Baseada no livro Thirteen Reasons Why (escrito por Jay Asher e lançado em 2007), a versão televisiva do livro foi adaptada por Brian Yorker para o canal de streaming Netflix... E o resultado foi um dos shows mais assistidos e repercutidos - dentro e fora da mídia - no ano de 2017.
Mas de onde será que veio tanto sucesso? Será que a série é tão boa assim para merecer todo esse hype? Bom, eu fico dividido porque para mim... A série tem muitos altos e baixos.
A história gira em torno de Hannah, um jovem que comete suicídio após uma sequência de eventos que desencadeiam um espiral depressivo em sua vida. Mas antes de decidir se matar, ela deixa uma caixa contendo 13 fitas cassetes gravadas por ela, onde cada fita representa um motivo bem específico que se personifica para o telespectador na forma de alunos da escola onde ela estuda que - direta ou indiretamente - foram responsáveis para que ela chegasse a uma decisão tão extrema.
Inicialmente programa para ser um longa metragem protagonizado pela cantora Selena Gomez, a história foi reescrita para ser lançada em forma de seriado (onde a própria cantora é uma das produtoras e também participa da trilha sonora)... E esse foi um dos grandes acertos dos produtores (que a dividiram em 13 episódios, afinal... eles não poderiam perder a oportunidade de fazer uma propaganda, né?) porque a história precisaria de mais do que 90 ou 120 minutos para ser desenvolvida da maneira correta.
O roteiro dos episódios - embora procure sempre ser bem cuidadoso e tentar abordar o máximo de história possíveis - oscilam bastante entre momentos muito relevantes (que é onde a série mostra todo o seu poder de alerta para todos os problemas que nela são abordados, dentre os principais: bullying, estupro e suicídio) e outros bem descartáveis e relativamente fúteis (onde a mesma é enfraquecida de uma forma que causa um certo desencorajamento em continuar a assisti-la... por exemplo: o fraco desenvolvimento de alguns personagens centrais para manter a trama interessante).
É uma série de extremos, que não procura balancear as coisas de uma maneira satisfatória... Então, ou as coisas estão muito interessantes (e quando isso acontece, você não consegue desgrudar os olhos da tela porque existem momentos realmente muito impactantes, e certamente, um deles é o suicídio da jovem protagonista que é mostrado com uma riqueza mórbida de detalhes... bem como as cenas que acontecem logo em seguida) ou muito desinteressantes (muito "blá, blá, blá" ou piadas sem graça que não chegam a lugar algum... e isso vale para a direção dos episódios que hora é bem firme e hora é bem frouxa, quase que desleixada).
Mas o que faz da série algo interessante de ser assistido afinal?
Bom, além da história em si, que por sua incontestável relevância social (principalmente para sociedade que nós temos nos dias atuais) se faz um material necessário na TV (e cabe aqui ressaltar que os roteiristas conseguem - quando acertam - conduzir os acontecimentos de uma maneira bem interessante)... Uma boa parte do jovem e carismático elenco - destaque para a dupla Katherine Langford e Dylan Minnette - desponta como boas surpresas para que a história ganhe a veracidade e o gás necessário para chegar onde precisa.
Outros aspectos que conseguem elevar o interesse pela série são a edição, que opta por um caminho não muito óbvio para apresentar vários dos momentos mais importantes da série e a trilha sonora que se expressa de forma bem pontual para criar ótimos momentos no decorrer dos episódios.
De forma geral, 13 Reasons Why é uma série com uma produção muito bem realizada e que vale à pena ser assistida (por sinal, a segunda temporada chegará ainda esse ano, novamente pela Netflix)... No entanto, não consegue entregar uma execução tão bem planejada quanto deveria (e poderia, considerando todos os arcos dramáticos inseridos na história).
Mas, ao final de tudo, ela consegue cumprir com o seu objetivo principal: despertar o interesse dos jovens para vários problemas possivelmente vivenciados por eles (ou por seus amigos) e chamar a atenção da sociedade (principalmente das autoridades em suas mais diversas instâncias) na busca por uma maneira evitar que os mesmos aconteçam, ou que se já estejam acontecendo, que haja uma maneira de solucioná-los.