Como é ter um recém-nascido em casa?

in pt •  7 years ago 
Muito cocô, choro e cólica?

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Quem dera fosse só isso!

Eu fui uma grávida exemplar. Fiz tudo certinho, apesar de ter um problema hormonal da tireoide, eu me alimentava super bem, tomava todas as vitaminas, vacinas, me exercitava e enfim, uma gravidez ideal.
Eu lia muito, pesquisava tudo o que eu precisava saber sobre o parto, sobre os cuidados, as marcas, como preparar os seios para amamentar, o tipo de berço, a cadeirinha... Tudo o que foi possível eu absorvi. Poderia até ministrar palestras pelo mundo sobre tudo o que aprendi nas minhas leituras... Mas eu nunca tinha convivido um dia com um bebê pequeno, nunca tinha trocado uma fralda. Ainda assim me mantinha confiante! Afinal, eu li tanto, fiz cursos, vi palestras. Estava praticamente pós-graduada em criação de filhos.
As semanas passaram. Então 11 dias antes da data provável do parto ela nasceu, num parto normal e lindo, do jeito que idealizei, sem complicações para nenhuma de nós – só um pai recente meio traumatizado após assistir tudo. Fomos para o quarto e eu com os hormônios completamente à solta, cheia de colostro (o primeiro leite), pluguei aquele serzinho em mim e a amamentação foi um sucesso.
Só que eu não tinha me preparado muito bem na logística do preparo pré-parto e a bolsa da maternidade foi muito nas pressas. Esqueci as luvinhas! E ela nasceu numa noite fria de junho... Eu mantinha ela o tempo todo perto de mim e ainda assim não conseguia aquecer aquelas mãozinhas pequenas e vermelhinhas. Naquele exato momento veio aquele sentimento muito comum às mães (e às vezes aos pais): A CULPA. Eu não me perdoava... Na primeira noite com a criança eu falhei miseravelmente. Estas lembranças são fragmentadas na minha memória, porque eu estava mergulhada numa piscina de hormônios. Eu nunca me senti tão primitiva, tão instintiva quanto naquela noite. Eu não cochilei um minuto, eu só olhava para ela. Ouvia os sons ao redor muito intensamente e sentia aquele cheirinho dela que despertava em mim algo completamente novo, sem ter como simplificar em palavras.
Eu só conseguia me manter ali ao lado dela, conferindo cada movimentação. Era uma necessidade tão grande que durante três longos dias eu não dormi um minuto. Eu ficava 24h olhando para ela.
Então os hormônios começaram a se equilibrar e eu comecei a perceber a realidade daquilo que eu estava vivenciando. Percebi que aquele serzinho pequeno e frágil, com aquele pescocinho molinho, aquela moleirinha aparente precisava de mim. Mas precisava muito! Total 100% da minha dedicação para o resto da vida. O resto da vida. E cada espirro, cada tosse, cada suspiro no bercinho me deixava louca de preocupação. Acredito que não existe ateu naquelas horas noturnas que não tenha rezado para que o bebê não sofra a temida morte-súbita. Porque a gente aprende a rezar de joelhos quando se trata de um medo em relação aos filhos. Mas isso gera um cansaço mental tão grande, que eu me arrependia demais de ter engravidado. Perguntava a mim mesma o porquê de ter escolhido ser mãe, que loucura foi aquela. Eu não queria aquilo, queria fugir... Eu queria gritar.
Sobre tudo isso eu não havia lido... Tive muito medo de tudo aquilo ser a temida depressão pós-parto, mas não podia ser, porque eu a amava tanto, mas odiava ser mãe. Entende o impasse? É um sofrimento inexplicável. Então eu conheci o termo “Baby Blues”, o qual dava um significado muito profundo a todos aqueles sentimentos contraditórios... Com muita calma e ajuda fui me ajustando, me fortalecendo. Mas não é fácil. Até hoje não é fácil. Tem felicidade em ser mãe? Tem demais! Mas tem choro no banheiro, tem vontade de querer sumir e não voltar nunca mais. Tem dias bons e ruins... Mas nada te faz crescer mais como ser humano do que a oportunidade de auxiliar outro a crescer também.

