Rascunhando num pedaço de papel, o desenhista pensou em criar um personagem para ajudar a despertar um pouco de empatia dos humanos pelos caranguejos. Ele sabia que ainda se cozinhava caranguejos vivos antes de comê-los.
Pensou também em colocar flechas na história, porque a forma como são feitas demonstram como os humanos podem ser maus.
As pontas das flechas são feitas para que a pessoa atingida não possa puxá-las de volta. Elas se engancham na carne quando se tenta arrancá-las.
Então, o desenhista começou a pensar num mundo onde não existiria tais crueldades. Seria um mundo onde sempre se usaria flechas com potentes venenos em suas pontas. Seriam venenos que matam num instante. Assim os atingidos pelas flechas morreriam de forma instantânea. Não existiria o sofrimento de se ter uma flecha encravada no corpo.
O desenhista imaginou também um mundo onde ninguém pensaria em comer um caranguejo, pois os fluidos corporais dele seriam extremamente venenosos.
Mas, então, veio a mente do desenhista alguém capturando os caranguejos para colocar os fluidos deles na ponta das flechas. Já que eles eram extremamente venenoso, alguém pensaria nisso. O desenhista percebeu que acabara de pensar num mundo sem aquelas terríveis flechas encravadas nos corpos humanos, mas não conseguira resolver o problema dos caranguejos. Continuariam sendo caçados e sofrendo para se produzir veneno para as flechas.
Assim, ele percebeu que não é possível criar um mundo perfeito nem na fantasia. Logo, o personagem que ele criaria teria que ser venenoso em todos os sentidos, e, ainda assim, despertar a empatia dos seres humanos.
Começou, então, a desenhá-lo...