O Problema não é a Corrupção (PARTE 2)

in pt •  7 years ago  (edited)

No texto anterior, na parte 1 que você pode ler aqui, falei sobre o fato de a corrupção no Brasil ser apenas um grave e triste sintoma de uma doença maior que é a causa raíz da corrupção e de outros males, a doença no caso é o tamanho do Estado.

Para fins de maior entendimento deste texto, seria interessante a leitura de no máximo 5 minutos do texto anterior.

Entregar responsabilidade e poder nas mãos do estado é entregar tais coisas nas mãos de políticos que, se bem intencionados jamais conseguirão, mesmo que realmente queiram, suprir as reais necessidades de toda uma população concentrando poder e decisões que afetam milhares ou milhões de indivíduos, em seus gabinetes burocráticos.

A informação necessária para que as pessoas tenham suas necessidades atendidas está dispersa na sociedade. Este foi um conceito muito defendido pelo brilhante economista Friedrich Hayek. Você pode se aprofundar nesse tema lendo o seguinte artigo:

O uso do conhecimento na sociedade.

Mesmo com "boas intenções", políticos, burocratas em seu castelo de marfim, não tem o conhecimento necessário para adotar medidas importantes ou mesmo para entregar o que é necessário a sociedade. Este conhecimento está disperso entre a população e os indivíduos através de sua liberdade de comércio e de buscar o que é melhor para si, os indivíduos sabem melhor do que o governo o que fazer, o melhor que o Estado faz é não atrapalhar e não intervir da maneira como intervém.
Um planejamento central e estatal tem grande potencial de causar crises de abastecimento e colapsos econômicos em curtos períodos de tempo.

Ok... Mas e se o poder e responsabilidade estiverem nas mãos de políticos/burocratas que não tem boas intenções ???
Os últimos anos no Brasil foram intensos para investigadores da polícia federal e juízes do ministério público.
Achávamos que escândalos como o Mensalão eram o maior dos absurdos, até conhecermos publicamente as entranhas e resultados da Operação Lava-Jato, que mostrou o tamanho do potencial de corrupção dos políticos agentes do Estado.

O que acontece quando eles não tem boas intenções, são bilhões de reais em dinheiro público desviados ou usados através de leis e ações estúpidas para fornecer favores em troca de mais dinheiro, vide empréstimos do BNDES para empresários escolhidos a dedo, que eram financiados pelo banco de investimento estatal enquanto seus concorrentes menores além de não terem financiamento, ainda sofrem com a tsunami de carga tributária a ser paga e declarada. Em troca dessas facilidades e aportes financeiros para suas empresas, eles compartilhavam boa parte do lucro com os políticos facilitadores do processo. Sem contar o famoso caso da Petrobrás!

Isso é apenas a ponta do iceberg. Não contamos aqui as milhares de leis municipais e estaduais que são aprovadas ou entram em debate todos os dias visando um maior controle estatal na vida dos cidadãos, sempre com a desculpa de que é para o bem comum.


Obrigação por lei de adotar animais, alteração por lei de letras de músicas, proibir cerveja com sabor doce, proibir por lei saleiros em restaurantes, proibir por lei nomes de pessoas em gatos...
Uma lista mais completa em com detalhes de cada uma pode ser lida no seguinte artigo do site Spotniks:

As 12 leis mais estúpidas que podem entrar em vigor em 2016 e atrapalhar a sua vida

A lógica não é difícil de perceber. Quanto maior a intervenção do Estado na vida cotidiana dos indivíduos e na economia do país, mais este Estado vai precisar se estruturar financeiramente para manter esta intervenção sob controle. Desta forma mais e mais ministérios são necessários, novos órgãos são criados, novos espaços para corrupção são entregues aos políticos.

Os políticos que entram dentro dessa estrutura (talvez não todos, mas de fato a maioria), logo percebem que são trilhões de reais arrecadados da população para alimentar o monstro Estatal e logo encontram um terreno fértil para desvios de dinheiro, apropriação ou uso de bens públicos para fins particulares e etc. O público e o particular em algum momento já não tem mais distinção. O ambiente é propício para corrupção sistêmica, os agentes com o poder do Estado não entendem que aquele poder, em tese deveria servir a população (o que também na prática não funciona), mas entendem que tudo aquilo é deles e para eles.

Sendo assim, quando qualquer pessoa defende que "o governo deveria distribuir casas", "o governo deveria fornecer bolsas de todo tipo", "o governo deveria obrigar os restaurantes a diminuir os preços para pessoas carentes", "o governo deveria... deveria... deveria...", em cada "deveria" a população pede para entregar mais e mais poder ao Estado e pede (ainda que não saiba) por um ambiente mais corrupto.

Mas e o povo... o povo também não é corrupto ???

Falarei disso na parte 3, a última sobre este tema.

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