O projeto de extensão “Roça de Conversa Sobre Blockchain e Novas Economias” nasceu mesmo foi de uma necessidade pessoal de falar com pessoas sobre as possibilidades criadas com essa tecnologia disruptiva (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia_disruptiva). E ponto final. Esse memorial poderia até se encerrar por aqui. Mas eu revelo também a intenção subjetiva de criar um ambiente onde eu possa descobrir, desenvolver e utilizar as habilidades colaborativas que eu possuo para trabalhar em rede.
Faz mais de um ano venho acumulando aprendizados, conteúdos e conhecimentos que acesso através de interações na rede Prospera (http://www.prsp.me/), uma DAO (https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_aut%C3%B4noma_descentralizada) em que me integro e em que tive a oportunidade de participar da primeira edição (setembro a novembro 2018) do “Abundante - Programa de Aprendizes da Prospera” (http://www.prsp.me/comunidades/prosper-school/objeto/abundante-o-programa-de-aprendizes-da-prospera/detalhes/). Na ocasião, o programa foi conduzido pelo coiniciador da rede, Oswaldo Oliveira (★1964 - ✞ 2018) (https://www.facebook.com/oswaldooliveirao2) que, a despeito de cargos, formações ou titulações, é um alquimista de modelos organizacionais livres e autogeridos (https://projetodraft.com/a-jornada-de-oswaldo-oliveira-um-alquimista-de-modelos-organizacionais-livres-e-em-rede/). O objetivo proposto para os participantes do programa é “aprender a empreender, investir e trabalhar no paradigma da abundância” e, subjetivamente, se propõe uma experiência de auto-descoberta. Ou, em uma leitura pessoal e bem grosseira: é uma provocação para descobrir o que você é capaz de fazer, que é útil para a rede e que te íntegra nela. Um aprendizado que se fez valer não só para essa rede, mas em qualquer rede, independente da forma. E sendo a Prospera uma rede distribuída, em que se visa lucro e que tem propósito de colaboração e de criação de empreendimentos (objetos) dentro do paradigma da abundância, há de se questionar quem toma conta do dinheiro. Bem, aí é que entra a blockchain. Todo fluxo financeiro na Prospera se estabelece sobre dois parâmetros, estabelecidos na forma de um smart contract (https://pt.wikipedia.org/wiki/Contrato_inteligente) na blockchain da rede ethereum, que determinam a emissão e a distribuição dos criptoativos próprios da rede Prospera (o Prosper (https://medium.com/@LucasPortella/a-criptomoeda-brasileira-baseada-na-economia-colaborativa-o-prosper-a15cce5c2690), (cuja sigla é PRSP) entre as pessoas que trabalham na rede.
Não é minha pretensão explicar a Prospera agora. E não pretendo aprofundar em conceitos como DAO, criptoativos, smart contracts ou mesmo blockchain, que hoje são assuntos de vanguarda. E a experiência nesse ambiente, pode ser acessada por qualquer pessoa que estiver realmente disposta. Apenas compartilho minha percepção de que todo conhecimento em criação nesse ambiente (e em mais ambientes conectados a eses) exerce um papel pioneiro, desenvolvendo técnicas, ideias e conceitos novos e avançados que trarão novas formas de fazer as coisas que precisamos para sobreviver e evoluir quando estamos em rede.
Toda a minha compreensão (ainda bem limitada) sobre a blockchain e novas economias se iniciaram com vivências (quase que diárias) na Prospera. E são percepções difíceis de serem alcançadas, pois exigem, primeiro, que a minha compreensão prévia do mundo para o qual somos preparados seja desprogramada; para, aí sim, utilizar as lentes da abundância para enxergar o campo de possibilidades, onde as oportunidades de disrupção vão estar. Compreendi que estamos programados pela visão da escassez, por isso a economia funciona como funciona. Se acreditamos que os recursos são escassos, nós economizamos, fazemos estoque e tiramos eles de circulação. O contrário disso partiria da visão de que os recursos não são escassos e que, se forem colocados em fluxo, serão criadas novas formas para acessá-los quando houver necessidade, fazendo emergir novos modelos de negócios, profissões, formas de organização produtiva e, ainda, novas lógicas para as relações entre as pessoas. A quantidade e a velocidade em que as transações acontecem em um cenário deste é muito maior. E tendem a aumentar de forma exponencial. E foi aí que a blockchain se apresentou como solução. Viabilizando um sistema seguro de validação e manutenção da integridade dos registros referentes a essas transações. Com isso, a confiança se introduz no sistema, eximindo-o da necessidade de agentes de confiança que operam de forma cara e centralizadora. E, acredite, isso é algo que desejamos muito e que pode reescrever muitas das regras com as quais estamos acostumados a jogar na vida.
