RE: #introduceyourself | Chagay! | Sobre como prefiro ser tratadx!

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#introduceyourself | Chagay! | Sobre como prefiro ser tratadx!

in pt •  7 years ago  (edited)

Eu usei a palavra inconsciente como leigo pensando o senso comum. Mas acho que talvez nem mesmo no senso comum essa palavra caberia na minha fala. Pode ser que não tenha sido a melhor escolha. Estou pensando sobre.

Vou tentar dialogar com algumas coisas que você falou embora tenha muitos conceitos que você colocou ai que eu não domine.

Sobre o auto conhecimento ser algo difícil: para algumxs de nós, não existe outra opção, quando você é um corpo que passa por um processo de desumanização violento pelo sistema colonial (ainda presente e em constante manutenção), o auto conhecimento é urgente para a própria sobrevivência. O auto conhecimento é sobrevivência porque aprendemos muitas vezes que nós não existimos, ou que a nossa existência é um erro, um problema, uma impossibilidade, um pecado, uma perversão... da temos uma lista interminável de agressões a nossa existência. É difícil também porque envolve se dar conta de inúmeras violências, micro e macro violências, mas também é se dar conta da nossa grandiosidade. É difícil para nós porque somos silenciadxs o tempo inteiro, muitas vezes não é possível falar ou se expressar de inúmeras formas. E acho que auto conhecimento nesse caso tem muito haver com descobrir a sua humanidade e como é possível não apenas existir mas entender as maravilhosidades dessa existência. Não penso em auto conhecimento como um projeto inacabado, pelo contrário, é um processo continuo e interminável, mas está acontecendo, pode ser difícil, mas a gente tá diariamente tentando tornar cada vez menos difícil, tentando visibilizar cada vez mais o maior número de possibilidades de existência.

Dai acho que compreendo a relação que você faz com educação, inconsciente, linguagem e como elas se afetam. Só acredito que precisamos entender que essa dificuldade de sair do binário não é universal, sendo que temos inúmeras possibilidades de existências; para dar um exemplo apenas entre muitos outros, podemos pensar nos terreiros: muitos Orisàs por exemplo estão longes de ser binários - ousaria dizer que nenhum delxs mas essa é uma outra conversa. Nesse e em outros espaços, as o automaticidades são outras muito diferentes das brancas ocidentais ou das ocidentalizadas. Não sei exatamente do que você está falando quando diz que não é possível desautomatizar o que é automático por natureza, mas eu utilizei essa palavra porque entendo que essa bináridade automatica não é universal, pois ela não está presente dessa maneira em muitas culturas e corpos que existem e falam mas muitas vezes não são escutadas. Talvez ai possamos pensar no papel que (não) ocupamos no imaginário coletivo seja lá qual seja o conceito de imaginário coletivo, pois eu não consigo pensar em uma coletividade, e sim em coletividades, e talvez a coletividade que você esteja pensando é uma coletividade que traz uma pensamento hegemônico que se entende universal.

Tem muita coisa ai no seu texto para ser explorada. São coisas muito profundas que dariam no mínimo um TCC (lá vem a acadêmica). Acho que vou deixar para continuar esse dialogo em outro momento mas antes deixo para pensarmos sobre a universalização de certos conceitos como cultura, por exemplo, é importante sempre falarmos de pluralidade e de local de fala. Quem está falando, de onde, com que experiência.

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"A arte e a prática de amar começam com nossas capacidades de nos conhecer e afirmar (...) A afirmação é o primeiro passo para cultivarmos nosso amor" bell hooks

[bell hooks, é mulher negra autora, teórica feminista, artista e ativista social estadunidense]