Épico Sulino (Guerra do Contestado)

in pt •  7 years ago 

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Foto tirada no interior de Porto União (Santa Catarina), região da Guerra do Contestado
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Fui batizado pela irmandade dos pinheirais
Nas platinas águas da Bacia do Uruguai.
Cresci xucro, fincando o garrão neste chão bagual,
Lançando ao vento as bases do porvir austral.

Cresci aspirando lonjuras e me vi só nas águas d'um açude.
Caminhei pela neve e senti a geada em toda sua plenitude.
Lancei-me no mundo e na história,
Sem esquecer a essência ou glória deste meu torrão natal.

Vi índios, espanhóis e portugueses,
Povos e missões de todas as vertentes.
A vida pulsante que outrora aqui havia
Em tempos já olvidados que a América nascia.

Porção sulina e terra santa por excelência,
Sua alma pelo horizonte brota plena
E compõe, assim, singular paisagem
Cuja essência é o pinheiro em forma de cálice.

E quando a ganância, fragilidade da alma pequena,
Atorou os cálices ao longo das querências,
Foi no campeiro, homem de telúrica existência,
Que o cálice dos pinheiros derramou sua primitiva essência.

Povo às armas, pois a boa alma nunca é morna;
Forja, com chamas, cruz e espada,
Envereda pelos mistérios da alma
e vê na morte a luz da vitória!

Que se iluminem os carreiros
Na chama de um candeeiro.
Nas noites frias de pinhão,
Largos passos nós impomos
Na marcha contra profanos
Sob a benção de Dom Sebastião!

E num estalo se foi o primeiro embate,
Caindo no entrevero um herói de cada parte.
O monge se foi à armada nos céus eternizada;
Abriram-se as porteiras às potências sagradas!

Ergo meu chimarrão à alma austral!
Ímpeto, sangue e revolta sulina!
Saúdo, não em vão, a Monarquia Celestial;
Seus próceres e mártires
Batizados em águas platinas.

Sou, pois, alma do Sul que galopa noite afora
Levando em atávicos versos na memória
O povo que aqui se criou.
Sigo peleando solito junto às araucárias
Nos ecos graciosos de um grito de gralha
Para que o povo não olvide
E ainda acredite
Que nossos fundamentos
O progresso não mudou.

Contestado...
Deus do céu os tem por bem,
Guarda a vós um colosso no tempo,
Da alma pura já sem qualquer medo,
À qual João Maria diz Amém.

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Grande! Suas poesias me enchem de inspiração! Obrigado!

Eu é que agradeço, meu caro!