Nesse momento, como o aprendizado que tive até aqui, o tema blockchain ressoa nas minhas ideias da seguinte forma:
Estamos diante de uma possibilidade real de criar elementos que podem compor um futuro mais desejável. Há permissão de pensar fora da caixa, em formas disruptivas de criar valor, trabalhar e de fazer negócios. E, diante de novas tecnologias, diversos comportamentos enraizados no mercado e na economia deixarão de fazer sentido. Surgem novas formas de remuneração, que podem garantir a sobrevivência das pessoas e que dão espaço a um comprometimento profissional não convencional, gerado naturalmente em experiências engajadoras. E a tecnologia blockchain viabiliza meios para que a confiança esteja assegurada em projetos/empreendimentos descentralizados e/ou distribuídos. Sendo que essa é a pedra angular na expansão dessas novas economias.
Me propus a experienciar isso. E foi quando me dei conta de que, apesar da Prospera, ou suas redes conexas nas quais fui me conectando, e de todo estudo em temas relacionados, eu precisava trazer essa experiência para o lado de cá do monitor do computador. Vivo na cidade de Lavras (https://pt.wikipedia.org/wiki/Lavras), no sul de Minas Gerais e me formei e trabalho em uma Universidade Federal que temos aqui, a UFLA. Meu primeiro impulso me trouxe a ideia de fazer um doutorado relacionando Economia Colaborativa e Blockchain. Mas, tal como muito bem ilustrado no artigo “Audição para palestrante de inovação” (https://epocanegocios-globo-com.cdn.ampproject.org/c/s/epocanegocios.globo.com/amp/colunas/Dialogos-com-o-futuro/noticia/2018/04/audicao-para-palestrante-de-inovacao.html), percebi que não é na academia que a transição vai acontecer (ou mesmo em grandes empresas, instituições públicas, etc.). E a idéia do doutorado apodreceu com o amadurecimento. Não era essa a experiência que eu queria viver. Um doutorado seria uma forma limitada, pois era só pra mim e, nesse processo, eu estaria concentrando o aprendizado. Então, de volta ao campo de possibilidades, comecei a buscar situações em que eu pudesse me testar em relação aos aprendizados e, de forma bem consciente, fui me colocando em um processo contínuo de produzir de efeitos para validar ideias.
Em janeiro de 2018, diante de uma crise de gestão interna, propus na Associação dos Esportistas de Lavras e Região (ASDELA) (http://asdela.org), onde sou voluntário, que fizéssemos um laboratório, com a distribuição na gestão. Fizemos algumas atividades inspiradas em aprendizados que eu trouxe do programa Abundante, para que todos pudessem compreender melhor alguns conceitos. E, em poucos meses, essa experiência trouxe para nós: o empoderamento de pessoas que estavam às margens dos trabalhos; um senso mais apurada de responsabilidades individuais; uma sensibilidade mais coletivizada em relação às necessidades da associação e; uma percepção de colaboração bem distinta da que compartilhavamos antes. E essas não são percepções só minhas, são aspectos percebido de forma geral pelos integrantes e por alguns stakeholders. Por outro lado, alguns que não conseguiram compreender a necessidade de se sincronizar acabam atrapalhando alguns processos, por centralizar em si alguns trabalhos. Independentemente disso, posso afirmar que temos um paradigma novo, e que a descentralização tem sido a lógica usada para sincronizar, inclusive, os trabalhos na ASDELA com o esporte da cidade. E olhando com essas lentes, temos percebido também que há muita potência colaborativa no empreendedorismo esportivo. É um ambiente se parece, em muitos aspectos, com o das indústrias criativas (http://www.scielo.br/pdf/rae/v49n1/v49n1a03.pdf), com muito que pode ser trabalhado. E, como organização sem fins lucrativos, hoje na ASDELA tentamos imaginar o que podemos fazer localmente para o esporte evoluir de forma colaborativa na cidade. E por que não? Me permito imaginar, inclusive, como seria o uso de smart contracts ou de um criptoativos com o esporte local.
