-Veja é ele é ele.
-Estou vendo, está andando depressa, veja na esquina quantos fotógrafos, devem estar atrás dele.
-Ele entrou no shopping, parece que conseguiu despistar os fotógrafos.
-Ótimo, vamos para o shopping, eu sei o lugar que ele vai se refugiar.
-Mas ele é seu amigo mesmo?
-Claro, somos amigos desde infância.
-Mas será que ele vai conversar com a gente?
-Para com isso Paulo, não é porque o Zé Corintiano é celebridade agora, que vai me ignorar, sei que ele me tem em alta estima, como eu a ele.
Na área de alimentação do shopping, numa mesa em local discreto os dois amigos encontram a celebridade.
-Grande Zé, como esta convivendo com a fama? Antes permita que lhe apresente o meu amigo Paulo, Paulo este é O Zé Corintiano, que inclusive esta mudando de nome.
Ambos sentaram-se à mesa, pediram a ao garçom uma desce redondo.
-E ai?
-Pior não pode ficar Gabriel. Respondeu Zé Corintiano.
-Por quê?
Você ainda pergunta?
-Claro que pergunto, afinal de contas, você tornou-se uma celebridade, está diariamente em todo noticiário de tevê e jornais, por falar nisso, estão falando agora de você na tevê. E apontou o aparelho de TV ao fundo.
-Essa rede de TV quer uma entrevista exclusiva comigo, e ofereceu uma grana preta.
-Porra! Porque você não deu esta entrevista? Ou melhor, porque você vive fugindo da imprensa, como o diabo foge da cruz?
-É que a cruz que estou carregando é pesada demais.
-Ora Zé, até entendo você, se me permite entrar na conversa. Interveio Paulo. –Muito embora eu seja são paulino, mas dinheiro é dinheiro, acho que você devia pensar melhor.
-Não tem o que pensar, estou sofrendo muito.
Gabriel tirou um jornal de sua pasta 007, e o estendeu sobre a mesa.
-Este jornal já tem mais de quinze dias, o guardo como relíquia, creio que daqui a alguns anos ele vai valer um bom dinheiro.
O jornal trazia manchete na primeira página:
CORINTIANO FANÁTICO CONVERTE-SE AO PALMEIRISMO.
-Esta manchete. Disse Gabriel. Tem um impacto sobre o leitor, como se fosse:
HOMEM MORDE CACHORRO, é simplesmente fantástica.
Neste momento Zé Corintiano começou a chorar.
-Calma Zé, está chorando por quê?
-O sofrimento é demais Gabriel.
Paulo perguntou: -Gostaria de ouvir de você, como a coisa chegou neste ponto, é verdade o que os noticiários dizem que tudo o que esta acontecendo com você é fruto de uma promessa de sua mãe?
-É.
-Puxa vida meu! Não é fácil não.
-É isso ai Paulo, eu tive um acidente de moto, fiquei em coma por exatos trinta dias, a minha mãe fez a promessa para N S Aparecida, se eu escapasse com vida, me tornaria um palmeirense, logo eu, que sou de uma família corintiana ao extremo, pois meus avós, tantos os maternos como os paternos, meu pai, minha mãe, minha esposa, meus dois filhos e meu netinho todos corintianos de carteirinha, a pintura da minha casa é alvi negra, como as roupas de cama e tudo mais.
-Mas você tem que agradecer sua mãe pela promessa, pois segundo as notícias, você não só voltou do coma, como também se levantou da cama sem nenhuma sequela, foi um verdadeiro milagre, que não cabe nenhuma contestação, ou você duvida do milagre?
-Claro que não, pois não estou aqui vivo e em perfeita saúde?
-Está.
-O problema reside na promessa que minha mãe fez, ela, por exemplo, podia prometer que se eu sarasse, ela se tornaria palmeirense, mas não! Tinha que ser eu?
-Você não perguntou?
-Foi a primeira pergunta que fiz.
-E ai?
-Ela disse que lhe faltaria coragem pagar a promessa.
Roberto Afhonso
Enviado por Roberto Afhonso em 17/03/2013
Reeditado em 21/05/2018
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