Como ainda não conseguira sua habilitação e nem ganhar dinheiro com uma grande ideia, a vida de Abelhão não vinha tendo grandes emoções.
Mas naquela noite - depois de já ter lido tudo que podia sobre abelhas - ele resolveu sair para a balada.
Ele aprendera muita coisa, e achava que isso o faria sentir confiante naquela noite.
Agora ele sabia que - embora não mais voasse tanto quanto os seus ancestrais - ele ainda era uma criatura ativa e acostumada ao zum-zum-zum das colmeias.
Sabia que não tinha mais ferrão, mas uma pesquisa tinha mostrado que ele ainda guardava a coragem e agressividade dos seus ancestrais.
Também tinha lido que - como descendia de seres de seis pernas - seu cérebro adaptara os antigos circuitos neurais dando-lhe grande agilidade e coordenação.
Já as suas antenas, dizia ciência que ainda eram funcionais, portanto podia captar quaisquer oportunidades no ar.
E no espelho, ele podia ver que seu corpo era coberto de pelos, fruto da coevolução com as flores, e isso era muito sexy para as abelhas.
Abelhão depois de
uns mel destilado
já arrisca até uma dancinha
ou estaria cambaleando?
Então, ele, animado, resolveu sair. Mesmo ainda não tendo dinheiro nem status.
Dizem que, no fim da noite, ele foi visto no Forro do Vespeiro. Um risca-faca de onde, pelo menos, ninguém ia embora sozinho. Mas, naquela noite, ele voltou para casa só e cambaleando.
E esse seria só o início dessa fase da sua vida. Fase esta que poderia ser assim representada (exageradamente): https://www.youtube.com/watch?v=Ve4NT81leCM
Mas Abelhão ainda não tinha desistido... (continua)
A Dança das Abelhas - Parte 1