A ideia de iniciar uma roda de conversa para falar de blockchain aqui em Lavras, foi inspirada em trabalhos de rodas de conversa divulgadas na rede Prospera. Os assuntos, nesses casos, eram derivados do tema “criptomoedas”, e saquei uma motivação inclusiva, ou seja, um trabalho que tinha a intenção de conectar as pessoas com a compreensão do universo das criptomoedas. Legal que uma roda de conversas permite que os assuntos se desenvolvam de forma não centralizada, reproduzindo de certa forma, a arquitetura Blockchain. Não tem ninguém no centro de uma roda de conversa. E eu, aqui na roça, aproveitei o modelo desses trabalhos para atender minha necessidade de me conectar com pessoas, além dos ambientes virtuais. Porque, mesmo conectado com gente do mundo todo, em grupos e vídeo conferências, para falar sobre a revolução blockchain, sempre tive que lidar com o fato de que, em Lavras, eu estava geograficamente isolado. E isso limitava minhas intenções de criar e compartilhar aprendizados. Sempre compreendi um processo meu nessa experiência, e compartilho sempre com muito entusiasmo quando tenho oportunidade, até tentando fazer uma ponte para algumas pessoas. Mas não insisto e nem tento convencer pessoas a se integrarem na Prospera, ou em qualquer rede em que eu interajo. Entendo que a pessoa chega, se quiser. Inclusive, só por curiosidade, ontem, quando eu estava concluindo esse texto, uma pessoa de Lavras solicitou participar do grupo da Prospera no Facebook (https://www.facebook.com/groups/149802992365103/). Hoje eu já não sou mais a única pessoa na cidade conectada a prospera.
Por outro lado, a iniciativa veio exatamente quando percebi aqui, a necessidade de compreender um pouco mais desse universo. E a motivação surgiu em um grupo de whatsapp que conecta pessoas com perfil empreendedor da cidade. Nós, nesse grupo, somos o Vale dos Ipês (http://valedosipes.org/), um ecossistema de empreendedorismo e inovação local. Ou, de forma simples, uma rede de pessoas com intenções empreendedoras. Nesse ambiente o termo Blockchain começou a ressoar com mais frequência depois da Campus Party (http://brasil.campus-party.org/) em São Paulo no começo desse ano, que contou com a presença de Don Tapscott (https://pt.wikipedia.org/wiki/Don_Tapscott) - autor do livro Blockchain Revolution (http://blockchain-revolution.com/) - na palestra magna. A todo tempo que o assunto emerge no grupo, se gera interação e muita curiosidade, porém com o entendimento é sempre muito associado (e limitado) ao Bitcoin (https://bitcoin.org/). Então percebi que minha bagagem que poderia ser útil para algumas pessoas mais curiosas e, ao mesmo tempo, eu construiria a oportunidade de me conectar e compartilhar experiências fora dos ambientes virtuais. Só dependia da minha iniciativa.
