(equiparada à Diferenciação do seu Viver relativamente aos seus Pares, por Maria Rita Leal na sua teoria da Afetologia Genética, a discutir brevemente)
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Para Vygotsky esta crise da adolescência é um caminho à maturidade psicológica e descreve-a como um período de transição com características como:
- a queda dos interesses infantis,
- descontentamento interior,
- inquietude,
- tendência à solidão,
- isolamento e negativismo,
...em função da complexidade nos sistemas funcionais cerebrais que estão a operar nesta fase.
O adolescente afasta-se do seu meio social e adota uma atitude negativa perante tudo como forma de se conseguir posicionar de modo mais autónomo e intelectualizado no meio social.
O adolescente já consegue acalmar as suas ideias, pensamentos e comportamentos como forma de os verificar e de se posicionar no meio externo, possibilitando a constituição de uma atitude mais madura nas suas relações.
O brincar neste período torna-se uma atividade séria, o adolescente experimenta novas relações sociais, principalmente as amorosas e sexuais.
Este brincar sério é uma autoeducação, e a transformação da atração para o interesse amoroso torna-se o ponto-chave deste período de desenvolvimento.
O pensamento passa a ser por conceitos. Luria refere que a criança lembra através de recordações, “o adolescente lembra através do pensamento” e é esse pensamento que forma a personalidade e a conceção de Sentido de Si, do Outro e da Realidade.
Leal enfatiza que esta crise é uma fase de transição e aperfeiçoamento emocional, afetivo e intelectual para que o adolescente se constitua como um ser adulto maduro e descreve que:
“Ser adulto é poder aventurar-se a partir para fora de si mesmo em busca de novas maneiras de atender às suas necessidades e preencher lacunas – com o objetivo de atingir fins públicos e/ou significados íntimos, defendendo a própria esfera de dono, sem pedir licença para circular com flexibilidade dentro das realidades do próprio trabalho e da própria vida de todos os dias” (Leal, 2010).
Com a formação de conceitos, reorganiza-se a perceção, a memória, a atenção e a atividade prática e estas reestruturam-se sobre uma nova base, elevando o nível de cada função.
“A maturidade manifesta-se pela possibilidade de alternância entre **ser um cuidador de um outro e ser um recetor de cuidados que possam ser oferecidos” (Leal, 2010).
Para Leal, ser adulto é aceitar os objetivos e os ideais próprios mesmo que estes sejam diferentes das expectativas comuns, possibilitando a discussão pacífica entre as convicções, permitindo pensar em profundidade, incluindo a busca constante do sentido de vida.
É o momento propício para estabelecer relações estáveis e íntimas com um parceiro.
As mudanças psicológicas ocorrem ao longo da vida do sujeito à medida que este esteja em relação de transformação com os outros e com o meio social no qual está inserido.
O desenvolvimento da personalidade acima descrito nas crises psicológicas não ocorre de forma linear mas sim de forma dialética, de acordo com os instrumentos disponíveis na cultura e nas relações sociais nas quais o sujeito está inserido.
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Estas crises podem ser analisadas como períodos norteadores do desenvolvimento adequado das funções nervosas superiores no cérebro humano ao longo da evolução da espécie.
Cresce o número de pessoas que não desenvolveram plenamente as Funções Nervosas Superiores por estarem inseridos num contexto social, familiar e educacional que não permite relações que propiciem o desenvolvimento psicológico e que dificultam o uso das ferramentas sociais.
Cabe à Psicologia Clínica Sócio-Histórica analisar e favorecer as interrogações a respeito das normas e relações sociais e o efeito que estas constituem no desenvolvimento psicológico para possibilitar a constituição plena das Funções Nervosas Superiores.
Referência: Marangoni, S. & Ramiro, V. C. (2012). Fundamentos da Neuropsicologia Clínica Sócio-Histórica. Ed: IPAF Lev Vygotsky Brasil (São Paulo).
Neuropsicologia - Como melhorar a nossa atividade mental Parte I | Parte II
A Importância do Brincar Parte I | Parte II
A Psicologia Clínica e o Trabalho com Crianças Parte I | Parte II
O Papel da Fala – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | Parte III | Parte IV
Fundamentos da Neuropsicologia – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | As Crises Psicológicas - Parte I – Introdução | Parte II – A Crise Pós-Natal | Parte III – A Crise do Primeiro Ano | Parte IV – A Crise dos Três Anos | Parte V – A Crise dos Sete Anos | Parte VI – A Crise dos Treze Anos
Um texto interessante, parabéns! Uma idade em que é essencial o papel dos pais, família e educadores para que a formação da personalidade do adolescente se construa na base do respeito, do verdadeiro "eu", sem estigmas e preconceitos!
O seu texto e o meu complementam-se, veja aqui. :)
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Sim, é muito importante perceber o verdadeiro "eu", o "eu" dos outros e a realidade em que estamos inseridos para que o adolescente possa ser um adulto consciente do seu papel na sociedade. Infelizmente muitos não conseguem chegar a essa maturidade... Já vou ler e votar no teu artigo :) Obrigada!
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Obrigada @camoes!
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Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
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