Estamos vivendo a era do Big Data. Isso é tão fato que já é clichê fazer essa afirmação.
A quantidade absurda de dados está em toda parte, fora aqueles dispositivos on-line habitualmente utilizados no dia-a-dia como desktops e notebooks de tarefas profissionais, ainda são bilhões de outros dispositivos móveis conectados tais como tablets, smartphones, smart tvs, smartwatchs e até eletrodomésticos.
Todos eles usados por bilhões de pessoas, para as mais diversas finalidades e de diversas formas distintas gerando uma quantidade absurda de informação, um oceano de dados.
Ok, isso também é evidente e não foge do clichê.
O que posso fazer nesse texto pra tentar sair do óbvio ou pelo menos trazer uma outra reflexão sobre tudo isso, é entrar na questão sobre… O que fazer com esse volume absurdo de dados ???
Bem, embora esse também seja um assunto em que vários profissionais que estão ligados de alguma forma a tecnologia tem se dedicado, gerado conteúdo e evoluído no conteúdo útil a ser extraído dos dados, uma análise de dados específica me chamou a atenção nos últimos dias.Me refiro a análise do estatístico brasileiro Aroldo Maciel Máximo dos Santos sobre possíveis eventos futuros de terremotos.
Embora para grande parte dos brasileiros, Aroldo seja um desconhecido, ele tem adquirido fama no Chile e a causa disso é que ele tem conseguido fazer previsões úteis sobre datas futuras de terremotos, nada de adivinhações mas sim padrões estatísticos.
Segundo reportagem da Folha ( link no final do texto), Aroldo imprimiu relatórios de eventos que ocorreram em um intervalo de dez anos, muitos e muitos eventos sísmicos, passou então a analisar os de maior intensidade.Ainda na mesma reportagem, é citado que muitos acadêmicos da área de geologia fazem duras críticas ao estatístico pelo fato de ele não ter formação específica na área, algo que segundo ele pode ter sido decisivamente positivo para encontrar um padrão nos tremores, visto que assim, segundo o próprio Aroldo, ele acabou por buscar padrões além de apenas fenômenos naturais aleatórios de placas tectônicas que se movem. Resumindo, traçou outra estratégia, pensou fora da caixa e foi além da informação óbvia.
Ao que parece ainda, ele não se isenta de colocar sua afirmação quanto a possíveis padrões dos tremores para ser examinada pela comunidade acadêmica e deste ponto de vista, buscar reconhecer padrões pode talvez auxiliar a ciência geológica e não atrapalhar como alguns parecem querer afirmar.
A questão acadêmica no entanto é um assunto a parte, o mais interessante para o propósito desse texto é que Aroldo Maciel parece ter a essência e as características imprescindíveis de um legítimo cientistas de dados. Mesmo que talvez ele não atue com desenvolvimento de algoritmos complexos de Machine Learning ou Deep Learning, a essência está lá.Muito além de apenas criar bons algoritmos e bons códigos, o desafio dessa profissão está em encontrar os melhores padrões, aqueles mais úteis, aqueles que de fato podem mudar a realidade das pessoas, de diagnósticos médicos cada vez mais precisos até comportamentos de consumo, isso é só o início de algo que potencialmente vai ir além do que conseguimos imaginar hoje.
Ao examinar com cuidado uma grande quantidade de eventos sísmicos passados e selecionar aqueles mais intensos, Aroldo fez uma cuidadosa mineração de dados e a partir disso buscou reconhecer padrões entre aquela classificação específica de abalos/terremotos.Diante disso, me permito ir um pouco mais além ( ciente de que a tese de padrões nos abalos sísmicos deverá corretamente passar pelo exame de especialistas e ser mais aprofundada).
Se através da análise de dados, é possível encontrar padrões úteis nos comportamentos da natureza que aparentemente são caóticos, me pego pensando no que poderíamos evoluir sobre a questão da utilidade dos dados extraídos da enorme quantidade de informação que geramos diariamente ?
Onde podemos chegar ? Quais outros “comportamentos” naturais poderíamos prever ?
Certamente, o trabalho de Aroldo é inspirador para quem tem estudado a ciência de dados, aprendizagem de máquinas, IA e afins.Trabalhos e descoberta de padrões como esses, nos revelam que estamos apenas no começo do potencial que os dados podem nos proporcionar e isso é motivador. Mentes inquietas estarão sempre a procura da próxima novidade, escondida no mar de informações disponíveis a todo instante.
Fonte: Reportagem Folha sobre Aroldo Maciel — caçador de terremotos.
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