Então, rolou o primeiro chamado para a Roda de Conversa Sobre Blockchain em Lavras no dia 13 de março, mais de uma semana antes da data do encontro, que foi marcada para o dia 22 seguinte. Inspirado por dicas (muito boas) que busquei no ambiente da Prospera, não tive a intenção de antecipar as coisas, me preparei apenas para fazer um relato da minha experiência pessoal até ali. Fiz a divulgação do encontro sem muita pretensão, de forma aberta, principalmente em grupos nas redes sociais. Além disso, enviei um convite para pessoas que, penso que podem se interessar e depois, apenas reforcei o chamado algumas vezes nos grupos das redes sociais até o dia da roda. A forma despretensiosa de comunicar teve a intenção de validar o interesse nas pessoas com quem, de alguma forma, me conecto. O retorno seria o mais espontâneo possível. E então, utilizando a sala onde a ASDELA tem sua sede, fomos 4 pessoas nesse primeiro encontro. E depois, quinzenalmente, às quintas feiras, realizamos mais 4 “rodadas”. A partir do segundo encontro, começou a chamar RoÇa de Conversa sobre Blockchain e Novas Economias. E todos que se achegam, se introduzem contando a história e a intenção de estar ali. Fiz um grupo no Facebook para servir necessidades como a de um ponto de conexão, de ambiente de interação e para compartilhamento e repositório de conteúdos. Meu papel tem sido, além de fazer os chamados, dar um norte para a conversa. E para fazer isso, tento perceber algum tema que “rendeu” na conversa anterior, e divulgo algum texto ou vídeo prévio (provocativo) junto com o chamado para cada próximo encontro. Todas as experiências na roda, até aqui, foram extremamente enriquecedoras e, em todas as ocasiões, fui capaz de perceber o valor da atividade para as todos que participavam. Recebi feedbacks positivos até de pessoas que não estiveram presentes, em função da ressonância da interação. No último encontro (antes de finalizar esse artigo) apenas eu e mais uma pessoa comparecemos e ainda assim, foi rico ao ponto de me motivar a pensar em melhorias na forma de continuar este trabalho.
Na Universidade Federal de Lavras (UFLA) (http://www.ufla.br/portal/), onde sou concursado para um cargo técnico administrativo, tenho a possibilidade de cadastrar projetos de extensão universitária. Depois de refletir um pouco, percebi que se a ação da Roça de Conversa fosse registrada como uma atividade de extensão junto à universidade, o campo de possibilidades seria maior. E diante da possibilidade de empreender nessa nova forma, estruturei a ideia na forma de um (des)projeto que pode ser reproduzido por qualquer pessoa que tiver a intenção, fazendo dele, ao mesmo tempo, um objeto (http://www.prsp.me/objetos/) para a rede Prospera (minha primeira objetivação). No fim, essa forma institucionalizada não compromete a intenção inicial e torna possível “certificar” essa experiência, tanto para mim, quanto para os demais participantes. Também possibilita o acesso a recursos e infraestrutura disponíveis na universidade, potencializando a divulgação do projeto e a realização de atividades e eventos. Por fim, viabiliza parcerias com mais instituições, possibilitando nos conectar, por exemplo, a outras universidades, ao SEBRAE (http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae) e até ao Blockchain Research Institute Brasil (http://www.bribrasil.com.br/).
Este memorial faz parte de toda e experiência. Ao mesmo tempo: ele cumpre os papéis de relatar e registrar a evolução de todo o processo de criação; também anuncia a nova forma para a nossa Roça de Conversa aqui em Lavras; e, ainda, está sendo minha primeira postagem na plataforma Steemit (https://steemit.com) (uma rede social de blogs baseada na tecnologia blockchain). O (des)projeto será aberto ao público e pode ser acessado aqui (https://docs.google.com/document/d/1_1dG2b5wuEnQSpYh-M-c7bHXrPg1bybfz15DaOj4arI/edit?usp=sharing) a qualquer tempo; sendo que qualquer pessoa pode opinar e contribuir através de comentários diretamente no documento, ou nas interações durante os encontros. A única regra que não poderá ser mudada é que o (des)projeto deve ser sempre orgânico e livre para evoluir. E, para concluir, gostaria de registrar que percebo minha vulnerabilidade em todo esse processo. Primeiro, não estou me colocando como autoridade, nem sobre o projeto, e nem sobre o conhecimento em blockchain e novas economias. A minha maior motivação é minha inclinação instintiva e espontânea à colaboração e ao voluntariado. Percebo isso como sendo algo da minha natureza e que se manifesta na minha inquietação para idealizar e criar coisas que, em geral, não são só pra mim. Mas como toda ação humana tem um fundo egoísta, devo reconhecer e acolher em mim a pretensão de usar todo esse aprendizado para me empreender em rede.
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