Fui analista de RH por dois anos e testei vários tipos de recrutamento, pensando na melhor forma de incluir nos processos seletivos aquelas pessoas que tinham competência (ou potencial explícito) porém não tinham indicação ou experiência. Eu queria diminuir a influência dos preconceitos e pré-julgamentos (do RH e dos gestores que participavam da seleção dos candidatos) e potencializar o foco na capacidade técnica e habilidades sociais dos candidatos.
Cheguei a testar uma técnica estilo currículo cego, mas não adiantou muito porque passando do recrutamento para a seleção, não era mais possível manter o anonimato do candidato, e a escolha entre os remanescentes acabava sendo subjetiva.
Naquela época o meu sonho era ter recurso financeiro para testar o recrutamento por algoritmo, que ao meu ver levava em conta apenas o critérios objetivos, encerrando qualquer possibilidade de influência inconsciente ou social. Porém com o tempo entendi que não existia algoritmo perfeito (totalmente livre de percepções subjetivas, inclusive dos próprios idealizadores ou programadores), além do que tornaria deveras rígido o critério de adequação aos pré-requisitos exigidos, pois não seria dada chance às competências e habilidades potenciais, seriam levadas em conta somente aquelas já desenvolvidas e manifestas.
Portanto, concluí que o recrutamento e a seleção seriam sempre muito injustos dependendo do ponto de vista. Ou seriam objetivos e rigorosos demais, ou seriam muito subjetivos e vagos. Concluí que era necessário um meio termo.
E analisando os indicadores de turnover da empresa concluí mais uma coisa: não adianta nada disso se o perfil do candidato não for compatível com o perfil da sua equipe e do seu gestor. Perfil no sentido de "tipão" mesmo, do estilo de pessoa que você é, em todos os sentidos quanto for possível analisar.
Às vezes ficamos tristes por não termos conseguido aquela vaga dos sonhos, nos sentindo injustiçados porque sabíamos que éramos a pessoa certa para aquele cargo, ou porque percebemos que uma pessoa menos capacitada porém com boas indicações foi escolhida no nosso lugar. Sim, se você sentiu, você provavelmente era a pessoa certa para aquela vaga. Mas talvez não para aquela equipe, para aquele chefe e até mesmo para aquela empresa.
Se você se sentiu injustiçado num processo seletivo, agradeça por não ter dado certo. Não há nada pior do que sermos obrigados a viver cotidianamente num espaço com pessoas que não temos a menor afinidade, com um chefe que duvida da nossa capacidade e nos testa o tempo todo e principalmente dentro de uma organização que possui um código moral que você não compartilha.
Se você se sentiu injustiçado com o resultado de uma seleção você já tem uma ótima dica de que aquela vaga não era mesmo para você. Se os próprios critérios de contratação (entrada na empresa) foram baseados em valores e princípios tão diferentes dos seus, imagina o inferno que poderia ser a permanência num ambiente deste.
Boa sorte a todos que estão nessa batalha.
Ótimo texto, Aliny! Estou desempregada, e venho sentindo muito dessas injustiças e tb desrespeito por parte dos recrutadores. Falam que vão retornar e nada, pedem um milhão de teste para nada, chegam atrasados nas entrevistas, fazem promessas sobre vc já estar em uma próxima vaga, na verdade não passa de uma mentira. Enfim, muitas outras coisas, pretendo abordar isso em um texto em breve.
Tenho um amigo que saiu dessa área de seleção por causa da desonestidade das empresas, que chegavam até fazer processos seletivos "fakes", quando já tinham os escolhidos por meio das indicações internas. É como alguns dizem: "o que importa é o QI (quem indica)".
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Nossa @leticiachiantia, super me identifiquei com esse amigo seu. Trabalhei dois anos nessa área e pedi demissão (mesmo sem ter outra coisa em vista), porque eu não via muito sentido no que eu fazia. Eu não era nada feliz na minha atribuição (que na teoria era muito interessante mas na prática era bem diferente). Ah, boa sorte na busca! Uma hora vai surgir algo que encaixe legal para vc.
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Poxa, que situação chata para os dois lados... Mas, realmente, o fato de ter sido melhor não ser selecionado é um ponto de vista que muitas vezes nem ocorre para o candidato, que sempre sai frustrado por se sentir incapaz e, mais uma vez, sem trabalho...
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Há uma forma bastante justa de recrutamento, mas que cria grandes distorções. É o concurso público. Seleciona-se gente competente e comprometida, mas também muitos nó cego e até gente que vive no mundo da lua.
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Nossa, eu acho tão difícil pensar sobre isso que não consigo nem ter uma opinião sobre.
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