Nesta foto, Clarice e eu no nosso primeiro dia juntos, ainda no hospital. Um dia muito frio.
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Outra hora conto sobre o meu parto com todas as expectativas e realidades!
Abraço, Carol.

Mais informações sobre o “Baby Blues”: http://www.justrealmoms.com.br/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-os-baby-blues1/

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Minha esposa ja passou por isso.

É punk! Mas nos torna muito mais fortes.

Belo relato, amor. Principalmente pela realidade presente nele. Acho que ambos aprendemos muito a respeito dessa idealização e pseudo-poesia superficial da maternidade, que acabam deixando de lado o cru, o visceral, a aflição, a angustia e a tensão, que são sim partes quase fixas de uma relação familiar.
Entendo muito melhor aqueles pais cansados hoje em dia! haha.

Mas sem dúvidas, ambos sabemos que nosso amor pela pequena Clarice é imensurável, é infinito, é poderoso, e uma frase que ela fala com aquele jeitinho é suficiente para cobrir todo e qualquer sofrimento. :)

Te amo. Parabéns pelo post.

<3

Relato intenso de uma maternidade, ainda não sou mas quando me imagino mãe chega me dar arrepios. Felicidade p sua família.

É difícil, viu? Mas vale muito mais a pena do que parece... Recomendo :D
Obrigada, felicidades para você também! <3

Passei por este momento recentente. Minha bebê esta com 3 meses agora. Posso dizer que foi tranquilo todo o processo, bem melhor do que imaginava.
Minha mulher estava como você, lendo muito, preocupada e etc, eu já nem ligava muito pois sabia que na hora saberíamos o que fazer e teria muita gente pra dar uma força de um jeito ou de outro, afinal, ela é nosso sangue e também não temos como saber o que pode acontecer.
Os engasgos na respeiração, aquele ser super pequeno e frágil assustam.
O pediatra dela também foi fundamental em nossa instrução. Ele "proibiu" a minha esposa de ficar em grupos, ouvindo muito conselho e etc. Na visão dele a mãe precisa de empoderar como mãe e confiar que ela, por instinto, sabe o que é melhor para a filha.
É óbvio que sempre que rola aquele medo, dúvida e corremos pro celular pesquisar ou mandar mensagem pro médico, mas a verdade é que no final as coisas se ajustam e fica tudo bem.
Para mim, o pior são as vacinas. Confesso que escorre uma lágrima quando tenho que segurá-la para tomar uma injeção.
Minha esposa também passou por estes momentos de Baby Blues e também mudou um pouco sua personalidade. Está mais apreensiva e medrosa com coisas que antes achava legal, como assitir filmes de terror, hehehehe.
É uma nova vida, uma nova realidade. As vezes bate aquele pensamenrto "Será que fiz o certo, como vou garantir o futuro dela, serei um bom pai" e por aí vai... O jeito é confiar e não olhar pra trás.
Boa sorte e felicidade com sua pequena!

Fico feliz por também ter compartilhado sua experiência, Eduardo! Adorei a atitude do pediatra, quem dera a maioria fosse assim... E que bom que todo o processo foi positivo para vocês, é uma fase cheia de experiências! Eu sempre fiquei me baseando em meus pais e avós. Se eles conseguiram, nós também conseguimos!
E quanto às vacinas, logo passa. Depois do primeiro ano elas vão ficando mais espaçadas. Mas sei como é, pior ainda quando dão reações!
Felicidades para sua família também! =)

Você é muito sensível e espero saber mais a respeito disso quando tiver minhas crianças. Força e continua lutando dessa maneira única que vais chegar cada vez mais longe. Abs!

Muito obrigada pela força! Sem dúvidas o dia que você experimentar estas aventuras, não vai se arrepender! ;) Abraço.

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