Khomskaya destaca comprometimentos da atenção elementar e da atenção voluntária.
No primeiro tipo de comprometimento, o indivíduo não se consegue concentrar nos estímulos visuais, auditivos ou táteis e as perturbações da atenção irão manifestar-se em qualquer atividade mental.
Este tipo de perturbações é característico de sujeitos com lesões nas estruturas cerebrais médias não específicas e revela diferenças de acordo com a localização das lesões:
- Lesões nos setores inferiores das estruturas não específicas – bulbo raquidiano – diminuição brusca do volume de atenção e da capacidade de concentração (sensorial, motora, gnóstica, intelectual);
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- Lesões nos setores inferiores dos lobos frontais e temporais: ficam comprometidas as formas voluntárias da atenção nos vários tipos de atividade psíquica. O indivíduo fica extremamente reativo a todos os estímulos, virando-se ao menor som ou intrometendo-se nas conversas de outros, por exemplo.
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- Lesões das estruturas não específicas – setores diencefálicos e sistema límbico, centro de controlo emocional – o indivíduo não se consegue concentrar de todo em qualquer atividade ou, caso consiga, a atenção é extremamente instável. Estas dificuldades são também sentidas na execução de atos motores, na resolução de problemas aritméticos e na execução de tarefas verbais.
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Na base destas disfunções da atenção observa-se o fraco desenvolvimento das funções reguladas pelo hipocampo e pelo núcleo caudado que são fontes de cruzamento da função de seletividade no comportamento, constituindo-se um distúrbio da atenção primária.
Na falta de reabilitação, os sintomas consistem num aumento da distração, instabilidade das respostas seletivas, estado de sonolência, perda de capacidade de distinguir o presente e o passado, confabulação e perturbação da consciência. Nestes casos, o indivíduo não se consegue concentrar nos estímulos sensoriais (visuais, auditivos, táteis).
Perturbações da atenção comuns:
Inatenção visual: negligência visual, estágio inicial ou moderado de comprometimento das estruturas analisadoras visuais; à medida que a doença evolui pode passar a transtornos da perceção ou a perturbação unilateral do campo visual (hemianopsia) e geralmente os sujeitos não têm consciência do defeito (anosognosia);
Inatenção auditiva: dificuldade em aperceber-se de estímulos auditivos, sons ou palavras, apresentados simultaneamente aos dois ouvidos;
Inatenção tátil: dificuldade em aperceber-se de estímulos sensitivos táteis, apresentados simultaneamente em ambas as mãos; se as mãos forem tocadas em separado o sintoma de inatenção não se verifica;
Inatenção motora: dificuldade na execução de movimentos simultâneos das mãos; a realização e conclusão de movimentos mantém-se somente numa das mãos.
O papel dos lobos frontais é na inibição de distratores e na preservação de comportamentos dirigidos a metas e programas.
Em lesões nos lobos frontais, as instruções verbais não são eficazes, deixando o sujeito com incapacidade de concentração numa instrução verbal e com dificuldade em inibir e abandonar estímulos irrelevantes.
Lembremo-nos que os lobos frontais desempenham um papel importante no aumento do nível de vigilância do indivíduo quando este está a realizar uma tarefa (forma elementar da atenção), participando de modo decisivo das formas superiores da atenção.
Em indivíduos com lesões do lobo frontal, o mecanismo de ativação está completamente perturbado ou vai perdendo o seu carácter estável e generalizado.
Os lobos frontais, em especial as zonas médias conectadas com a formação reticular e com a região límbica, desempenham um papel decisivo neste processo de aumento do nível geral da atividade, de acordo com Luria.
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A Constituição das Funções Nervosas Superiores
Atenção