Psicologizando... | A Crise dos Sete Anos e as suas Disfunções Psicológicas - Leitura BibliográficasteemCreated with Sketch.

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A Crise dos Sete Anos
(equiparada às Separações Individuais com Perdas e Reencontros e/ou à Diferenciação do seu Viver do dos seus Pais, por Maria Rita Leal, a discutir brevemente)

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pexels

Esta nova crise representa a passagem da idade pré-escolar para a idade escolar. A entrada para a escola promove uma imersão no mundo externo e amplia as relações com os pares.

O percurso escolar tem uma influência benéfica para a construção da autonomia, o sentimento de pertença ao grupo de pares e a construção de significados da realidade.

Esta crise caracteriza-se pela perda da espontaneidade infantil pois a criança já construiu a noção de que os Outros são sujeitos que têm desejos e vontades diferentes das dela e que pode perder a atenção deles caso se comporte espontaneamente de acordo com as suas próprias necessidades.

O início desta crise desencadeia na criança ansiedade, insegurança e medo de estabelecer relações com os pares.

A criança passa a ter consciência das suas experiências e começa a nomear as suas vivências e sentimentos e a dar-lhes um significado.

Quando existe uma valorização dos seus comportamentos e sentimentos, a criança julga a sua posição no meio social com êxito e acaba por agir de um modo mais teatralizado como forma de se apropriar do sentido do Eu autónomo, dos Outros e da construção de significados da realidade.

As palhaçadas e os exageros nos comportamentos e nas relações tornam-se constantes como forma de acabar com a ansiedade e medo de perder a atenção dos pares, promovendo a autoestima e a consciência emocional.


Disfunções psicológicas da crise dos sete anos
(equiparadas à Neurose Fóbico-Ansiosa ou à Neurose Histérica, descritas por Joaquim Quintino-Aires, na sua teoria da Psicopatologia Sócio-Histórica)

fobia dos sete anos.jpg
pexels

As ambiguidades nas relações com os pares implicam dificuldades em estabelecer vínculos significativos com o grupo de amigos e implicam relacionamentos que dificultam a partilha de significados consistentes.

Estas dificuldades constituem na criança distúrbios do tipo neurótico que podem ter reações fóbicas e histriónicas, reveladas nas dificuldades de relacionamento.

Estas disfunções continuam quando as relações sociais com os pares não são constantes e assertivas para a autonomia e o amor-próprio, limitando a ação dos sujeitos – fobias – e/ou promovendo atitudes exageradas e teatralizadas – histriónicas – como forma de lidar com a ansiedade e insegurança perante o mundo externo das relações.

As disfunções de tipo neurótico estão no Manual de Doenças Mentais como Perturbações de Ansiedade e podem ser descritas pela Psicologia Sócio-Histórica como dificuldades nas relações interpessoais em função da insegurança sentida no convívio com os outros da relação social.

As relações sociais são geradoras de conflitos para quem permanece nesta crise em função de se tornarem artificiais nas relações e em função da sua insegurança em posicionar-se no meio social.

A superação destas disfunções ocorre na psicoterapia à medida que a relação terapêutica enfatize através da palavra os significados partilhados na realidade externa, desenvolvendo a autonomia e a abstração intelectual, emocional e relacional, constituindo as funções nervosas superiores dos sistemas associativos e as funções de regulação da atividade mental.


Referência: Marangoni, S. & Ramiro, V. C. (2012). Fundamentos da Neuropsicologia Clínica Sócio-Histórica. Ed: IPAF Lev Vygotsky Brazil (São Paulo).


Fiquem atentos aos próximos artigos!

Podem também consultar os restantes artigos da série "Psicologizando...":
Neuropsicologia - Como melhorar a nossa atividade mental Parte I | Parte II
A Importância do Brincar Parte I | Parte II
A Psicologia Clínica e o Trabalho com Crianças Parte I | Parte II
O Papel da Fala – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | Parte III | Parte IV
Fundamentos da Neuropsicologia – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | As Crises Psicológicas - Parte I – Introdução | Parte II – A Crise Pós-Natal | Parte III – A Crise do Primeiro Ano | Parte IV – A Crise dos Três Anos

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