[Série de TV] "The Handmaid's Tale" (Primeira Temporada - 2017): O impacto da realidade em um mundo distópico.

in pt •  7 years ago  (edited)

Fonte: Divulgação (Share TV)

Baseado no livro "O Conto da Aia" (escrito por Margaret Atwood e lançado no ano de 1985), "The Handmaid's Tale" é uma série do canal Hulu (o primeiro canal que oferece o serviço de streaming a conseguir levar um Emmy para a estante justamente por causa dessa série) criada por Bruce Miller, que apresenta um cenário extremamente impactante e assustador acerca do que os abusos e a psicose religiosa podem causar em uma sociedade.

Fonte: Divulgação (Saraiva)

A trama é centrada nos acontecimentos dentro de uma república fictícia chamada "Gilead", que só pôde ganhar vida depois que um atentado terrorista ceifa a vida do Presidente dos Estados Unidos e de grande parte dos outros políticos eleitos. A república foi criada depois que uma facção religiosa (algo mais puxado para o regime católico) assume o poder com o objetivo de restaurar a paz. O regime do local segue a linha "mãos-de-ferro", sendo majoritariamente totalitário e tendo como base as leis do antigo testamento (retirando os direitos das minorias e das mulheres em especial).

De forma mais específica, a série acompanha a trajetória da personagem June, uma handmaid chamada Offred (tradução de handmaid: mulheres cujo o único e mais significante objetivo final é procriar para garantir a perpetuação os integrantes da sociedade que compõe a república) que é enviada para a casa de um dos comandantes com a patente mais alta e mais influente da república para que ela possa gerar o filho dele e da esposa. No entanto, a relação de "patrão x empregada" sai dos trilhos e não corre como o que é estabelecido / previsto pelo sistema.

Fonte: Divulgação (Bustle)

Uma sociedade distópica composta por profundas camadas de uma realidade já existente é um dos grandes trunfos do roteiro dessa série. Apenas para citar alguns exemplos do que é retratado ao longos dos dez episódios que compõe a primeira temporada: fanatismo religioso, machismo, cultura do estupro, submissão, mutilação genital, jogos políticos, homossexualismo, traição, sistemas corruptos, prostituição dentre vários outros exemplos.

Não há como negar que a série é muito indigesta (onde praticamente não há alívios cômicos, já que as cenas com esse teor são bem escassas), então fica evidente que ela não é o tipo de programa a ser assistido por todos os públicos. Existem realmente cenas impactantes (aquelas que você precisa de um tempo para respirar, sabe?) capazes de deixar muitos telespectadores de queixo caído.

Entretanto, apesar da carga dramática e pessimista que está impregnada em todos os episódios (em alguns mais... em outros menos), há uma maestria na criação, apresentação e na condução dos acontecimentos / personagens que dão vida a essa trama, que poucas vezes fora visto em uma série de TV advinda de um canal alternativo (um status que logo não será mais atribuído ao Hulu, porque ele está ganhando cada vez mais popularidade).

Fonte: Divulgação (Daily Mail)

O elenco é um show à parte, mas eu preciso destacar três personagens: Elisabeth Moss (June) alterna as expressões de sua personagem - indo do choro ao riso - como quem troca de roupa sem fazer o menor esforço sequer (um trabalho hábil, pontual e de uma excelência incrível), Yvonne Strahovski (Serena Joy Waterford) tem uma presença muito marcante na pele de uma personagem psicologicamente sofrida, desgastada, manipuladora e Joseph Finnes (Comandante Fred Waterford), que vive um personagem enigmático, sombrio e controlador.

Fonte: Divulgação (Twitter)

Todo esse espetáculo em forma de episódios de 45/50 minutos (cada) é dirigido de forma muito competente e visceral ao relatar tanta veracidade em um mundo ficcional. Além da firmeza nas direções de cada episódio, há um olhar muito técnico sobre os ângulos de muitas cenas (algo que oferece ao telespectador uma visão nova e mais imersiva sobre o que está sendo mostrado).

O trabalho de edição caprichado, a fotografia de qualidade associada a uma paleta de cores densa que marca o expressionismo do local e uma trilha sonora muito bem composta fazem de "The Handmaid's Tale" é uma série com um alto nível de produção (uma jóia rara no meio de tantos shows vazios que são produzidos e por algum motivo "mágico" ganham fama e fãs em todo o mundo) e de uma relevância altamente necessária para os tempos atuais.

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Recomendação máxima... Vale à pena cada episódio, meus amigos! Ah, e a segunda temporada estreia no dia 25 de Abril. ;)

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Great post 👌

Eu tinha ouvido falar da série, mas só fiz arquivar e deixar reservada, estou com muitas séries para assistir. Hahaha

Se você resolver assistir essa série, garanto que não irá se arrepender... Haha!

Eu vou assistir sim.