseado em um princípio lógico e epistemológico de que as explicações dos fenômenos tenham que ser feitas através do menor número de premissas possíveis.

Muitos pensam ser um método reducionista, mas penso ser um método cientificamente inteligente, pois quando se reduz algo, logicamente esse campo de estudos se amplia.

Próximos textos dessa série Teoria do Conhecimento na Idade Moderna e Idade Contemporânea: A Crise da Razão.


Autor: Márcio Costa

Filósofo - Professor de Filosofia

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Como sempre um prazer ler @demokratos, que nos traz essa aula. É minha base doutrinária da profissão que tenho, e como diz o próprio autor, talvez para tudo em relação ao conhecimento humano sobre os humanos.

Adicionarei em termos práticos.

A medicina nos tempos antigos por volta de V a.C., com Hipócrates reconhecido como pai da medicina, sempre esteve associada com o místico. Hipócrates trazia a melancolia, que se refere a bile produzida pelo fígado, ao qual significa melancolia - bile negra, para explicar junto a época do ano, como o sofrimento humano poderia estar relacionado.

"Segundo Hipócrates, a influência de Saturno leva o baço a secretar mais bílis negra, alterando o humor do sujeito (escurecendo-o), o que leva ao estado de melancolia."

Com a Idade Média e com os Eclesiásticos. Onde Nobre de Melo diz ser dado início a "Teosofia", pouco se avançou em relação ao conhecimento humano. Como no texto traz expoentes como Santo Agostinho, e São Tomás de Aquino, retomam obras da Grécia antiga. A medicina da época era relacionado também ao misticismo, a fé, ou as conhecidas bruxas. Mulheres que dotavam algum saber sobre a natureza, ervas, e aplicavam nas mazelas humanas. Na Idade das Trevas passaram a ser consideradas, caçadas, e mortas, com argumento que tal manejo da natureza não era algo natural, era bruxaria.

São duas épocas que mostram a disparidade do saber em sua cronologia. Tendemos acreditar que com tempo as coisas evoluem. Mas como podemos ver, a Grécia Antiga, onde os lampejos inaugurais do pensamento em relação ao conhecimento epistemológico se fez, logo se colapsou, com a destruição das civilizações helênicas, e das grades bibliotecas, onde o que sobrou passaram a ser posse das Igrejas Católicas, donde Santo Agostinho, e São Tomás de Aquino, puderam ter contato com grandes obras da Grécia Antiga. E formular suas teorias, que são bastante interessantes e ricas, mesmo que na perspectiva da "Teosofia".

Nos próximos textos trarei paralelos com esse argumento da Teoria do Conhecimento de acordo com o tempo lógico, nem sempre o evoluímos em conhecimento com o tempo, e vemos isso claramente hoje.

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