Somos todos sensíveis à beleza - e os feios sofrem com isso

Homens ou mulheres, independentemente de nossas características, somos todos sensíveis à beleza. Estamos 'biologicamente programados' para reconhecê-la e apreciá-la. Beleza de boneca - Scientific American

 

A beleza é uma experiência, um processo cognitivo ou mental, ou ainda, espiritual, relacionada à percepção de elementos que agradam de forma singular aquele que a experimenta. Suas formas são inúmeras, e a ciência ainda tenta dar uma explicação para o processo. O conceito é humano, mas suas expressões são próprias da natureza, pois em parte está assentado sobre diretrizes biológicas que são ativas em inúmeras espécies superiores de seres vivos, como por exemplo, as aves e os mamíferos. Através deste aspecto, a beleza pode ser compreendida como elemento importante no processo evolutivo das espécies em questão.
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As pessoas atraentes tem mais sucesso? Alguns estudiosos não têm nenhuma dúvida de que a resposta é afirmativa, e defendem políticas de inclusão para os menos favorecidos esteticamente.

O economista e professor da Universidade de Londres Daniel Selim Hamermesh, autor do livro O Valor da Beleza, analisou o tema a partir de bases econômicas, e sustenta que a sociedade favorece os belos, proporcionando-lhes benefícios surpreendentes e inegáveis em diversos aspectos da vida.

Para Hamermesh, os feios são tão merecedores de proteção do governo quanto outros grupos, como deficientes, mulheres e minorias religiosas. Leia uma entrevista por ocasião do lançamento de seu livro, onde ele responde a questões sobre a universalidade da beleza e o impacto de ser bonito ou feio no mercado de trabalho. De acordo com as estimativas do autor para os Estados Unidos, a má aparência pode gerar uma desvantagem em termos de ganhos de 230 mil dólares (algo hoje em torno de R$ 737 mil) ao longo da vida quando em comparação com os ganhos de um trabalhador de ótima aparência.

Concorda com ele a professora Catherine Hakim, da London School of Economics and Political Science, autora de Capital Erótico ("Pessoas atraentes são mais bem-sucedidas. A ciência garante."): as pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Canadá demonstram claramente que homens atraentes (quer dizer, com mais capital erótico) ganham entre 14% e 27% mais que os homens não atraentes – considerando que tudo o mais entre eles seja equivalente. Para as mulheres, a diferença varia entre 12% e 20%. “É uma coisa tremenda”, disse ela à revista Época. “Como fator absoluto, apenas a inteligência, medida por testes de Q.I., tem uma influência tão direta na renda.”

Já na Argentina, o escritor Gonzalo Otálora gerou polêmica ao defender a cobrança de impostos das pessoas consideradas lindas para compensar o "sofrimento" dos mais feios.

Otálora é autor do livro Feio ("Feo"): "Quem disse que a beleza é subjetiva, que o amor é cego, que o de dentro é o que importa?", questiona. À BBC, Otálora contou que sua história "é a de um garoto que usava óculos e aparelho nos dentes, que era alvo de deboche dos colegas de escola e rejeitado pelas meninas nas festas. Tempos depois, quando procurava emprego, sentia-se tão feio e inseguro que não conseguia nada". Otálora apresentou seu projeto de cobrança de imposto dos belos ao então presidente da Argentina argumentando "ser um paliativo, porque neste país, onde se diz que as mulheres argentinas são as mais lindas do mundo, um garoto feio ou que se sinta feio está de algum modo condenado a ser infeliz".

Nascida na Itália, a Associação Mundial de Pessoas Feias ("Club dei Brutti") se dedica a lutar pelo reconhecimento de pessoas feias, "em uma sociedade que coloca um alto valor na beleza física". O lema do grupo é "Uma pessoa é o que ela é, não o que ela aparenta". A associação tenta tornar a sociedade mais consciente dos problemas das pessoas feias. Também ajuda as pessoas a superar suas fobias e, em alguns casos, a encontrar parceiros.

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