Nesta série de artigos, estou a analisar o livro Fundamentos da Neuropsicologia Clínica Sócio-Histórica, um ótimo livro do IPAF Lev Vygotsky, Brasil, para quem tem interesse na Neuropsicologia Clínica e/ou está a iniciar-se na Psicologia Sócio-Histórica.
Este primeiro capítulo é dividido em três partes e assim divido também as minhas leituras:
3 – A conceção de desenvolvimento da personalidade, relacionando como Vygotsky entende o desenvolvimento psicológico humano de acordo com as crises psicológicas que permitem as transformações e a construção da REALIDADE, do OUTRO e do SELF enquanto indivíduo psicológico.
pexels
Vygotsky refere que o desenvolvimento da personalidade do indivíduo ocorre em períodos de crises psicológicas:
Períodos críticos de transformações biológicas e psicológicas que favorecem o desenvolvimento das Funções Nervosas Superiores.
O autor não enfatiza a idade cronológica como fator primordial para o desenvolvimento e sim as relações sociais que são estabelecidas com a criança de acordo com a cultura e que podem ou não propiciar o desenvolvimento psicológico.
As crises psicológicas citadas por Vygotsky (1996) proporcionam o desenvolvimento do EU como sujeito psicológico, a conceção do OUTRO e a construção mental da REALIDADE. São processos de transformação que, de modo dialético, em relação com o Outro:
Individuais e sociais;
Distintos e sequenciais;
Acompanhados de conflitos profundos;
De âmbito social, individual, emocional, cognitivo,…
Vygotsky define 6 períodos de crises de desenvolvimento humano:
Transformação e separação do período embrionário;
2. A crise do primeiro ano
Delimita o primeiro ano de vida do bebé até ao início da infância;
3. A crise dos três anos
Refere o início da infância até à idade pré-escolar;
4. A crise dos sete anos
Delimita a idade pré-escolar da idade escolar;
5. A crise dos treze anos
Refere-se à idade escolar até à puberdade;
6. A crise dos dezassete anos
Delimita a puberdade da maturidade psicológica.
Para o autor, estas transformações podem ou não ocorrer de modo adequado para todos os indivíduos em função das relações sociais que estes estabelecem e, quando estas transformações não ocorrem nos períodos propostos, surgem disfunções psicológicas.
Estas disfunções devem ser entendidas como a não aquisição de novas capacidades cognitivas e emocionais que podem ser superadas à medida que o sujeito esteja ativo e presente numa relação confiável e estável na presença de um Outro atento às suas reais necessidades.
Para a passagem de uma crise para a outra é necessário ter em conta a organização cerebral existente, pois de uma fase para a outra surgem sempre novas funções que têm que ser integradas para se construir uma nova crise.
As crianças passam por longos períodos sem apresentar uma mudança brusca demonstrando que o desenvolvimento se dá num percurso lento, mas há momentos em que o desenvolvimento dá saltos em pontos críticos de transformação, denotando os intervalos das crises referidas.
Nestes períodos aparentemente mais calmos estão a decorrer momentos de internalização em que a criança está a estruturar as representações mentais das experiências, relações e vivências que teve com o mundo exterior.
Os saltos no desenvolvimento indicam que as representações já foram internalizadas e indicam as transformações na dinâmica cerebral, especialmente nas Funções Nervosas Superiores – atenção, memória, pensamento, perceção, entre outras.
Iremos então analisar a estruturação de cada uma das crises, bem como as disfunções que podem surgir caso certas transformações não ocorram no devido tempo.
Referência: Marangoni, S. & Ramiro, V. C. (2012). Fundamentos da Neuropsicologia Clínica Sócio-Histórica. Ed: IPAF Lev Vygotsky Brazil (São Paulo).
Podem também consultar os restantes artigos da série "Psicologizando...":
Neuropsicologia - Como melhorar a nossa atividade mental Parte I | Parte II
A Importância do Brincar Parte I | Parte II
A Psicologia Clínica e o Trabalho com Crianças Parte I | Parte II
O Papel da Fala – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II | Parte III | Parte IV
Fundamentos da Neuropsicologia – Leitura Bibliográfica Parte I | Parte II
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Eu acho a neurociência um assunto fascinante, principalmente se tratando de estudos para o desenvolvimento do indivíduo. Vi em algum lugar no quanto ainda estamos "atrasados" nesses estudos, e no quanto o potencial e necessidade de aprofundamento são gigantes! Abraço! @helgapn
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Sim, o cérebro humano ainda está envolto em muito mistério! Mas o que mais me fascina é mesmo isso: a enorme potencialidade que cada um de nós tem! Conhecer a Neuropsicologia dá-nos um vasto conhecimento sobre o nosso próprio comportamento e ajuda-nos a melhorar o nosso cérebro em todos os aspetos.
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